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Esquadrão da saudade

Em caravana pelo estado, equipe master do Atlético vira o sonho de consumo de torcedores que estão tendo pela primeira vez a chance de ficar lado a lado com seus velhos ídolos

04/10/2015 12:00
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Apaixonado pelo Galo, Genivaldo Rocha diz que chorou de emoção ao ver Éder, Luisinho e Paulo Isidoro em Francisco Sá:
foto: Luiz Ribeiro/DA Press

Apaixonado pelo Galo, Genivaldo Rocha diz que chorou de emoção ao ver Éder, Luisinho e Paulo Isidoro em Francisco Sá: "Se morresse hoje, morreria satisfeito"

Para muitos torcedores, o que eles mostraram no passado não ficaria nada a dever aos ídolos atuais. Construíram carreiras gloriosas jogando em estádios monumentais, diante de milhares de pessoas e acompanhados por milhões de fãs pela televisão. O tempo passou. As pompas ficaram para trás. O físico não é mais o mesmo. Mas, ainda assim, ganharam a oportunidade de voltar a campo. Se o gramado precário tomou o lugar dos verdadeiros tapetes, a alegria está em reviver a emoção do reencontro com a torcida.

O clima tem sido vivenciado por ex-jogadores do Atlético que integram o Galo Master, com agenda no interior de Minas e em outros estados. A proposta surgiu por iniciativa de Luisinho, Éder Aleixo e Paulo Isidoro, ícones do Galo que integraram também a reverenciada Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Mas, além deles, figuram no grupo mais 11 figuras que estiveram no coração da Massa, como o maior artilheiro da história atleticana, Reinaldo (255 gols), Heleno, Sérgio Araújo, Miranda, Paulo Roberto Prestes, Vander Luiz, Marinho e Sérgio Biônico. Mais cinco ex-atletas participam num sistema de rodízio.

A estreia foi em 18 de julho, num 3 a 2 contra veteranos do Flamengo, no Independência. Em setembro, a caravana chegou a Francisco Sá (Norte de Minas), onde aplicou 6 a 2 num selecionado de antigos atletas amadores do município. O próximo compromisso será em Itaúna, na Região Oeste do estado, dia 18. “Temos jogos marcados até março”, festeja Elton Batista de Assis, irmão do ex-jogador Éder, que responde pela agenda.

O papel de treinador é volante. “A intenção é que, a cada apresentação, um dos ex-jogadores seja o técnico. Mas também queremos que o time seja comandado por ex-técnicos do Atlético que não estão em atividade”, diz o ex-zagueiro Luisinho, citando figuras como Humberto Ramos, Carlos Alberto Silva e Procópio Cardozo Neto.

Luisinho conta que a iniciativa de instituir o Galo Master foi inspirada na Seleção Brasileira de Masters, da qual ele participa com Éder e Paulo Isidoro. “Sempre viajamos para jogar pela Seleção de Masters em São Paulo. Aí, tivemos a ideia de fazer a mesma coisa com os ex-jogadores do Atlético. Levamos a proposta à diretoria do clube, que nos deu total apoio”, afirma o ex-jogador, de 56 anos, hoje empresário em Nova Lima, sua terra natal.

O time recebe suporte da diretoria atleticana, que fornece os uniformes oficiais. O contratante (prefeitura, clube ou empresa) paga uma espécie de cachê para cobrir as despesas da viagem de ônibus.

O ex-zagueiro observa que essa é uma oportunidade para que antigos torcedores, especialmente os do interior, possam ver os ídolos de perto. Ele afirma que, mesmo tendo atuado nos melhores gramados do Brasil e no exterior, ele e os colegas não se incomodam com o fato de agora colocarem as chuteiras para compromissos em pisos precários, como o do modesto Estádio Municipal Miguel Miranda, onde ele jogou em Francisco Sá, sob sol forte. “Campo ruim não é sacrifício nenhum. O que vale é o reencontro com a torcida.” Elton Batista diz que a satisfação não se limita aos fãs, inflamados pela mascote atleticana, o Galo Doido, que acompanha a delegação. “Teve ex-jogador que recebeu mais pedidos de autógrafos do que na época que jogava no profissional”, diz.
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