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COLUNA DO JAECI

Imortalizado no gol contra a Itália; Galo brilha, Cruzeiro decepciona

O Capita era otimista e apaixonado pelo time canarinho. Não admitia que se falasse mal, embora tivesse sua opinião sempre firme e sincera

postado em 27/10/2016 12:00 / atualizado em 27/10/2016 08:55


Conheci o “Capita”, Carlos Alberto Torres, quando ele foi campeão brasileiro com o Flamengo, em 1983. Apaixonado pelo rubro-negro, eu estava formando na Universidade Gama Filho e vivia no Maracanã. Fui trabalhar na TV Globo, em Minas Gerais – primeiro em Juiz de Fora, onde trabalhei na geral por dois anos. Depois, na extinta TV Manchete, onde comandei o Manchete Esportiva, trabalhando com feras como os saudosos João Saldanha e Alberto Leo. Isso em 1986. Já em 1987, estava na Globo de BH, também com o saudoso Fernando Sasso, no Globo Esporte. Em 1998, eu já estava no Estado de Minas, quando o Capita era técnico do Galo. Aprofundamos nossa amizade e tínhamos um grande respeito e carinho um pelo outro.

Nós nos encontrávamos pelo mundo, como uma vez, em Londres, quando ele voltava do Azerbaidjão, onde era técnico. Estava com Alexandre Torres, seu filho, e batemos longo papo. Zico estava conosco, pois voltava do Japão, onde também trabalhava como técnico. Eu me deliciava com as histórias do Capita, sempre sorridente, mas firme, e com aquela voz de locutor de rádio. Voz firme, que nos convencia. O cara jogou com Pelé, foi capitão da Seleção no tri, beijou e ergueu a taça. E eu, simples mortal, ao seu lado, gozando de sua amizade, tendo o privilégio de ouvir suas histórias.

Depois disso, nos encontramos várias vezes. Algumas delas no Brasil mesmo. Ele sempre me dizia: “Jaeci, você que tem moral em BH, pode abrir as portas para eu voltar ao Atlético. Adoro aquela cidade e o clube. Fui feliz lá. Vivi grandes momentos”. Porém, essa não é a nossa função, indicar ou pedir por alguém. O tempo passou, mas ele nunca esqueceu de me pedir a mesma coisa. Bastava me encontrar para tocar no assunto. A última vez em que estivemos juntos foi em Toronto, no Canadá, quando ele foi convidado pela CBF para acompanhar a Seleção nos Estados Unidos. Jantamos juntos, ficamos no mesmo camarote, e conversamos sobre a Copa do Mundo. Aquela exibição deixou o Capita otimista, principalmente pelo fato de Willian ter jogado muito bem. O Capita era otimista e apaixonado pelo time canarinho. Não admitia que se falasse mal, embora tivesse sua opinião sempre firme e sincera.

Na terça-feira, aos 72 anos, ele nos deixou, vítima de um infarto fulminante. Uma pena que tenha ido tão cedo. Que eu não tenha tido tempo de encontrá-lo mais uma vez, e ter desfrutado de seus ensinamentos. Hoje se vive 90, 100 anos; sua morte foi prematura, ainda mais para um cara que sempre teve vigor físico e saúde de ferro. O maior lateral-direito que vi jogar, ao lado de Nelinho e Leandro. Por ter ganhado o Mundial e jogado no Santos, de Pelé, o Capita leva pequena vantagem. Lembro-me quando garoto, no Rio de Janeiro, das colunas sociais, em que ele e Terezinha Sodré, atriz, esbanjavam o amor que viviam. Eram tempos de ouro do futebol, com craques, com o amor pelos clubes, com a inocência de torcedores, que só de ver os ídolos de perto, já se sentiam orgulhosos.

É, Capita. Que Deus te receba de braços abertos e dê conforto à sua família. Você honrou o futebol brasileiro, ajudou a divulgá-lo para o mundo, e, com aquele gol antológico na Copa de 1970, aquele chutaço no 4 a 1, imortalizou sua imagem para o mundo. Você não morreu. Será eterno, pelo menos na minha memória, no meu coração. Obrigado Capita!


Galo brilha, Cruzeiro decepciona


A torcida do Atlético está em êxtase. O time alvinegro não tomou conhecimento do Internacional, venceu por 2 a 1, no Beira Rio, e praticamente garantiu vaga na final da Copa do Brasil. O Galo mostrou sua força, sua camisa e sua determinação. Ainda sonha com o título brasileiro, mas sabe que a Copa do Brasil pode levá-lo mais rapidamente à Copa Libertadores, embora como segundo ou terceiro colocado do Brasileirão também esteja garantido. Mas como a taça é mais difícil na competição que não ganha há 45 anos, conquista da Copa do Brasil pode fechar o ano com chave de ouro.

No Mineirão, o Cruzeiro frustrou sua gente, com derrota de 2 a 0 para o Grêmio e praticamente o fim do sonho de chegar à final e tentar o penta. Tudo indica que Atlético e Grêmio serão os finalistas. Tudo indica pelo que vimos ontem. O Cruzeiro realmente não mereceu a força de sua torcida. Era jogo para vencer, lavar a alma e mostrar toda a sua grandeza. Mas do outro lado havia um time também copeiro, que sabe como chegar à decisão. Uma noite terrível, como diria o grande narrador Alberto Rodrigues. Semana que vem tem mais emoção.

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