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DNA ofensivo? Rivais no Brasileirão, Atlético e Santos contradizem raízes históricas e apresentaram futebol 'pragmático' em 2017

Equipes não têm demonstrado poder de ataque nesta edição da Série A

postado em 03/11/2017 06:30 / atualizado em 03/11/2017 19:19

Bruno Cantini/Atlético
“Jogo equilibrado entre duas equipes muito técnicas e muito ofensivas”. A análise, feita pelo goleiro Victor, poderia facilmente ser aplicada a diversos momentos dos 79 anos do confronto entre Atlético e Santos. Este ano, entretanto, a história é um pouco diferente.

“Por ser um jogo equilibrado, um jogo de duas equipes muito técnicas e muito ofensivas, é um jogo que tende os goleiros trabalharem bastante, pelo potencial técnico de cada equipe”, disse goleiro em entrevista na Cidade do Galo.

Rivais neste sábado, as duas equipes não têm apresentado em 2017 um futebol que pode ser classificado propriamente como ‘ofensivo’. E os números - mas não apenas isso - comprovam a mudança no estilo de jogo dos alvinegros.

Nenhum dos dois times, por exemplo, figuram nas melhores posições do ‘ranking’ de ataques mais efetivos do Campeonato Brasileiro. Na 10ª colocação na tabela da Série A, os mineiros marcaram 36 gols na competição - 12 a menos que o Palmeiras, o melhor nesse quesito. Já a equipe paulista ocupa o terceiro lugar, mas balançou as redes adversárias apenas 33 vezes. É a sexta pior marca entre os 20 clubes.

A comparação com as duas últimas temporadas deixa ainda mais evidente a mudança de comportamento das equipes. Em 2016, Santos (59 gols) e Atlético (58) foram donos do segundo e terceiro melhores ataques do Brasileirão, respectivamente. Apenas o campeão Palmeiras (62) marcou mais vezes.

O Atlético foi o segundo time que mais fez gols na Série A de 2015, atrás apenas do campeão Corinthians (73 gols). O time mineiro balançou as redes 65 vezes - seis a mais que o Santos, dono do quarto melhor ataque.

Proposta dos treinadores

Outras fatores demonstram o menor poder de criação das duas equipes em 2017. O Santos, por exemplo, tinha dificuldades já no início do campeonato, quando ainda era comandado por Dorival Júnior. No jogo contra o Coritiba, pela segunda rodada, a equipe paulista sofreu para garantir a vitória por 1 a 0 na Vila Belmiro (veja na imagem abaixo)

Reprodução/Footstats

O padrão se manteve o mesmo durante boa parte da Série A, mesmo com a chegada do tradicionalmente ofensivo Levir Culpi ao clube, em junho. A expectativa é que o cenário mude com o interino Elano.

“Tenho maneiras e pensamentos táticos. O Santos tem a sua maneira, não com Levir (Culpi) ou Dorival (Júnior), mas na sua história e DNA. Sempre deu certo e temos que voltar. Tenho um time muito ofensivo, que eu gosto de jogar, mas tenho que defender bem em algumas situações. Depende das circunstâncias do jogo”, disse o ex-jogador.

Do lado mineiro

No Atlético, a situação de mudanças de proposta de trabalho é semelhante ao que ocorreu no Santos. Apenas em 2017, a equipe mineira foi treinada por Roger Machado, Rogério Micale e Oswaldo de Oliveira, que ocupa o cargo atualmente. E o modelo de jogo proposto por cada um deles apresenta distinções bem evidentes.

Roger Machado iniciou a temporada com objetivos claros: implementar a marcação zonal e estabelecer linhas bem posicionadas - seja no 4-2-3-1, seja no 4-1-4-1; seja com dois ou com três volantes. Na parte ofensiva, a estratégia era repetir o que deu certo no Grêmio de 2016: ficar com a bola e achar espaço por meio de triangulações.

A saída de Roger deu espaço para o primeiro trabalho de Rogério Micale à frente de um time profissional após o título olímpico. O jovem treinador chegou para devolver ao Atlético o padrão vitorioso de 2013 e 2014. A tentativa de fazer voltar o estilo ‘Galo Doido’, entretanto, não foi bem sucedida.

Conhecido por ter feito bons trabalhos com times ofensivos, Oswaldo de Oliveira chegou cauteloso ao Atlético. O experiente treinador adotou o discurso de que precisa trabalhar primordialmente dois aspectos: recuperar a confiança dos principais jogadores e fortalecer o sistema defensivo. 

Por enquanto, a estratégia tem dado certo. Robinho e Fred desencantaram. Os resultados também têm sido interessantes: em seis jogos na Série A, o time fez 11 pontos. O aproveitamento de 61,1%, um pouco inferior ao do líder Corinthians (63,4%) em todo o Brasileirão.

E, apesar do momento promissor de Atlético e Santos e da qualidade técnica dos atletas, o jogo coloca frente a frente equipes que não têm se destacado pelo desempenho ofensivo - ao contrário do que historicamente ocorre. A partida, marcada para este sábado, às 17h, é válida pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro.

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