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COLUNA DO JAECI

Apesar da tristeza, a bola rola em Saint-Denis

Os capitães da final de 1998 hoje comandam suas seleções. Didier Deschamps ergueu a taça de campeão do mundo, em gesto presenciado in loco por Dunga, que havia feito o mesmo quatro anos antes, nos Estados Unidos

postado em 26/03/2015 12:00 / atualizado em 26/03/2015 08:23

AFP
Paris –
O acidente aéreo de terça-feira no Sul da França, que matou 150 pessoas, ainda repercute no mundo. A todo momento as TV daqui exibem imagens do local da queda do avião nos Alpes Franceses e dos destroços. As equipes de resgate dizem que levarão dias para conseguir achar todos os corpos. E as cidades de Barcelona, de onde partiu o voo, e Dusseldorf, para onde ele se dirigia, choram seus mortos, boa parte estudantes que saíam de um intercâmbio. Muito triste. Infelizmente, a vida segue. Como costumo dizer aos meus filhos, ela é muito mais perda do que ganho. Por isso, devemos nos preparar para os poucos momentos felizes e para as mazelas que nos são impostas. Mas Deus sabe o que faz e devemos sempre confiar nele.

Hoje temos França x Brasil, no Estádio de França (foto), palco de derrotas verde-amarelas. Parece que foi hoje que estávamos no estádio – Zeca, Carlos Cruz e o craque da fotografia Jorge Gontijo – vendo Zidane passear diante de Dunga e da defesa brasileira. Aquelas duas cabeçadas jamais saíram da minha memória, assim como o gol de Petit já no fim, que consolidou a goleada de 3 a 0 e o título inédito dos Bleus.

O mundo da bola gira e com ele os dois capitães daquela final, que hoje comandam suas seleções. Didier Deschamps ergueu a taça de campeão do mundo, em gesto presenciado in loco por Dunga, que havia feito o mesmo quatro anos antes, nos Estados Unidos. Lembro-me de uma cabeçada de Dunga em Bebeto num dos jogos do Mundial. Pena que não deu essa cabeçada numa das bolas que foram na direção de Zidane. O maestro francês subiu como se não houvesse ninguém em sua marcação e pôs a bola nas redes. O volante do Brasil, que o marcava, ficou reclamando da defesa.

Mas hoje se trata apenas de um amistoso, com equipes desfalcadas. O Brasil não tem Diego Tardelli, contundido. A França está sem Pogba, um de seus principais talentos. Mas conta com Benzema, Matuidi e outras promessas. Nas ruas de Paris, percebo grande interesse pelo jogo. Se fosse em território brasileiro, não sei se o público seria maciço, mas aqui é casa cheia. Os franceses são apaixonados pelo futebol, independentemente do momento de sua seleção.

Dunga busca um time para a Copa América, ao passo que os franceses já têm a estrutura prontinha para a Eurocopa. O técnico brasuca tenta encontrar mais “Neymares” para encorpar seu time. Está difícil. Temos somente ele, muito pouco para conquistar um título. Internautas e leitores me dizem que o Brasil jamais teve equipe tão fraca, sem talento e sem alma. Concordo. Do goleiro ao “ponta-esquerda”, ela é uma lástima. Os talentos sumiram por causa dos irresponsáveis dirigentes que não cuidaram das divisões de base, e não há muito o que fazer.

Com Dunga ou sem ele, não há o que escolher. Chegamos ao ponto de ter o chorão Thiago Silva titular da zaga e o mascarado Marcelo de volta à lateral. Nossa crise é de valores, de caráter, de falta de investimento na base. O reflexo é o que estamos vendo. Os 7 a 1 que os alemães nos impuseram ficarão marcados na alma. Não há vitória que os apague. É preciso caminhar, formar nova equipe e esperar o tempo passar, que ele é o senhor dos remédios. Por enquanto, vamos com o que temos. Vamos a Saint-Denis, onde os fantasmas rondam desde aquele 1998 fatídico. A beleza do estádio contrasta com as derrotas que sofremos ali. Não gosto dele, tampouco do momento do Brasil não só no futebol. Mas a história está sendo escrita dessa forma, e não há o que fazer. O destino foi traçado e nele ninguém pode mexer. Vamos ao jogo nesta noite fria de Paris.

Sentimentos

Os médicos do Mater Dei fizeram o possível e o impossível para salvar o garoto Thiago, de 8 anos, filho do amigo Felipe Gazolla, que esteve no CTI por mais de um mês, Oramos e pedimos muito, mas Deus o levou. Estamos profundamente abalados e arrasados, mas Deus assim quis. Que ele descanse em paz e os pais e familiares tenham força para suportar o momento cruel.

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