Atlético
None

ATLÉTICO

Nepomuceno cobra vitória do Atlético na Libertadores e justifica viagem à Itália

Presidente diz que visita ao estádio da Juventus, em Turim, em jogo da Liga dos Campeões, ajudou a desenvolver ideias para futura arena do Galo

postado em 12/04/2017 23:22 / atualizado em 13/04/2017 01:21

Bruno Cantini/Atlético

De volta a Belo Horizonte depois de assistir, em Turim, na Itália, ao duelo entre Juventus e Barcelona pela Liga dos Campeões, o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, acompanhou o treino do time nesta quarta-feira, véspera da partida contra o Sport Boys da Bolívia, e tratou logo de cobrar do elenco a primeira vitória na Copa Libertadores – na estreia, em Mendoza, o Galo empatou por 1 a 1 com os argentinos do Godoy Cruz.

À noite, em longa entrevista ao programa Bastidores, da Rádio Itatiaia, Nepomuceno, que também é secretário de Desenvolvimento da prefeitura de Belo Horizonte, justificou a ida à Itália: conhecer de perto o Juventus Stadium e colher ideias para implementar na futura Arena do Galo, que ainda precisa de aprovação do conselho deliberativo do clube, receber as licenças do governo municipal e, principalmente, de investidores.

De acordo com Daniel Nepomuceno, a Arena do Galo será um meio para desenvolver o projeto de sócio e tornar o time ainda mais forte. De novo, a Juventus foi apontada como exemplo a ser seguido. Desde a inauguração do novo estádio, em 2011, que teve custo aproximado de 100 milhões de euros, o clube italiano voltou a brigar no topo da Europa.

”Não dá para um clube grande aumentar seu número de sócios sem ter o palco dele, sem ter a garantia de fazer isso. Os números todos mostram o tanto que é viável. (...) A discussão entre Independência e Mineirão, isso não vai ter fim, isso não tem fim. (...) Eu confio muito na torcida do Atlético e ela vai abraçar o projeto”, declarou.

Reprodução Instagram

O dirigente aproveitou ainda o espaço na emissora para alegar que pediu licença não remunerada de dois dias do cargo executivo que tem na PBH para viver a experiência internacional e concluir que, no Brasil, o produto futebol está muito atrasado. “O espetáculo lá está dando de mil no nosso”.

Leia, a seguir, a íntegra da entrevista de Nepomuceno à Itatiaia:

Ânimo para o jogo desta quinta pela Libertadores

”Super animado. Hoje estava no treino, o ambiente está bom. Acho que o time tem a obrigação de ganhar e, mais que ganhar, mostrar bom futebol. A gente se preparou para essas semanas decisivas e estou com muito esperança no trabalho do Roger (Machado)”.

Hora decisiva

”Libertadores não tem como prever nada, tem que manter padrão e encarar ela como nós encaramos nos últimos anos. Não tem jogo ganho. Mas tem sim treinamento, elenco, seriedade, e vamos ver: tivemos o azar de tomar gol nos primeiros minutos do último jogo (estreia contra o Godoy Cruz, que ficou 1 a 1), e agora, dentro do Independência, com a torcida apoiando, a gente espera fazer o que sempre fez: sair para a vitória, feliz.

Cobranças da torcida por resultados e reforços

”Acho que trouxemos reforços pontuais, reforços de peso. Infelizmente, no futebol, você traz o reforço e ele não aparece na primeira semana nem no primeiro mês. Tem que dar tempo para o elenco. Tudo que o treinador pediu, nós atendemos, acho que 90%. Há uma cobrança por zagueiro, mas tem lembrar que contratamos o Roger que joga de volante e zagueiro, que chega em junho. Para quem não conhece, como treinam Rodrigão, Jesiel, tem que ter paciência. O Erazo está voltando. Mas o torcedor fica ansioso, no futebol a conta não fecha por toda partida...alguém não gostar do time e cobrar sempre. Nós temos um bom elenco, e não sou eu que estou falando. Vocês que são experts, que acompanham futebol no mundo inteiro, sabem do tamanho do elenco do Atlético e é uma questão de encaixe. Eu acredito muito em quem está ali treinando, a gente vê a evolução do time, os números, se comparados com o último ano, são superiores, mas cobrança sempre tem. O mercado está sempre aberto, a gente está sempre de olho, e quando tiver uma oportunidade e uma carência mais evidente, a gente vai contratar. Isso aí o torcedor sabe que, nos últimos anos, o que não faltou foi contratação.

Objetivo da viagem à Itália

”Já tinha tido o convite há mais tempo, mas o objetivo principal foi conhecer o estádio (Juventus Stadium). Fiquei encantado. Nosso estádio (projeto da Arena do Galo) espelha muito no estádio da Juventus, porque é um estádio pequeno, para 42 mil pessoas, que custou 100 milhões de euros, com uma torcida muito parecida com a do Atlético, que incentiva, que levanta o time, e eu não conhecia. Tenho até que agradecer os diretores da Juventus, o Daniel Alves (lateral), que nos levou para jantar pós partida, mas foi um espetáculo. Valeu a pena ter ido. Para se ter uma ideia, até um hospital tem dentro do estádio, para se ter uma ideia do nível de desenvolvimento. eu, apesar de não ficar conversando com muita gente em rede social, por opção, hoje a rede social se propaga muito rápido, as pessoas falam demais, claro que pedi licença sem remuneração apesar de acreditar que um estádio é desenvolvimento para uma cidade, mas tinha uma comitiva da CBF, da Federação (Mineira), então, o principal objetivo é esse. Futebol, quando não é do Galo, gosto de ver em casa, que é um dos poucos momentos que tenho para descansar, mas valeu muito a pena. Como futebol e como desenvolvimento, estamos muito longe do que eles estão desenvolvendo lá. Tem que espelhar para ter espetáculo dentro do futebol brasileiro parecido com o que eu vi ontem.

Construção do estádio do Atlético

Por mim, já tinha começado há muito tempo. Temos que ter agora aprovação do governo (municipal). Sempre falo que, quem vai decidir pelo estádio ou não é o conselho do Atlético, ele que é o patrão, ele que determina qual será o novo patrimônio do clube. E o meu dever é que o estou fazendo, de não fazer nenhuma loucura, porque a gente viu nos últimos anos o que foi gasto, o que foi rasgado de dinheiro público e privado para fazer as arenas, que praticamente todas dão prejuízo, com exceção de duas que a gente conhece, que é a do Palmeiras e a do Atlético-PR, então não é uma coisa simples. Você não tem segurança no governo, segurança no mercado, mas avançamos. Todo ano você tem um novo parceiro, você tem a pessoa que quer investir. Como eu digo, não vou fazer arena por vaidade, para colocar dinheiro do futebol do Atlético, vamos fazer porque é necessário. Time grande tem que ter casa própria. Você vê a dificuldade que é, a discussão entre Independência e Mineirão, isso não vai ter fim, isso não tem fim. Outro dia, alguns empresários do ramo de entretenimento, diziam que não conseguem trazer show para Belo Horizonte porque não conseguem agendas no Mineirão, porque o Mineirão tem que respeitar a agenda do futebol, e essa polêmica que está da empresa que tem concessão do Independência com o América de querer colocar uma nova ala para poder aumentar mais pessoas nos jogos da Libertadores. É um retrocesso não pensar em desenvolvimento em duas áreas: esporte e principalmente a abertura de eventos ou feiras. Belo Horizonte é a terceira capital do país e fica refém (dessa carência).

Viagem pessoal durante a semana e pedido de licença

”Viajei sem remuneração, e isso tem que parar um pouco e acabar com essa hipocrisia. A gente não trabalha de oito da manhã até seis da tarde, a gente trabalha fim de semana, de madrugada, trabalha o tempo inteiro. Acho que tem que ter a confiança do governo. Acho que, não é quando você está num dia desse, com objetivo...foram dois dias, né, estava hoje às 15h em Belo Horizonte, para estar trabalhando de novo. Você tem que ter respeito ao cidadão contribuinte, de realmente de não receber por isso (viagem pessoal), mas colocar que você não está trabalhando, isso não existe. Outro dia eu não eu não estive no primeiro jogo do Atlético fora (pela Libertadores) e não foi questionado isso. Quando Belo Horizonte estava apresentando o melhor carnaval do Brasil, e todo mundo estava trabalhando fim de semana, ninguém releva esse ponto, ninguém releva que é duro ter as duas funções, mas que você não tem fim de semana nunca, você tem que estar sempre atento ao que acontece com o poder público, isso não é relevado. Querem que você...questionam é se em algum momento você está fora. Isso é normal, é coisa da rede, e tem que fiscalizar sempre. Mas não é essa questão. A gente teve a nossa preocupação de colocar isso claro, de quando não estarei tratando de prefeitura, não devo receber. Mas sou presidente do clube, graças a Deus, e algumas oportunidades, nesse caso, sem gastar nenhum centavo público, ainda tem outro viés de desenvolvimento, que eu acredito, até brincava, que a feira de desenvolvimento de tecnologia, em Milão, aconteceu no mesmo tempo, e não pude ficar presente, mas faz parte. Mas não é essa questão. Tem que avançar. Fui recebido por dirigentes, mas acho que isso vai mudar a visão do que é necessário numa arena aqui em BH.

Sucesso da Juventus a partir do novo estádio

O Atlético, a história dele muda quando determina que tem um estádio, que vai jogar no Independência. O Botafogo, os números que eles alcançaram quando mudaram de estádio no passado e chegaram à Libertadores. Isso é no mundo inteiro. Torcedor tem que ser fidelizado, ele tem que ter a casa dele. Daqui a alguns anos, você vai assistir futebol até pelo seu relógio. A experiência...e eu fui criado assim, de ser um apaixonado, de ser louco pelo Atlético, porque fui para o campo com dois anos e ali me senti em casa. Mais do que isso, você vê na Europa como eles tratam com carinho essa relação torcedor e a casa dele. Entretenimento, sabe, você tem estádio confortável, seguro, então não tem como avançar. Não dá para um clube grande aumentar seu número de sócios sem ter o palco dele, sem ter a garantia de fazer isso. Os números todos mostram o tanto que é viável. Em se tratando de Belo Horizonte...o nosso estádio ele tem metrô a 800m, ele está com três grandes vias próximo, a gente está aumentando cada vez mais o número de sócios, ele precisa disso. Importante a pessoa ver a vaga dele de carro, o setor que ele vai chegar, seguro, o número de camarotes, salas de relacionamento, usar esse equipamento para fazer feiras, shows, a semana toda, quer dizer, cabe isso. E o principal: com investimento, em que você não vai estar chegando num banco...porque fazer estádio e pedir empréstimo de R$ 500 milhões a um banco, com juros abusivos ao ano, colocando como garantia cota de televisão, é fácil. Mas fazer estádio com investidor, que faz conta, acreditando no potencial do que é colocar 30 mil, 20 mil pessoas, em no mínimo em 40 jogos, 50 jogos, isso é difícil. Isso não é simples. Quer dizer, nós estamos numa época hoje onde setores de tecnologia querem o espaço deles, estamos numa recuperação da economia, assim vender o naming rights da maneira correta, e principalmente o Atlético precisa de patrimônio. Quanto mais eu vejo os números de quem apostou de maneira responsável, eu fico vendo, e já conversei isso com o presidente da CBF, que o nosso adversário não é mais o regional ou o Campeonato Brasileiro, nosso adversário é a Champions League, nosso adversário é ver que a cada dia que passa o meu menino e os colegas deles estão começando a gritar Barça, Juve, começando a ver, porque o espetáculo lá está dando de mil no nosso. Temos que melhorar o nosso com time bom, com palco bom, com campeonatos mais vendáveis. No Brasil, não dá para ficar sustentando time vendendo jogador por R$ 1 milhão para ele chegar lá na Europa e valer R$ 50 milhões. Isso não existe. Tem que colocar horário, cenários melhores, e principalmente o que tenho certeza: eu confio muito na torcida do Atlético e ela vai abraçar o projeto.

Tags: ligadoscampeoes italianofut futinternacional interiormg atleticomg