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'Homem de negócios', Geovanni recorda pedido de Müller em gol na decisão da Copa do Brasil

Ex-jogador falou sobre o trabalho que desempenha atualmente como empresário de jogadores, recordou a passagem pelo Cruzeiro e o sucesso no Benfica de Portugal

postado em 28/04/2015 08:00 / atualizado em 17/12/2020 02:28

(Foto: Auremar de Castro/EM/D.A Press )

O Brasil possui a tradição de produzir jogadores promissores, que fazem sucesso por aqui e logo despertam as atenções do futebol europeu. Com Geovanni, meia-atacante habilidoso que surgiu no Cruzeiro no final dos anos 90 e foi herói da conquista da Copa do Brasil em 2000, não foi diferente. Ele estreou profissionalmente pela Raposa aos 17 anos e já tinha um currículo de respeito aos 21, quando se transferiu para o Barcelona. Apesar de ter feito uma boa primeira temporada na Espanha, caiu de rendimento na sequência e foi negociado com o Benfica, onde conquistou títulos e se tornou ídolo. A relação com o clube de Lisboa foi tão boa que, depois de ter passado também pelas ligas Inglesa e Norte-Americana, Geovanni se divide entre o Brasil e Portugal. Com residência em Belo Horizonte, o ex-jogador celeste faz a ponte aérea para o país luso com freqüência. O motivo: sua nova ocupação como agente de atletas.

Em parceria com o sogro, o empresário Roberto Assunção, e com o ex-companheiro de Cruzeiro, Cléber Monteiro, Geovanni tem a intenção de passar para seus clientes a experiência que teve ao sair do Brasil ainda muito novo. E um desses jovens que trabalham ao lado do grupo é o goleiro Matheus, revelado pelo América e que se transferiu para o Braga, no ano passado.

“Quando ele (Matheus) veio, já sabia de tudo que ia acontecer aqui. Algumas coisas que, quando eu fui pra Europa, não sabia o que iam acontecer e nem o que esperar. Passamos tudo para ele, como era o clube, porque eu já tinha jogado aqui em Portugal. Passei o que o Braga representa, a filosofia de jogo, passei tudo. Então, o Matheus já chegou preparado. Esse é o trabalho que fazemos com nossos jogadores. São coisas que na época, infelizmente, eu e meu empresário, que hoje é meu sócio e meu sogro, não sabíamos realmente o que iria nos esperar. E hoje, graças a Deus, por termos essa experiência aqui na Europa, podemos passar isso para nossos jogadores”, comentou.

Hoje, aos 35 anos, Geovanni contou ao Superesportes que agencia atletas de Cruzeiro, Flamengo, Figueirense e América. Ao refletir sobre seu papel como orientador de jovens promessas, o ex-jogador confessou que acredita que deveria ter dado um rumo um pouco diferente na carreira.

“Acho que fiz o caminho inverso, deveria ter vindo para cá (futebol português) primeiro, para depois ir para o Barcelona. A adaptação aqui é bem mais fácil, a comida é muito parecida com a nossa, a gente come mais carne. Em Barcelona, quase toda culinária é de frutos do mar, que tinha experimentado poucas vezes na minha vida. Mas hoje sou apaixonado pela comida espanhola”.

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
A experiência na Europa trouxe o gosto pelos frutos dos mar e e experiência para que Geovanni se tornasse um homem de negócios. Apesar dessa mudança de perspectiva, o mineiro de Acaiaca não esquece suas raízes e reflete um pouco sobre a repetição da rotina: “O tempo passa tão rápido”.

Para amenizar o corre-corre do dia-a-dia, o ex-jogador aproveita o tempo ao lado da esposa Roberta, com quem está casado há 15 anos, e dos filhos Giovanna e Daniel, de 14 e 10 anos, respectivamente.

”Agora meu tempo está sendo muito ocupado pela família. Acordo às 5h da manhã, junto com meus filhos, que vão para a aula de manhã. Jogo basquete com meu filho, levo minha filha na academia. Sábado os amigos sempre me chamam para jogar um futebolzinho e no domingo vou para Igreja. Estou participando também de um projeto social em Belo Horizonte, toda terça e quinta”.

Eternizado no Cruzeiro

A ascensão de Geovanni no Cruzeiro foi rápida. Ele surgiu na Toca da Raposa em 1997, ano da conquista do bicampeonato da Copa Libertadores. Foi emprestado ao América por um ano, voltou ao time celeste e precisou de apenas uma temporada para conquistar a titularidade. “As coisas aconteceram muito rápido comigo”, avalia.

Com essa mesma rapidez, Geovanni entrou para a história da Raposa. Na partida de volta da final da Copa do Brasil de 2000, contra o São Paulo, marcou um dos gols mais importantes da história do clube celeste. A partida no Mineirão estava empatada por 1 a 1 – placar que garantiria o título ao Tricolor, devido ao resultado sem gols no jogo de ida, no Morumbi. Nos instantes finais do confronto, Geovanni fez, de falta, o tento do tri celeste na competição nacional, para a festa da grande torcida que lotou o Gigante da Pampulha naquela ocasião.

(Foto: Paulo Filgueiras/EM. Brasil)

O ex-meia recorda do lance com muito carinho, afirmando que optou pelo chute rasteiro em virtude das orientações do experiente Müller, confirmando as imagens que câmeras de televisão captaram naquela época. Geovanni resgata também da memória o instante em que ajoelhou diante da bola, em posição de prece, desejando que o destino da cobrança fosse o fundo das redes adversárias.

“Na hora da cobrança, eu estava ajoelhado em frente à bola, orando a Deus, porque acho que, se a bola não entrasse ali, o Cruzeiro não faria o gol. Faltavam dois minutos para acabar o jogo. O Müller falou: ‘chuta forte, Geovanni’. Queria bater colocado, mas escutei a voz da experiência, bati forte e a bola desviou na barreira e entrou”.

Além do título da Copa do Brasil, Geovanni foi campeão mineiro pelo Cruzeiro (1997 e 1998), marcou dois gols na campanha vitoriosa da Recopa Sul-Americana (1998) e levou a extinta Copa Sul-Minas (2001).

Sucesso em Portugal e na Inglaterra

(Foto: AFP PHOTO/ FRANCISCO LEONG)
A passagem de Geovanni por Lisboa permanece marcada na memória do torcedor benfiquista. O ex-jogador verificou isso no último sábado, ao assistir a vitória do ex-clube por 2 a 0, diante do Belenenses, pelo Campeonato Português. O reconhecimento continua principalmente em virtude da participação do mineiro na campanha que deu ao Benfica o primeiro título nacional depois de 11 anos de jejum, na temporada 2004/05.

“Tive uma boa adaptação a Portugual, marquei uma história muito linda aqui. Ganhei três títulos, há 15 anos que não ganhavam a Taça de Portugal, 13 anos que não ganhavam a Supertaça e 11 que não ganhavam o Campeonato Português. Foi realmente um marco na minha história. No sábado, estive no jogo entre Belenenses e Benfica. Foi uma loucura, os torcedores e o estádio gritando meu nome”.

Depois de três temporadas no Benfica, Geovanni decidiu voltar à antiga casa, o Cruzeiro. Mas a segunda passagem pelo clube celeste, durante a temporada 2006, foi marcada por lesões e não teve o mesmo sucesso que a anterior. A sequência da carreira foi no futebol inglês, defendendo Manchester City e Hull City. No Tigers, também é considerado um ídolo da torcida, tendo marcado o primeiro gol do time na Premier League.

(Foto: AFP PHOTO/PAUL ELLIS )
”Um momento que marcou muito no Hull City foi no ano que permanecemos na Primeira Divisão. Os jogadores foram comemorar dando a volta no campo. Peguei meus filhos, a Giovanna e o Daniel, na época eles tinham nove e cinco anos, e a torcida inteira começou a gritar meu nome: ‘Geo, Geo’. Eles fizeram uma música pra mim, que hoje é cantada em toda a Inglaterra”.

Em 2012, Geovanni assinou contrato com o América, depois de atuar por San Jose Earthquakes-EUA e Vitória-BA, e encerrou a carreira no ano seguinte.

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