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COLUNA DO JAECI

Com o Cruzeiro, é show e goleada

Dizer que o Cruzeiro está sobrando é redundância. Ele joga por música, com classe, e ainda nos convence de que o futebol vale a pena

postado em 27/07/2014 08:26

Jaeci Carvalho /Estado de Minas

Rodrigo Clemente/EM/D. A Press


Eu avisei na coluna de ontem que teria show no Mineirão, porque o Cruzeiro iria jogar. E teve mesmo. O time azul enfrentou o Figueirense e foi fazendo os gols na hora em que bem entendeu: 5 a 0, com gols de placa como o de Marquinhos, ou de quem saiu do banco, caso de Dagoberto. Quando uma equipe é bem treinada e tem grupo forte, o resultado é apenas consequência. A cada rodada, a Raposa confirma a sua supremacia. Nem a chuva e o campo molhado foram empecilhos.

Quando um clube tem grupo, organização, gente séria no comando e jogadores de qualidade (foto), não tem erro. É só o torcedor vestir o smoking para ver o espetáculo. Pode chover canivete, granizo, que não tem problema. São quase 60 mil sócios-torcedores, na certeza do tetra. O Mineirão, casa do Cruzeiro, ficará pequeno para os 80 mil esperados até dezembro. É como na Alemanha. Bayern e Borussia Dortmund jogam para 80 mil e sempre há uma fila de outros 30 mil querendo ingressos.

Dizer que o Cruzeiro está sobrando é redundância. Ele joga por música, com classe, e ainda nos convence de que o futebol vale a pena. Se a maioria é medíocre, joga na retranca e vence com dúvidas, com o time azul se dá o contrário. Ganha com sobras, futebol envolvente, de primeira linha. Sei que há muita má vontade com a Raposa, mas negar a realidade é burrice ou, no mínimo, ignorância. Para piorar a situação dos adversários, o clube oficializou a contratação em definitivo de Willian. Vejam bem, Willian é reserva neste time.

Aliás, cometo um equívoco. Marcelo Oliveira tem feito como a Alemanha na Copa: para cada adversário, põe uma equipe em campo e vai faturando pontos. Já são 28, com nove vitórias. Em Minas, estamos anos-luz à frente da concorrência, com gestões sérias, que não gostam de aparecer, como a de Gilvan de Pinho Tavares, mas são eficientes. Quem imaginava que o futebol nacional começava na Radial Oeste, no Rio, e terminava na Avenida Morumbi, em São Paulo, se enganou. Ele começa e termina na Abraão Caram, no Mineirão, palco dos 7 a 1 da Alemanha no Brasil, nossa maior vergonha, e dos 5 a 0 do Cruzeiro no Figueirense. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

O Cruzeiro está a 44 pontos do tetra. Se continuar assim, chegará com os pés nas costas. Não vejo no país alguém capaz de confrontá-lo. No máximo vai chegar perto, e olhe lá. Esse trabalho começou com a quase queda para a Série B de 2012. Gilvan assumiu as rédeas nesse ano, montou time forte no seguinte, deu carta branca ao diretor de futebol Alexandre Mattos e este buscou o melhor no mercado. Gilvan bancou Marcelo Oliveira, que tinha história ligada ao Galo e chegou sob contestação. Hoje, todos reconhecem o valor do técnico. Sério, respeitado, ele evolui a cada dia. Se errou em escalações e substituições, teve humildade para aprender e seguir em frente.

Fico imaginando como se sentem os adversários. Se entram bem fechados, levam sufoco. Se se abrem, sofrem goleadas. Se ficam enrolando no meio-campo, vendo o tempo passar, caem do mesmo jeito. Não há como parar. Os rivais terão de se curvar aos pés do Cruzeiro quando ele for tetra. Não tenho dúvidas disso, embora seja cedo. Não esperava que ele abrisse tanta vantagem nesta altura, mas, já que a fase está ótima, nada melhor do que confirmá-la com vitórias significativas como a de ontem.

O torcedor celeste está em êxtase. Sente que o título é questão de tempo. Lembro-me do Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo, bicampeão em 1993/1994. Do Internacional de Rubens Minelli, em 1976/1977. O Flamengo foi bi em 1982/1983, o Corinthians em 1998/1999 e o São Paulo chegou ao tri em 2006/2007/2008. Agora, o Cruzeiro tem a sua chance. Basta manter a seriedade, o grupo forte e os pés no chão. Mesmo com tempo chuvoso e céu encoberto, tudo ficou azul. Hoje o time fica diante da TV, vendo de camarote o que vai acontecer. Privilégio de líder.

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