Atlético
None

COLUNA DO JAECI

Quem tem gordura pode queimá-la

postado em 15/09/2014 14:00 / atualizado em 15/09/2014 08:52

Jaeci Carvalho /Estado de Minas

O Cruzeiro perdeu para o São Paulo. Como diz nosso editor, Cláudio Arreguy, um jogo “perdível”, já que a vantagem azul continua grande, de quatro pontos sobre o segundo colocado, o próprio tricolor paulista, e nove em cima do terceiro, o Internacional. Quem acumula gordura tem esse privilégio. Vejam que em 21 rodadas a equipe celeste perdeu apenas três vezes, o que mostra sua competência. Mas uma coisa é fato: não consegue vencer os são-paulinos, de quem é velho freguês. Não sei se entra com medo. Seus zagueiros cometem erros infantis, como Dedé no pênalti que originou o primeiro gol.

O São Paulo é antiga pedra no sapato, mas no ano passado, no Mineirão, o Cruzeiro também perdeu dos paulistas e mesmo assim acabou campeão com sobras. O time azul não vai ganhar todas, mas está a 27 pontos do título, ou seja, nove vitórias. Como o returno está no começo, vai chegar a essa marca com facilidade. E terá pela frente, em casa, os dois Atléticos: o paranaense na quarta-feira e o arquirrival no domingo.

Conversando ontem com amigos, eles lamentavam como o futebol brasileiro está em baixa. E me deram um exemplo: “Robinho não joga na Europa, é reserva, e não desenvolve bom futebol. Aqui, porém, é craque, com jogadas e gols geniais”. Eles têm razão. As defesas daqui são horríveis. Se o cara tiver um pouco de talento, deita e rola. Kaká, reserva do Real Madrid por dois anos, mal conseguiu jogar na volta ao Milan, mas é craque no São Paulo.

Tem muita coisa errada no nosso futebol. Vocês estão cansados de saber por que: técnicos ruins, jogadores mal preparados na base, dirigentes venais. Um amigo comentarista, ex-jogador, me disse: “Meu caro, com raríssimas exceções, diretores de futebol e presidentes de clubes estão viciados. Todos levam grana por fora nas transações de jogadores. Por isso não aceitei ser diretor. Um empresário quis me oferecer dinheiro e o coloquei para fora da sala. Aí, chamei o presidente e entreguei o cargo”.

Voltando ao Cruzeiro, não se preocupe, torcedor, o título é apenas questão de tempo. Acho até que vai pintar nova tríplice coroa. Depois de ganhar o Mineiro, vai ganhar o Brasileiro e a Copa do Brasil. Esperem e verão. E o que mais quero é ver uma final da Copa do Brasil entre Raposa e Galo. Como já escrevi algumas vezes, seria fantástico para o futebol que tem os dirigentes mais sérios do país, o Cruzeiro sobrando na turma e um Galo carente de jogadores de nível.

Ainda assim, o nível técnico no Brasil é tão ruim que o alvinegro, com grupo limitado, consegue brigar no grupo de cima. Ontem, por exemplo, jogou muito mais que o Grêmio, do limitado técnico Felipão. O torcedor atleticano, realista, sabe que não dá para chegar ao título, mas sonha em voltar à Libertadores. Acho que o caminho é apostar na Copa do Brasil. Não será fácil passar pelo Corinthians, mas é possível.

Aliás, vale lembrar que o único título de expressão de Levir Culpi é justamente a Copa do Brasil de 1996, com um Cruzeiro inferior ao Palmeiras. Quem sabe repete a dose agora com o Galo? Vejam que o Brasileiro há muito é deficitário, com público ruim, arbitragens péssimas e futebol de quinta categoria. Enquanto os Estados Unidos, sem tradição no futebol, conseguem média de público de 65 mil por jogo, em Seattle, a nossa não passa de 15 mil. Culpa de quem? Da falta de investimentos na base, de treinadores sérios e comprometidos com a inovação, da construção de arenas que privilegiam os ricos e afastam os pobres das arquibancadas.

Galo e Grêmio não saíram do primeiro 0 a 0 do returno. Ruim para os mineiros, longe do G4. Bom para os gaúchos, a um ponto da zona de classificação à Libertadores. O futebol brasileiro é pobre, medíocre, sem criatividade ou novidade. Por isso, resultados como o de ontem no Independência são comuns a cada rodada.

Tags: Coluna do Jaeci cruzeiroec atleticomg