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COLUNA DO JAECI

Parabéns pra vocês, nesta data querida!

Kalil virou um símbolo, um mito, a ponto de ganhar a Prefeitura de BH sem jamais ter sido político. Derrubou o poder de partidos que se achavam os maiorais

postado em 25/03/2017 12:00

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Hoje é aniversário do Clube Atlético Mineiro, 109 anos. Quis o destino que Alexandre Kalil nascesse justamente no dia do níver do clube do seu coração, sua paixão. Os mais velhos e sábios dizem que seu pai, doutor Elias Kalil, foi o maior presidente da história do clube. Eu até concordo. Porém, o mais vencedor é o filho, Alexandre Kalil. Uma Copa Libertadores, uma Copa do Brasil, e uma Recopa Sul-Americana. Campeonatos estaduais eu não conto. Lembro-me de uma conversa que tive com Alexandre, como o chamo, há uns 10 anos. Ele me dizia: “Futebol é simples de fazer. Basta ter seriedade, achar as pessoas certas para os cargos e uma pitadinha de sorte”. Eu iria além: achar um dirigente com a grandeza dele. No Galo de Kalil não se comprava um sabonete sem que ele autorizasse. Claro que delegou poderes a sua fiel equipe, mas tudo passava por sua supervisão. Chegou a declarar que havia morrido para o Atlético, em uma época em que ficou magoado com a torcida. Porém, o amor falou mais alto e ele resolveu assumir aquilo que estava escrito (maktub, em árabe). Existe uma linha tênue entre o amor e o ódio, mas o caminho do bem prevaleceu e Alexandre Kalil voltou para se tornar uma espécie de “Messias” para a torcida alvinegra. É Deus no Céu e ele na terra.

Sua principal cartada foi a contratação de Ronaldinho Gaúcho, a maior estrela da companhia, que se tornou um dos maiores ídolos do clube e foi o principal responsável, em campo, pela campanha vitoriosa da Libertadores. R10 estava queimado no mercado. Saiu do Flamengo em litígio e ninguém o queria. Kalil pegou um avião, foi a Porto Alegre, olhou nos olhos dele e disse: “Garoto, você é milionário, conquistou o mundo, mas, se quiser continuar jogando bola, eu te levo para o Galo. Lá, você será feliz e vai recuperar seu prestígio.” O garoto chorou diante dele, arrumou uma pequena mala e embarcou no avião para cá. O resultado todos nós sabemos. Galo campeão depois de 42 anos de espera. Também apostou em Cuca, um técnico muito bem preparado, mas com síndrome de perdedor. E Cuca perdeu os seis primeiros jogos, pediu demissão, e Kalil não aceitou. Disse que confiava nele e que ele daria o maior título da história ao clube. Sorte de Kalil? Não. Visão. Ele sabia que Cuca era o cara para levar aquele time à grande conquista.

Ninguém é eterno, e Kalil, depois de cumprir dois mandatos, passou o bastão para o jovem Daniel Nepomuceno, que fora seu vice. Jovem, mas experiente no meio futebolístico. Nepomuceno manteve a diretoria. A genial Adriana Branco, os renomados juristas Sérgio Sette Câmara, Rodolfo Gropen e Lásaro Cunha. Esteve próximo dos títulos, mas ainda não os conquistou. Quem sabe nesta temporada? Alexandre Kalil virou um símbolo, um mito, a ponto de ganhar a Prefeitura de BH sem jamais ter sido político. Derrubou o poder de partidos que se achavam os maiorais. Seu discurso era o mesmo que teve no Galo. Prometeu apenas trabalho, cuidar do povo sofrido e oprimido e nada mais. Obras gigantescas, nem pensar. Kalil conhece a realidade da cidade e está fazendo um excelente governo, sem demagogia, sem alarde, sem pompas. Foi assim também no Galo. Trabalhava nos bastidores, brigava com a CBF e a afagava com a outra mão. Não me lembro de algum juiz ter roubado o Galo numa decisão. Isso se chama gestão, pulso firme, confiança naquilo que faz. Também me lembro quando um dia ele me disse: “Jaeci, a bola bate na trave num ano, no travessão no outro, e no terceiro ano, ela toca as redes”. Foi o que ocorreu. Ele teve a humildade de dizer que aprendera nos três primeiros anos de gestão, para vencer nos outros três. E assim o Galo resgatou sua origem, sua história e sua tradição. O choro compulsivo na conquista da Libertadores, na madrugada de 25 de julho de 2013, era uma lavada na alma dele e da torcida. Idolatrado, teve seu nome gritado várias vezes no Horto, estádio que transformou num caldeirão. O Galo era quase imbatível ali. O “chiqueirinho”, como muitos chamam, teve o cheiro de títulos. Mas não ficou só no cheiro, ganhou as taças. Hoje o Atlético comemora seus 109 anos. Uma história de grandeza. Não sou atleticano, todos sabem, mas reconheço o valor e a história de um clube que vai além dos gramados. A paixão, o amor do atleticano é algo incomparável, inigualável. Só mesmo quem é atleticano sabe disso. O “Messias” do Galo completa hoje 58 anos. O Atlético, 109 anos. Vida longa aos dois. Não há como negar que a história de um se confunde com a do outro. Kalil e Galo, uma combinação perfeita, prefeito! Que Deus abençoe os dois!

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