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DA ARQUIBANCADA

Ressuscitamos um morto

"A nossa superioridade em campo não valeu de nada. Pelo lado emocional, a derrota pode ser a marca decisiva de que precisávamos para acordar"

postado em 23/09/2014 14:00 / atualizado em 23/09/2014 08:30

Henrique Portugal /Estado de Minas

Gualter Naves / Ligth Press
O que faz um clássico ser importante é a imprevisibilidade do resultado. Estamos sobrando no Brasileiro, todos os dados estatísticos estão a nosso favor e a partir de agora ainda temos o poder divino de ressuscitar um morto. Impressionante a reação dos torcedores do outro lado da Lagoa a uma simples vitória. Fico orgulhoso de ver como somos importantes a ponto de escutar piadas em série por quase dois dias. A nossa reação em caso de vitória seria muito mais tímida. Afinal de contas, eles estão a quilômetros de distância na tabela.

Na verdade, o time do Bairro de Lourdes deveria nos agradecer por ajudá-lo. A única reclamação é que o poder divino que conquistamos deveria ser usado com mais prudência. Deveria ser guardado para o caso de salvar algum time do rebaixamento, como a nossa derrota para o Bahia no fim do ano passado.

Essa derrota no clássico é muito mais importante do que uma vitória que poderia esconder os nossos erros. Uma defesa lenta, um time que entrou em pânico quando tomou o primeiro gol e a necessidade desnecessária de querer ganhar o jogo quando o empate já seria razoável. Será que o Marcelo Oliveira não estava sendo informado de que o Corinthians estava ganhando do São Paulo?

A nossa superioridade em campo não valeu de nada. Pelo lado emocional, a derrota pode ser a marca decisiva de que precisávamos para acordar. A ansiedade foi o nosso verdadeiro adversário. Isso inclui quem fica no banco e até os que estavam em campo. O verdadeiro guerreiro é aquele que sabe a hora de descansar e a hora de atacar. Demos a chance de um time cheio de problemas sair comemorando. Faltou maldade, faltou sangue frio. Lógico que a adrenalina atrapalha muito nesse tipo de jogo, mas quem tinha de fazer alguma coisa eram eles. Dagoberto perdeu um gol que não costuma perder. As bolas na trave poderiam ter endereço mais certeiro caso o lado emocional estivesse mais controlado. Deixem eles comemorarem à vontade, afinal de contas, venceram os melhores. Tivemos mais chances, mas não tivemos competência para transformá-las em mais gols.

Como somos um time educado, não poderia deixar de agradecer à turma de Vespasiano a contribuição para que pudéssemos ter a maior arrecadação do ano. Como são generosos. Essa pequena batalha que perdemos não pode de forma alguma abalar o time, pois a guerra que importa é outra e muito maior. Pensando de forma positiva, basta lembrar que agora estamos uma rodada mais próximos do título e mantivemos a diferença de sete pontos para o segundo colocado. O resumo é o seguinte: ganhar de cachorro morto é péssimo. Se você ganha, não fez mais que a obrigação. Se perde, é obrigado ficar ouvindo uma piada atrás da outra. Só valeu pra ver amigos felizes por alguns momentos. Como disse a alguns deles, mais chatos: vão contar as listras da camisa do seu time e olhar a tabela do campeonato!

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