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WILLY GONZER

Ex-companheiros falam sobre Willy Gonser e lamentam a morte do narrador esportivo

Willy faleceu na manhã desta terça-feira e foi homenageado por vários amigos

postado em 22/08/2017 11:03 / atualizado em 22/08/2017 18:11

Jorge Gontijo/Estado de Minas
A morte de Willy Gonser repercutiu bastante no meio da imprensa esportiva. O narrador esteve, por mais de 30 anos, na Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, acompanhando o Atlético, onde quer que o clube jogasse. E, durante este período, conviveu com vários profissionais, que agora lamentam a perda para o rádio esportivo mineiro.

Um deles, talvez o principal, foi o repórter Roberto Abras, com quem Willy acompanhava o dia a dia do Atlético. “De todos que eu trabalhei, o mais culto e mais honesto. Tem o cara que é inteligente e tem o cara que é culto. O Willy era culto, e muito honesto. O que ele teve de chances para ganhar dinheiro...” lembra. “Ficamos 30 anos rodando o mundo, com Copas, excursões do Atlético de 30, 40 dias na Europa. Eu ia comprar lembranças para a família, e o Willy queria era conhecer as cidades. Se tornou um grande amigo. Ele sabia de detalhes da minha vida particular, e eu sabia da dele. Deixa um exemplo de vida impressionante.”

Outro que conviveu muito próximo foi o também narrador Alberto Rodrigues, responsável pelos jogos do Cruzeiro na rádio. “O Willy, além de ser um grande companheiro, era um grande amigo. Fizemos grandes Copas do Mundo. Sempre ficava no mesmo quarto que ele. Ele gostava muito de cultura. Sempre íamos pasear nos lugares onde eram disputadas as Copas. Era um cara muito culto, lia quatro ou cinco jornais por dia. Minha primeira Copa foi a de 82 (na Espanha), e estava com ele. Foi um parceirão”, frisou.

Por muitos anos, Alberto e Willy irradiavam o jogo juntos, alternando os ataques de Cruzeiro e Atlético. “Nas jornadas esportivas, a gente, só no olhar, no fôlego, passava a narração um para o outro. Foi um sucesso muito grande na rádio. Na época que o Vilibaldo (Alves) saiu da rádio, o Oswaldo (Faria) me perguntou, e eu disse que contrataria o Willy Gonser. Primeiro por ser um grande narrador, e também por causa do nome ser próximo. Era um cara sensacional. E a convivência com o Willy era ótima. Nossas famílias eram muito próximas. Lamento muito e fico muito triste. Era um parceiro de longa data e aprendi muito com ele.”
Cristina Horta/Estado de Minas


Emmanuel Carneiro, presidente da Rádio Itatiaia, deu sua versão para o sucesso de Willy Gonzer. “Ele modificou a locução esportiva em Minas. Os narradores mais antigos se limitavam a narrar, com muita competência, mas acompanhando a bola. O Willy veio com uma escola gaúcha, de acrescentar mais coisas, estatísticas. Tinha conhecimento de futebol internacional. O Willy veio, em 79, e ficou 33 anos. Fez sete Copas do Mundo, Olimpíadas. Era uma figura muito marcante na nossa história”, frisou.

“O Willy adorava viajar, e a Itatiaia fez com ele transmissões dificílimas, em Camarões, na Romênia, por exemplo. Ele gostava muito de estatísticas. Às vezes eu trocava muitas ideias com ele, sobre o que poderia acontecer com os times. Ele tinha possibilidade muito grande de fazer previsão. Quando veio para a rádio, passamos o Cruzeiro para o Alberto (Rodrigues) e o Willy passou a fazer transmissões pelo Atlético. E quando o Kafunga se afastou, ele assumiu o comentário antes do Rádio Esportes. A Itatiaia é muito grata a ele. Foi muito importante e muito profissional", completou Carneiro.

O jornalista e apresentador Péricles de Souza também lembra os momentos vividos com Willy quando o narrador participava do programa Bola na Área, que vai ao ar aos sábados, na emissora. “Willy... Um paranaense com alma alvinegra bem mineira, mas antes de tudo um grande profissional. Uma pessoa daquelas que o papo rende. Sempre foi assim nas participações dele no programa Bola na Área, da TV Alterosa. Deixa um belo legado para a imprensa esportiva.”

A coordenadora de esportes da rádio, Ursula Nogueira, lembrou de sua entrada no setor, na rádio. "O Willy foi a pessoa que me mostrou o lado festivo e real do futebol. Quando cheguei ao departamento de esportes, ele me deu boas vindas e me disse que o futebol era algo fantástico é incompreensível. Que eu iria gostar se fizesse tudo com a alma. Sempre às sextas-feiras passava para almoçar a feijoada que ele gostava muito", lamentou. "Sempre muito sério. Mas nunca deixou de dar um bom dia, boa tarde ou boa noite. Conhecedor como poucos das quatro linhas. E não há torcedor, independentemente do clube que torça, que não o respeite como ótimo profissional que era."

Júnior Brasil, comentarista da rádio e que foi coordenador de esportes por sete anos, também lamentou o falecimento. “Depois do Vilibaldo, foi o maior que eu vi. Tinha um conhecimento acima da média. Uma das características dele era que conhecia muito os adversários e a matemática. Às vezes ele levava uma tabelinha de um jornal, e com aquela tabelinha, fazia comentários sobre o que poderia acontecer com o time. Com pouca coisa, transformava numa informação rica. E uma narração com característica marcante. Talvez a melhor em termos de descrição do lance, ele era muito técnico. E isso dava uma clareza grande ao lance. Conhecia de todos os esportes, inclusive o especializado.”

AMCE

A Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE) divulgou uma nota de pesar pela morte de Willy Gonser. “A AMCE, com profunda dor, informa o falecimento do companheiro Willy Fritz Gonzer, brilhante comunicador esportivo que durante décadas nos abrilhantou com seu talento, além de ter sido um cidadão do bem, culto e amigo. Deixa um belo legado. A seus familiares nossas condolências. Que Deus o tenha.”

O corpo de Willy Gonser será velado a partir das 17h desta terça-feira no Funeral House (Av. Afonso Pena, 2158 - Funcionários). O sepultamento será nesta quarta-feira, às 10h, no Bosque da Esperança.

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