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DA ARQUIBANCADA

Acordar cedo

"É péssimo assumir o time como balcão, mas todos sabemos que o futebol brasileiro é uma incubadora"

postado em 25/05/2016 12:00

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
Ainda não sei quais os efeitos que esta mudança de técnico trará para o Maior de Minas. Essa história de treinar no dia do jogo e principalmente na manhã seguinte me chamou a atenção. Vendo uma entrevista do Roger (foto), ex-Cruzeiro, notei que é normal na Europa. Mas me lembrou a época em que o Yustrich treinava o nosso time e gostava de marcar treinos para as 7 da manhã, não por opção técnica, mas para controlar jogadores mais rebeldes que gostavam de esticar as noitadas.

Por enquanto, os jogadores estão gostando das mudanças. No primeiro jogo do Paulo Bento, destaque para a equipe ter arrancado o empate depois de tomar dois gols. No mínimo, significa que os atletas estão com muita vontade. Acredito que boa parte do elenco esteja pensando que o fato de o técnico ser europeu facilitará a ida de alguns deles para o Velho Mundo. Pensando friamente, pode ser uma grande oportunidade para nós e motivadora para o grupo. Sei muito bem que é péssimo assumir o time como um balcão de vendas, mas todos sabemos que o futebol brasileiro hoje em dia não passa de uma incubadora, visando vender jogadores para a Europa e, principalmente, a China. Mas que eles nos deem muitas alegrias antes de ir embora. Vide o que ocorreu conosco no início de 2015 e com o Corinthians no começo de 2016.

Desde a última coluna, a turma do outro lado da Lagoa nos deu duas alegrias. Uma foi o lançamento do foguete argentino Pratto em direção à lua, que causou a eliminação na Libertadores; a outra foi a contratação do nosso ex-técnico. O chute do Pratto só pode ser comparado ao do Nelinho quando este conseguiu mandar a bola pra fora do Mineirão. Fiquei pensando por alguns segundos de que lado Deus estaria naquele momento. Será que o mantra do ‘eu acredito’, criado para mentalização, realmente estava conectado ao Todo-poderoso, criador do universo, ou seria apenas mais uma frase de marketing que, como todas, acaba repetida várias vezes, numa tentativa de se tornar verdade? Esse lance bizarro foi a gota d’agua para uma crise nervosa nos bipolares do Bairro de Lourdes, que culminou na contratação do Marcelo Oliveira.

Aqui mesmo na coluna, escrevi que gostaria de tê-lo novamente no Maior de Minas, mas ele acabou preferindo o lado alvinegro da força. Somente um detalhe foi esquecido. Coincidência ou não, ele só ganhou títulos em clubes de origem italiana, isso é, times do povo. Agora terá que aguentar os coxinhas do Horto. Sempre soubemos para qual time ele torcia, mas precisou vestir o manto azul-celeste para ser campeão brasileiro, ou melhor, ser bicampeão brasileiro. Pessoalmente, acho que deveria ter esperado um pouco mais para trocar de lado. Que seja feliz, mas não muito.

Esta quarta-feira é dia de jogar contra o líder, Santa Cruz. No You Tube, achei vídeo de uma vitória nossa pela semifinal do Brasileiro de 1975. O Santinha tinha em seu elenco Levir Culpi e Givanildo, hoje técnico do América. Na época, os gols foram de Zé Carlos e dois de Palhinha. Aquele time acabou conquistando a Libertadores no ano seguinte. Que essa história seja inspiradora para a nossa primeira vitória no Brasileirão deste ano.

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