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TIRO LIVRE

Haja (c)oração, amigo!

Um esforçozinho de memória nos lembra que em 2014 o roteiro também teve contornos dramáticos. Os dois chegaram à decisão de forma épica

postado em 21/10/2016 12:00 / atualizado em 21/10/2016 09:08

DIVULGAÇÃO / CBF
Dois anos depois de protagonizarem a histórica final da Copa do Brasil, na primeira vez em que o título do torneio foi decidido por equipes mineiras, Atlético e Cruzeiro estão diante da chance de novamente trazer os olhos do Brasil para BH. Neste ano, a passagem às semifinais foi sofrida para ambos, bem ao estilo “teste para cardíaco”. Foram necessários coração e oração fortes – mas nada que atleticanos e cruzeirenses já não estejam acostumados. E é bom que estejam mesmo, pois os últimos acontecimentos mostraram que os duelos contra os gaúchos Internacional e Grêmio, respectivamente, na luta pela presença na final, vão exigir nervos de aço. Além de mais reza brava.

Um esforçozinho de memória nos lembra que em 2014 o roteiro também teve contornos dramáticos. Os dois chegaram à decisão de forma épica. O Cruzeiro passou pelo Santos com um 3 a 3 sofrido na Vila Belmiro. Levou para a Baixada a vitória magra por 1 a 0, em casa. Logo no início do jogo, sofreu um gol. Depois, viu o árbitro marcar um polêmico pênalti. E ainda perdeu jogadores importantes durante a partida por contusão, como o zagueiro Dedé e o armador Éverton Ribeiro. A 10 minutos do fim do confronto, a vaga era do Peixe, então dirigido pelo atual comandante americano, Enderson Moreira. A equipe celeste aparentava não reunir mais forças para reagir quando o atacante Willian marcou o gol da classificação. Ele ainda fez o terceiro da Raposa nos acréscimos. “Foi coisa de Deus”, disse o então técnico celeste, Marcelo Oliveira.

Já o Galo despachou ninguém menos que o arquirrival Flamengo, aquele que estava “classificadaço”, segundo um narrador carioca, ao abrir o placar no Mineirão – o rubro-negro vencera o jogo de ida, no Maracanã, por 2 a 0. A alegria do narrador, do técnico Vanderlei Luxemburgo, dos jogadores e dos torcedores flamenguistas durou pouco. O Atlético não só empatou. E não só virou. O Atlético aplicou uma goleada retumbante no time do Rio, numa noite em que o baixinho Luan se agigantou, e o armador Dátolo saiu de campo como herói.

Foi assim, de moral elevadíssima, que os dois mineiros chegaram à final há dois anos. Na ocasião, o Cruzeiro caminhava para sacramentar seu segundo título brasileiro consecutivo com Marcelo. O Galo de Levir Culpi, por sua vez, vivia fase de ascensão no Nacional, com a entrada no G-4. Foi uma simbiose perfeita, que terminou com o alvinegro campeão do torneio mata-mata e a Raposa festejando seu quarto troféu de Brasileiro.

Desta vez, as circunstâncias são um pouco diferentes. E não é exagero dizer que os dois necessitam igualmente deste título da Copa do Brasil. Alguém aí pode até dizer que o ano ainda não terminou – são exatos 44 dias até a rodada derradeira do Campeonato Brasileiro, em 4 de dezembro. Mas é difícil imaginar que o Atlético seguirá na briga pelo título até lá, depois da vacilada capital no último fim de semana, noves fora as clamorosas falhas da arbitragem. E a reoxigenada que Mano Menezes deu ao Cruzeiro já surte efeito (a intensidade demonstrada contra o Corinthians provou isso), de modo que o fantasma do rebaixamento parece exorcizado de vez.

Por isso, os rivais podem voltar toda a sua concentração, energia e esforços para a Copa do Brasil. Porque se o que resta ao alvinegro for garantir vaga na Copa Libertadores, melhor que ela venha condecorada com a taça do torneio. E para o Cruzeiro de Mano, o título coroaria a retomada de um trabalho que não só corrigiu a rota do time em campo como resgatou o orgulho de seu torcedor pela equipe. E isso, por si só, já vale a taça.

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