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COLUNA TIRO LIVRE

E daí que você reclama?

'Sabe as lamentações dos dirigentes, dos jogadores, dos técnicos e dos torcedores? A CBF dá de ombros'

postado em 04/09/2015 12:00 / atualizado em 04/09/2015 12:37

Ramon Lisboa/EM/D.A Press

Há menos de um mês, o atacante Emerson Sheik concedia entrevista na saída do campo, no intervalo de Vasco x Flamengo no Maracanã, pela Copa do Brasil, e, ao ser perguntado sobre o que o rubro-negro precisava fazer na etapa final, olhou fixamente para a câmera e disparou: “Primeiro, tem que arrumar esse juiz, que é uma m... É uma m.”. Poucos dias depois, foi a vez de o armador Diego Souza, do Sport, reclamar, insinuando favorecimento ao Flamengo, na Arena Pernambuco. “Não existe critério na arbitragem brasileira. Existe apitar com pressão e sem pressão. Aí o cara vem aqui e faz essa cag.. (expulsão de Samuel Xavier).” Vamos listar apenas esses dois jogadores, de fora de Minas, para mostrar que o que nos últimos dias se convencionou chamar de “chorôrô”, “mimimi” e afins é, na verdade, uma das grandes feridas do futebol brasileiro.

No regimento oficial da Fifa para o esporte bretão, a figura do árbitro aparece na regra 5, e logo em sua primeira atribuição está lá: fazer cumprir a regra do jogo. Simples, básico. O que haveria de complicado nisso para alguém que (supostamente) se prepara, faz cursos e, apesar de não ser profissional, recebe para exercer a função? Dele é cobrado apenas cumprir a regra. É exigir demais? Em alguns casos, infelizmente, sim.

No papel, é tudo muito claro. O problema é quando entra em campo a tal da interpretação, permitindo ao árbitro determinar o certo e o errado. Toda essa esperada simplicidade cai por terra. O que o dono do apito decidir tá decidido, acabou – isso também está no livro de regras da Fifa: o árbitro é a autoridade máxima dentro das quatro linhas, sua palavra é absoluta. Causando prejuízo a alguns e escancaradamente favorecendo outros, não importa. Não adianta espernear. Ele falou que é pênalti? Então é pênalti. E daí se meio mundo viu que não foi? Ele achou que a falta é passível de expulsão? Cartão vermelho sem discussão. As redes de TV podem usar a tecnologia que for para mostrar se um jogador estava impedido ou não, que será em vão. Se o árbitro “enxergar” que o jogador está adiantado, todos nós temos de aceitar que o sujeito estava em posição irregular. No fim das contas, essas são as reais regras do jogo.

Sabe as lamentações dos dirigentes, dos jogadores, dos técnicos e dos torcedores? A CBF dá de ombros. A Comissão de Arbitragem ainda diz que está tudo muito bom, tudo muito bem: “90% de acerto”. Durma-se com uma estatística dessa!

Já colocaram o Campeonato Brasileiro em xeque. Até a campanha do Corinthians, líder com sete pontos de vantagem, caiu em descrédito. Os méritos do alvinegro paulista acabarão sempre em segundo plano, tamanha a condescendência (vamos chamar assim, já que não há nenhuma prova de arranjo e seria no mínimo leviano afirmar que há armação) da arbitragem com a equipe.

Da 17ª rodada para cá, coincidentemente, as decisões dos árbitros pró-Corinthians foram proporcionais às marcações prejudiciais aos concorrentes do Timão na luta pelo título. Um pênalti não marcado para o São Paulo no clássico que terminou 1 a 1; um pênalti a favor do alvinegro nos últimos minutos da partida contra o Sport, garantindo o triunfo dos paulistas por 4 a 3 (em lance que não teve a mesma “interpretação” em partidas de outros times); um impedimento do Avaí, em gol mal anulado dos catarinenses, que passariam à frente no placar quando o duelo estava 1 a 1 (o confronto terminou com vitória do Corinthians por 2 a 1), e, por fim, o gol mal anulado do Fluminense, na noite de quarta-feira, que empataria a partida por 1 a 1 – de novo, os corintianos venceram, 2 a 0. Contra fatos, diz o ditado, não há argumentos.

É com um barulho desses que a Tiro Livre entra de férias e retorna em outubro, na esperança de notícias melhores.

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