Atlético
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UM MOMENTO NA HISTÓRIA

A queda do Campeão

postado em 24/04/2014 09:07 / atualizado em 24/04/2014 09:09

Eugênio Moreira /Estado de Minas

ARQUIVO / O CRUZEIRO
Uma série de três amistosos do Atlético em São Paulo, em abril de 1950, provocou a mudança de treinador da equipe. Depois de três derrotas em gramados paulistas, o técnico Campeão não resistiu e entregou o cargo, sendo substituído pelo uruguaio Ricardo Diez. Já no primeiro amistoso, o resultado foi desastroso: 9 a 1 para o Corinthians, no dia 16, no Parque São Jorge. Depois, o Galo perdeu para o Palmeiras (1 a 0), no Parque Antártica, no dia 21; e para o Guarani (2 a 0), em Campinas, dois dias depois.

“Renunciou Campeão e Diez será contratado”, anunciou o Estado de Minas de 25 de abril. “Encerrou finalmente o Atlético a sua 'via-crúcis' pelos gramados bandeirantes, trazendo como lembrança 12 gols sofridos e apenas um a seu favor”, destacava o jornal.

Campeão entregou o cargo pelo microfone da Rádio Guarani, emissora dos Diários Associados. “Declarou o dedicado atleticano que sempre fora contra esta excursão e os seus efeitos danosos faziam-se sentir”, publicou o EM. O treinador retornou a Belo Horizonte, enquanto a equipe seguiu para Poços de Caldas, onde o uruguaio Ricardo Diez comandou o Galo na primeira das 171 vezes que atingiria no total, em três passagens pelo clube. O Atlético venceu a Caldense por 4 a 3.

No dia seguinte, o jornal ainda repercutia a saída do treinador. “Ninguém nega a Campeão a dedicação que ele sempre dispensou ao Atlético e nem os conhecimentos técnicos que ele demonstrou possuir durante os períodos em que esteve à frente do esquadrão carijó”, publicou o EM. “E talvez tenha sido por um excesso de amor às cores alvinegras que o ex-preparador atleticano tenha sentido demasiado as derrotas que seu clube sofreu na temporada realizada em S. Paulo.”

MASSAGISTA Urbano Bonifácio dos Santos, o Campeão, mineiro de Mar de Espanha, veio para o Atlético do Flamengo, inicialmente como massagista e enfermeiro, com fama de macumbeiro, como era comum na época. Ocasionalmente, assumia as funções de treinador, como de julho de 1948 a janeiro de 1949 – foi ele que dirigiu o time na final do Mineiro de 1948, perdida para o América, com atuação polêmica do árbitro inglês Mr. Barrick. Em março de 1950, substituiu Airton Moreira e, até a desastrosa excursão, dirigiu o alvinegro em nove jogos, com quatro vitórias, um empate e quatro derrotas.

O Estado de Minas questionava que Campeão não houvesse se manifestado contra a excursão antes dos resultados negativos. O excesso de partidas também foi levantado como possível justificativa. O jornal ainda reconheceu que o interesse financeiro pesou na decisão de jogar em São Paulo: “Como o clube poderia abrir mão de 110mil cruzeiros em uma quadra como esta em que estava atrasado no pagamento aos jogadores?”.