Aos 34 anos, Gilberto Ribeiro Gonçalves vem retomando a rotina de jogador de futebol aos poucos. Lançado pelo Timão em 1999, marcou época com a camisa alvinegra nos anos subsequentes à virada do século. Conhecido pela perna esquerda habilidosa e físico franzino, que impunha rapidez ao seu jogo, o atacante passou por diversos clubes e saiu do País por duas vezes. Após ficar cerca três anos fora dos gramados por opção pessoal, Gil agora quer aproveitar a oportunidade e se anima por não ter sofrido com lesões graves na carreira.
Dias antes de marcar quatro gols em um só jogo e provar que ainda está em forma, Gil, em entrevista nas dependências do clube localizado na Mooca, bairro tradicionalmente conhecido por abrigar a maior colônia de imigrantes italianos da capital, afirmou que se sente em casa no Juventus e determinado a voltar a competir em alto nível.
“O convite foi um presente. Eu sempre vi o Juventus como um time de muita tradição, muito querido. Eu queria voltar a jogar, e se chego aqui e encontro uma equipe que não tem aquele espírito vencedor, não aconteceria. Me sinto em casa. Eu sempre joguei aqui nas categorias de base, Corinthians contra Juventus, tinha uma grande rivalidade”, comenta Gil, que diz estar se readaptando sem o menor receio.
“Como eu tive uma passagem de sucesso aqui (em São Paulo) tenho um carinho e um respeito grande, tem juventinos que gostam do Corinthians. Eu tive o convite e queria retornar a campo, quando a oportunidade aparece, tem que aproveitar. Eu reagi bem, claro que não é aquele Gil do Corinthians, até porque eu fiquei todo esse tempo parado, mas vou readquirindo a forma. Aqui nos mantivemos o tempo todo em 1º e em 2º lugar, é isso que me dá ânimo. Estou lutando para ser campeã, você precisa daquela faísca para acender”, pondera o atacante, que já marcou cinco gols na Série A3 do Campeonato Paulista, liderada pelo time grená.
Campeão na maior parte dos clubes pelos quais passou, como Corinthians, Cruzeiro e Flamengo, Gil não deixou o futebol completamente de lado nos três anos em que ficou fora do mercado. A pelada com os amigos já era um sinal de que a rotina poderia sem retomada, e o histórico livre de lesões foi um grande amparo nesse retorno.
“Minha trajetória no futebol nunca teve histórico de lesão. Sempre fui muito profissional, sempre soube os cuidados que tinha que ter. Mesmo não estando em uma equipe, eu fazia musculação e procurava fazer alguma atividade. O que precisava era recuperar o condicionamento e a vontade de jogar. Estou feliz porque até agora não tive nenhum problema, o jogador quando fica parado demora para acostumar a musculatura”, diz.
Depois de uma tentativa frustrada de recuperar a forma física no ABC em 2014, Gil acertou contrato após a pré-temporada, em fevereiro. O preparador físico Walter Luciano, que acompanha de perto a readaptação do jogador, ressaltou sua força de vontade para superar as dificuldades que os três anos de parada e os 34 de vida lhe impõem.
“Até adaptarmos ele ao ritmo dos atletas que estavam comigo há 30 dias não foi fácil. Começamos alguns trabalhos específicos, mas primeiro ele precisava emagrecer. Ele estava com 82 kg na época que chegou aqui, o percentual de gordura também acima, em 18%. Ele chegou nos 75 kg ou 76 kg e tem entrado bem, tem obtido um bom rendimento”, disse Walter, que enxerga Gil como um exemplo de garra e perseverança para os mais novos.