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COLUNA DO JAECI

O papa-títulos de Minas Gerais

Só espero que, desta vez, bandidos travestidos de torcedores não atrapalhem festa

postado em 23/11/2014 12:00 / atualizado em 23/11/2014 09:38

Jaeci Carvalho /Estado de Minas

Leandro Couri/EM/D.A Press

O Cruzeiro se sagrará tetracampeão brasileiro nesta tarde, no Mineirão, caso vença o Goiás – o que deverá ocorrer. Assim, será bicampeão de forma consecutiva. E vejam que um simples empate do São Paulo já será suficiente para o time azul levantar o caneco, independentemente do seu resultado. Mas como é o melhor time do Brasil, o mais ofensivo, o mais eficiente, não terá problemas para comemorar mais uma conquista, fruto de um trabalho de um homem sério, que não aparece, mas que atua com transparência, consciência e dignidade. Gilvan de Pinho Tavares escreve seu nome na história do clube, tornando-se seu maior presidente. E ainda pode ir mais longe, caso conquiste também a Copa do Brasil na quarta-feira. Neste caso, seria mais uma Tríplice Coroa. O Cruzeiro vai enriquecer ainda mais sua galeria de taças, pois, como disse seu presidente outro dia: “Quem quiser ver troféu, é só dar um pulinho na sede do clube, no Barro Preto”.

Além de Gilvan, há uma equipe competente em sua retaguarda, começando pelo jovem e talentoso Alexandre Mattos, diretor de Futebol, que sabe garimpar e buscar jogadores desconhecidos, que não deram certo em lugar nenhum, mas que se tornaram grandes jogadores no Cruzeiro – vide Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. Passando pelos experientes, e tão importantes quanto, Valdir Barbosa e Benecy Queiroz, e fechando com os craques Marcone Barbosa e Robson, do Marketing, que dão a direção certa nos negócios e gestão. O Cruzeiro é hoje um dos clubes com mais associados no país, perdendo apenas para Inter e Grêmio. Isso é competência e qualidade. A torcida azul vive em êxtase desde que Gilvan assumiu. No primeiro ano apanhou demais e quase viu seu time cair. Mas ele sabia o que viria pela frente, pois em 50 anos de clube sabia muito bem o que estava conduzindo. Sua primeira providência foi apostar num técnico jovem, sem vícios e sério naquilo que faz: Marcelo Oliveira. Um treinador moderno, que gosta de jogar bonito e para a frente, o que sempre foi característica do Cruzeiro. Além disso, não se mete em contratações e não negocia com empresários. Indica os jogadores e deixa a diretoria agir. Por isso, tudo dá certo no Cruzeiro. Cada um executa sua função e o resultado final atende pelo nome de títulos.

E vale lembrar que Gilvan foi contra tudo e todos bancando Marcelo Oliveira, que, para alguns, ainda tem a pecha de atleticano. A torcida o rejeitava quase em sua totalidade, mas o presidente sabia muito bem o que estava fazendo. Apostou nele e não se arrependeu. É verdade que em mata-matas Marcelo Oliveira tem titubeado. Perdeu a Libertadores, Copa do Brasil e quase foi eliminado pelo ABC neste ano. Mas ele tem a chance de se redimir caso vença o Galo, na quarta-feira, no Mineirão. Marcelo perdeu duas vezes em casa, com o Coritiba, e não vai querer perder a terceira. Mas, se isso acontecer, não irá diminuir em nada aquilo que tem feito no clube, pois o Brasileirão não é simples de ser conquistado, e vencê-lo duas vezes seguidas não é para qualquer um. Claro que ele ainda é novo e tem muito o que aprender, mas se destaca pela seriedade, pela forma de tratar as pessoas, pela sua dignidade. É um cara sério e muito competente.

Por fim, o grupo de jogadores, que brilha pelo conjunto, por querer dar espetáculo, comandados por um cérebro chamado Éverton Ribeiro, que foi rejeitado no Corinthians, andou por Guarani e São Caetano até parar no Coritiba como lateral-esquerdo, mas Marcelo o colocou no meio e foi ali que ele se destacou e chegou à Seleção Brasileira. Além dele, Ricardo Goulart e Egídio, que se destacavam no Goiás, foram adquiridos por Mattos, além de Júlio Baptista e Dagoberto, experientes e vencedores. Dagoberto chega ao seu quinto título brasileiro. Isso não é para qualquer um. E dizer o quê do maior ídolo azul, o goleiro Fábio? Era um goleiraço que não tinha títulos, mas nos últimos tempos vai conquistando tudo com o que sonhara, fechando sua história com chave de diamante. Claro que ele ainda terá muitos anos de vida no Cruzeiro, mas, injustiçado na Seleção, sempre foi um dos melhores goleiros do país por sua regularidade. Quase não falha, e quando isso ocorre, não compromete. Um goleiro com G maiúsculo.

Por tudo isso, o Cruzeiro é o papa-títulos em Minas Gerais, com finanças equilibradas, salários em dia e, diga-se de passagem, sem vender nem sequer um jogador. Foi campeão no ano passado e, ao contrário da maioria, reforçou-se e não negociou ninguém. O resultado está aí. Os títulos vão acontecendo de forma natural. Só espero que, desta vez, bandidos travestidos de torcedores não atrapalhem a festa que a diretoria vai programar. Aliás, contra esses Gilvan tem sido implacável e não dá colher de chá. Ele valoriza o torcedor de bem, que veste a camisa. Não dá ingresso a facção e não permite que ela se aproprie do clube. Uma gestão nota 10, com dois títulos brasileiros e a possibilidade de mais uma Copa do Brasil. Assim se resume o Cruzeiro, um time de tradição e glórias, que, lembrando o hino, “... nos gramados de Minas Gerais tem páginas heroicas imortais”. Parabéns, grande campeão.

Copa do Brasil

Se conseguir reverter o resultado, favorável ao Galo, o Cruzeiro conquistará sua quinta Copa do Brasil, tornando-se o maior ganhador de títulos da competição, superando o Grêmio, que, como ele, tem quatro taças.

Premiação Tão logo seja campeão brasileiro, a diretoria programa o pagamento pela conquista, que já foi acertado com o grupo. E se ganhar também a Copa do Brasil, aí o Natal dos atletas será mais gordo ainda.

Renovação O técnico Marcelo Oliveira, dos mais bem pagos do país, não deverá ter problemas para renovar o contrato. A não ser que peça um reajuste substancial. Com R$ 430 mil mensais a diretoria não admite aumento salarial, pois Marcelo está entre os cinco técnicos mais bem remunerados do país.

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