Galo forte, vingador e campeão

Foi o título mais merecido da história do Galo. Duas vitórias incontestáveis sobre o maior rival, para o qual não perdeu este ano, e duas goleadas sobre Corinthians e Flamengo. O Atlético é o novo campeão da Copa do Brasil e deve muito a um técnico sério, competente e inteligente: Levir Culpi. Deve também a um grupo vencedor e a um jogador, que, aos 29 anos, dá show de qualidade, vontade e perseverança: Diego Tardelli. Ele fez ontem o seu primeiro gol na Copa do Brasil, mas não precisava fazer mais nenhum. Foi o gol mais importante, pois não deu a menor chance de reação ao Cruzeiro. Se num passado bem próximo, o Galo era um time que apenas competia, a história mudou. Ele disputa títulos e sabe como ganhá-los, como poucos. Ao Cruzeiro, restou comemorar o bi brasileiro de forma consecutiva e merecida, mas ficou o gosto amargo de não ter vencido o rival este ano, e ainda ter tido o desprazer de perder um título em sua casa, mais uma vez.

E se houve um vencedor ontem, só poderia ser mesmo o Atlético. Entrou com vontade de ganhar e perdeu as melhores chances do jogo. Do outro lado, Marcelo Oliveira, inseguro e que não sabe como ganhar do Atlético, escalou mal. Tirou o jovem e competente Lucas Silva para pôr em campo Nílton, lento e totalmente fora de ritmo. Pagou caro pelo medo e, pela terceira vez, perde a Copa do Brasil em casa. Havia perdido antes com o Coritiba, duas vezes. Provou aquilo que digo há anos: não sabe jogar competições mata-mata. E quase não chegou a esta fase, pois o ABC por pouco não eliminou o Cruzeiro. É um cara honesto, um técnico moderno, que joga para frente, mas especialista apenas em competições de pontos corridos. No mata-mata, onde é preciso saber escalar e mexer, é um fracasso. Se o torcedor azul quiser achar um culpado para a derrota, pode escolher o treinador. Não pelo jogo de ontem, mas pela dificuldade encontrada contra ABC e Santos. Chegar à final para o Cruzeiro foi lucro, pelo que não jogou na Copa do Brasil.

Este é um novo Atlético. Diferente daquele de Márcio Mexirica e cia. Um time forte, vencedor, de qualidade, e determinado. Mesmo com vários problemas de contusões, fez belíssimo papel no Brasileiro e sobrou na Copa do Brasil. Aliás, Levir Culpi também ganhou a competição em 1996 com o Cruzeiro, diante de um palmeiras, totalmente favorito. Este ano, não foi diferente. Venceu o favorito Corinthians, o fraco Flamengo, o péssimo Palmeiras e, finalmente, o forte Cruzeiro, melhor time do Brasil, mas que em competição eliminatória torna-se fraco e incompetente. Nem mesmo Éverton Ribeiro conseguiu alguma coisa. O Galo foi soberano do começo ao fim, não deu chances ao Cruzeiro, não permitiu qualquer reação. Fez 3 a 0 em dois jogos, mostrando que, no Independência ou Mineirão, como dizem os torcedores, “é Galo p....”

A Copa do Brasil vai enfeitar a galeria de troféus do Atlético. É bem verdade que por muito tempo a carência de títulos fez o torcedor sofrer, ficar chateado, sem esperança. Mas esse é um novo Atlético, um novo time, uma equipe vencedora, que entra nas competições e mostra cara, atitude, competência. O Galo de hoje tem Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Luan (foto) e Diego Tardelli. Precisa dizer mais? Um time vencedor, de qualidade, de verdade, de chegada, de títulos. O saudoso Roberto Drumond, autor da célebre frase: “Se houver uma camisa preta e branca no varal, o atleticano torce contra o vento!”, deve estar muito feliz lá em cima. Afinal de contas, o Galo ganhou do vento e do maior rival. E um título com essa característica não tem preço. Comemore, torcedor. Este é um novo Galo, em novo tempo, com nova história. Copa Libertadores, Recopa Sul-Americana e Copa do Brasil, em apenas dois anos. Precisa dizer mais? Parabéns, alvinegros. Vocês estão pela terceira vez consecutiva na Copa Libertadores, ganharam mais um título inédito, escreveram seu nome na história da Copa do Brasil. Ela é de vocês, de fato e de direito. Parabéns, Galo!