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DA ARQUIBANCADA

Torcer para o inimigo

Este ano sabático foi importante para a reorganização interna do nosso amado Cruzeiro. Se até Deus descansou no sétimo dia ao criar o mundo, por que não poderíamos passar um tempinho sem ganhar título?

postado em 25/11/2015 12:00 / atualizado em 25/11/2015 08:14

EM DA PRESS
Semana passada, estávamos com o gás todo discutindo qual a importância da estatística dentro do futebol e contando os pontos para uma possível classificação à Libertadores. A conquista da Copa do Brasil pelo Santos era um ponto indiscutível para nos ajudar. Ficamos torcendo inclusive para que o Marcelo Oliveira colocasse em campo um Palmeiras totalmente desfigurado, facilitando uma vitória nossa, fora de casa, pelo Brasileirão.

Mas pior de tudo foi a dúvida entre torcer ou não para eles. Sim, o nosso calo na chuteira, a nossa maior fonte de piadas, a turma do outro lado da Lagoa. Ter de gastar nossas energias e emoções por uma vitória deles sobre o São Paulo foi um martírio. Será que realmente precisávamos passar por isso? O que será que Deus estava querendo nos mostrar com tal provação?

Essa duvida foi muito cruel. Quase uma agressão à nossa personalidade. Um triunfo deles contra o São Paulo seria muito importante. Cheguei a demonstrar uma pequena emoção quando o jogo ficou 2 a 1 para os nossos grandes rivais. Mas foi o momento em que mais uma vez cheguei à conclusão: não adianta, não consigo nem em pensamento vestir uma camisa listrada de preto e branco. Como é difícil torcer por um time que está sempre no quase. É muito sofrimento pra poucos momentos de alegria. A conquista da Libertadores e a da Copa do

Brasil por eles foi quase um desvio de caráter. Essa síndrome do quase é um carma que não quero para a minha vida. Desde os anos 1990, ou seja, há quase 30 anos, acrescentamos grandes títulos à nossa sala de troféus. Isso, sim, é ser feliz: comemorar, dar voltas olímpicas e acrescentar histórias vitoriosas à nossa memória.

Como bem disse um amigo torcedor do América: participar da Série A em 2016 será um desafio. Disputaremos o campeonato contra 18 times, pois com a turma do Bairro de Lourdes não preciso me preocupar, eles não ganham nunca. Este ano sabático, que está acabando, foi importante para a reorganização interna do nosso amado Cruzeiro. Se até Deus descansou no sétimo dia ao criar o mundo, por que não poderíamos passar um tempinho sem ganhar título?

Todos os programas de TV comentam e repetem que os dois técnicos mais atualizados e modernos do futebol brasileiro são Tite e Mano Menezes. Um acabou de ser campeão brasileiro, o outro tem tudo para brilhar no ano que vem pelas cores do maior de Minas.

Existem várias coisas na vida que são uma dicotomia constante. Só existe o bonito se comparado ao feio, a felicidade se contrapondo à tristeza. Ganhamos muito em 2013 e 2014. Era hora de trocar de pele em busca de nova safra de conquistas. Não precisamos de muitas mudanças. O mais importante já aconteceu. Assim como na natureza, quando acaba uma safra, é hora de renovar as forças para o ano que vem. A dança das cadeiras, de quem fica e quem sai, está esquentando e a tristeza pela falta de jogos nas férias, aumentando.

Mas todo ano é assim e não me canso dessa repetição. Agora, só precisamos de duas vitórias pra fechar este campeonato em grande estilo.

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