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COLUNA DO JAECI

Amanhã tem Cruzeiro na Libertadores

O adversário é fraco, como os demais da chave, mas, por ser argentino, todo cuidado é pouco. O torcedor não admite outro resultado que não a vitória

postado em 02/03/2015 12:00 / atualizado em 02/03/2015 08:39

AFP
O Cruzeiro B não tomou conhecimento do Tupi, em Juiz de Fora, e goleou por 3 a 0 com certa facilidade. Já disse que o Campeonato Estadual é bem fraco e Galo e Raposa podem disputá-lo até com juniores que farão frente a qualquer adversário. A diferença técnica é abissal, devido a estrutura, dinheiro, jogadores etc. No fim, com raras exceções, os dois grandes decidem quem é o campeão. Mas os torcedores azuis e alvinegros têm muito mais com o que se preocupar e se entusiasmar: a Libertadores, que dá projeção, dinheiro e o direito de disputar o Mundial no fim do ano. Sei que a competição continental também não é aquela com que sonhamos. Disputada em campos ruins, com equipes fracas, precisa de boa reformulação. Sugeri que reduzam os participantes de 32 para 24.

O Cruzeiro e seu torcedor sonham com o tri. Para isso, o presidente Gilvan de Pinho Tavares, assessorado por Valdir Barbosa, contratou jogadores importantes, como De Arrascaeta, que me parece um jovem de muito talento, difícil de encontrar no futebol brasileiro. Para mim, tem sido escalado de forma equivocada, atuando na frente, perto do centroavante. Prefiro-o partindo de trás com a bola dominada, pela esquerda. Foi assim contra o Guarani e numa jogada diante do Universitario de Sucre, em que driblou quatro adversários e quase fez um golaço. É preciso lembrar que tem apenas 20 anos e, mesmo talentoso, não pode carregar sozinho a responsabilidade pelas vitórias.

Enquanto os técnicos brasileiros, na maioria, não sabem o que se passa aqui ao lado com clubes e jogadores, não se interessam em ver o futebol da América do Sul e, por isso, escalam mal determinado jogador, os europeus, muito mais preparados, acompanham todos os continentes. Tanto que a nata da Europa não quer mais levar ninguém daqui, a não ser uma promessa como Lucas Silva, recém-chegado ao Real Madrid. Os demais vão para o Leste Europeu, de nível técnico semelhante ao daqui. Pena não constatarmos nos clubes brasileiros nenhum jogador diferenciado. Eu diria que Ganso tem o DNA do craque, mas jamais atingirá esse status. Ele me lembra os antigos camisas 10. Joga parado, tem boa visão com a bola nos pés, mas não participa ativamente do jogo. Vejam que nos últimos dois anos apontamos Éverton Ribeiro, vendido para os Emirados Árabes, como o craque do Brasileirão. Ele não passa de um ótimo jogador, mas jamais será um craque. Depois que paramos de investir na base, esse tipo de jogador sumiu das prateleiras.

O time azul terá amanhã pela frente, no Mineirão, o Huracán, com a chance de arrancar, assumir a liderança e mostrar que é o mais forte do grupo, com grande chance de ser o primeiro. O adversário é fraco, como os demais da chave, mas, por ser argentino, todo cuidado é pouco. O torcedor não admite outro resultado que não a vitória. Não dá para imaginar passar sufoco diante de Universitario de Sucre, Huracán e Mineros. Seria o fim. Acho que a classificação virá com os pés nas costas e, aí sim, começará de fato a competição. Pena que o Cruzeiro esteja sendo formado em meio à disputa, o que não é bom, mas precisa ser feito. Caberá a Marcelo Oliveira entender o que é a Libertadores e escalar de acordo com os rivais. Não se pode esquecer que mata-matas têm sido o maior drama celeste há anos. Na edição de 2011, por exemplo, o time foi o maior pontuador na primeira fase e, nas oitavas de final, depois de vencer por 2 a 1 na Colômbia, caiu diante do Once Caldas por 2 a 0 em Sete Lagoas.

Mas o torcedor cruzeirense está motivado em vencer pela terceira vez a Libertadores e mostrar que, além de “dono” do Brasil é também da América. Acho a equipe deste ano mais competitiva e menos talentosa do que a anterior – e Libertadores precisa mesmo de muita garra e competitividade –, mas o fato de estar sendo montada agora me deixa um tanto ressabiado. Como os treinadores brasileiros são bem pagos para montar times vencedores, não cabe a nós quebrar a cabeça. Opinamos pela vivência no futebol, mas técnicos, em geral, não admitem críticas. Principalmente depois de uma conquista, sentem-se acima do bem e do mal. Para mim, a participação deles num trabalho vitorioso é de 10% a 15%. A maior parte é mesmo com os jogadores. Se o grupo se encaixar e quiser, pode ir longe. Caso contrário, a derrota será certa.

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