Atlético
None

COLUNA DO JAECI

De flor do campo a tiririca do brejo

Jamais imaginei ver os clubes brasileiros se reforçando com tantos atletas além das fronteiras. No passado, um ou outro era contratado

postado em 05/02/2015 11:00

O Atlético, que já tinha Dátolo, contratou o também argentino Lucas Pratto e o colombiano Cárdenas. O Cruzeiro buscou o uruguaio De Arrascaeta, o colombiano Riascos, os chilenos Mena e Seymour e o camaronês Joel. Sete jogadores de países vizinhos, à exceção do último. Algo inimaginável há algum tempo, em que fabricávamos excelentes jogadores. Hoje, como tudo no Brasil dos valores invertidos, não seria diferente no futebol. Os clubes, usurpados ao longo do tempo por dirigentes desonestos que dividem comissões com empresários, não formam mais ninguém de qualidade, com raríssimas exceções. No Alterosa no Ataque, que voltou na segunda-feira com força total, eu disse que formar volantes e centroavantes é obrigação das divisões de base, mas parece que os clubes brasileiros não se inspiram mais nisso.

Sabemos que o futebol dos demais países sul-americanos também está na lama. Entretanto, jogadores de lá são contratados a peso de ouro e ganhando muito. Pena perceber que o futebol brasileiro já não produz os craques que se encontravam em cada esquina. A culpa maior é do desprezo pelas categorias inferiores, comandadas por incompetentes, que nunca deram um chute na bola e privilegiam garotos altos sem talento, filhos indicados por alguém importante. Os pobres, baixos e talentosos são dispensados sob a alegação de que não têm espaço nos dias de hoje. O que dizer então de gênios como Romário, Zico, Reinaldo, Dirceu Lopes e tantos outros? Não teriam a menor chance.

Jamais imaginei ver os clubes brasileiros se reforçando com tantos atletas além das fronteiras. No passado, um ou outro era contratado. Lembro-me de Cincunegui, Ramires, Fischer, Doval, Mazurkiewicz, Perfumo, Pedro Rocha. Cada equipe podia ter dois estrangeiros atuando, mas a gente via um ou outro. Hoje esse limite subiu para cinco e vamos ver o Cruzeiro, por exemplo, com os cinco em campo, pois os contratados são superiores aos que lá já estavam. Já fomos os melhores do mundo nesse esporte inventado pelos ingleses. Hoje somos, talvez, a terceira ou quarta força da América do Sul, atrás da Argentina, vice-campeã mundial, Chile, Uruguai e Colômbia. Daí a explicação para buscar bons jogadores nos países vizinhos.

Levamos de sete da Alemanha, mas a torcida parece já ter esquecido. A Seleção Sub-20 vai mal no Sul-Americano. Aliás, gosto muito da pessoa de Alexandre Gallo, mas, desde que enveredou para a carreira de técnico, ele acumula fracassos. A equipe até pode conquistar vaga no Mundial, mas é uma das mais fracas que já vi. Talvez seja outra explicação para buscarmos destaques nos países vizinhos.

Anderson Silva

A se confirmar o doping do lutador Anderson Silva, acho que será o fim da linha para ele. Pena que um grande campeão termine a carreira de forma tão melancólica. O mundo saber que conquistou títulos, provavelmente, impulsionado por estimulantes é uma vergonha. Logo ele, que se tornou referência no MMA e ajudou a divulgar a modalidade no Brasil. Torço para que a contraprova dê negativo, mas é difícil. Depois de perder duas vezes para Chris Weidman, Anderson já estava na descendente. Arranjaram-lhe uma volta ao octógono depois da grave fratura na perna, contra adversário fraco e sem pretensões, que mais parecia um sparring. Saber parar é uma virtude do ser humano. Já que o filho lhe pediu, o lutador deveria atendê-lo e anunciar a aposentadoria.

Carnaval
Como em todos os anos, o carnaval leva os brasileiros a esquecer a corrupção e os outros problemas. As campanhas para o uso da camisinha virão a todo o vapor. E o Brasil continuará a ser o país da fantasia.

Tags: cruzeiroec atleticomg