As férias acabaram. Os times brasileiros tiveram, pela primeira vez em sua história, um mês completo de pré-temporada, conforme prometeu a CBF. O Brasil continua mal das pernas. Os clubes com dívidas impagáveis, já que a presidente vetou o Refis em 20 anos para eles. Por competência, Atlético e Fluminense foram os únicos a conseguir o programa, antes do veto dela.
A pergunta que mais ouvi durante o período inativo foi a seguinte: quais a chances de Galo e Raposa na Copa Libertadores, e o que essas duas equipes farão na temporada? Claro que não tenho bola de cristal e não sou vidente, mas acredito que a dupla mineira, dona do melhor futebol no país em 2013 e 2014, vá fazer bonito como tem feito nos últimos tempos. Ambos têm time para tal.
Vejo preocupação nos cruzeirenses, pelo fato de o time ter sofrido um desmanche. Egídio, Lucas Silva, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart deram uma verdadeira fortuna ao clube. Foram vendidos por quantias expressivas. Marcelo Moreno foi embora, pois custava muita grana. Claro que a saída de cinco peças, quase meio time, pode complicar neste começo de temporada, mas eu diria que agora o Cruzeiro caiu para o nível do São Paulo, Internacional e Atlético, as equipes mais bem montadas do Brasil.
Antes, com os jogadores que saíram, estava alguns degraus acima dos citados. Portanto, torcedor azul, não é causa para desespero. O presidente Gilvan de Pinho Tavares conseguiu manter o grupo campeão em 2013 durante todo o ano passado. Era mais do que certo que ao fim de 2014, com mais uma conquista, o mercado viesse em busca desses valores. É verdade que Ribeiro e Goulart vão sumir do mapa, jogando nos Emirados Árabes e China, mas vão ficar ricos em pouco tempo. A proposta feita por eles era impossível de recusar.
O mesmo digo de Lucas Silva (foto), que, com apenas 100 jogos no Cruzeiro, e nenhuma convocação para a Seleção principal, custou ao Real Madrid 14 milhões de euros, uma grana preta. Fosse eu o presidente e teria vendido esses caras antes, mas Gilvan primou pela conquista de taças, e conseguiu dar dois títulos nacionais consecutivos ao clube. Mesmo se Ribeiro, Goulart, Lucas, Egídio e Moreno ficassem para a disputa da Libertadores, eu teria minhas dúvidas sobre a conquista. Eram jogadores altamente técnicos e provaram ser eficientes no campeonato de regularidade, pois nas copas foram um fiasco, assim como o comandante do time.
Talvez com os jogadores contratados, agora, o Cruzeiro se torne mais competitivo e ganhe a Libertadores, sonho maior da torcida, que quer o tri da competição. Não será fácil, pois River e Boca estão de volta. E com os argentinos em alta, será difícil para o futebol brasileiro.
E o Galo, que perdeu sua maior estrela, Diego Tardelli? O presidente Daniel Nepomuceno também fez o possível para mantê-lo, mas não havia como concorrer com a proposta chinesa de R$ 1,5 milhão mensais. Claro que Tardelli está abrindo mão da Seleção em seu melhor momento, mas, por um dinheiro desses, aos 31 anos, só mesmo se fosse louco para não aceitar. Vejo o Galo com time competitivo, qualidade e acho que fará bonito na temporada. Fico reticente quanto à Libertadores, pois o grupo dele é o mais difícil.
Porém, ao contrário de seu colega, Marcelo Oliveira, Levir Culpi sabe muito bem como ganhar competições mata-mata, e eu não duvidaria da competência dele, que, no momento, é o melhor técnico brasileiro. Inteligente, observador e conhecedor da matéria. E ele ganhou o grupo ao abolir a concentração, dando responsabilidade a cada jogador. Acho que por ora é isso. A bola vai rolar no Campeonato Mineiro e demais estaduais. Campeonatos falidos, que alguns tentam empurrar goela abaixo do torcedor. Para mim, como sempre escrevi, valem Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial. O resto é para inglês ver.