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COLUNA DO JAECI

Erros absurdos

Quantos erros crassos e quantos títulos mudaram de mãos. Podemos acusar esses árbitros de venais? De jeito nenhum. Sem provas, seríamos injustos ou levianos

postado em 25/06/2015 11:00 / atualizado em 25/06/2015 08:16

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
No Alterosa no Ataque de terça-feira, mostramos erros crassos de árbitros na história do futebol. Nos minutos finais da decisão do Campeonato Carioca de 1971, José Marçal Filho ignorou falta de Marco Antônio no goleiro botafoguense Ubirajara, Lula mandou a bola para as redes e o Fluminense conquistou o título. Em 1973, Armando Marques simplesmente errou o número de cobranças de pênaltis batidas por Santos e Portuguesa na final do Paulista. A Federação acabou apontando dois campeões. Em 1974, Armando, de novo, anulou gol legítimo do cruzeirense Zé Carlos contra o Vasco, nos últimos minutos da decisão do Brasileiro, e os mineiros perderam a taça. Em 1981, José Roberto Wright expulsou cinco atleticanos, no Serra Dourada, e melou o jogo extra por vaga na segunda fase da Libertadores. O Flamengo ganhou a classificação via Conmebol.

Em 1995, árbitro, Márcio Rezende de Freitas validou dois gols ilegais de Santos e Botafogo, na final do Brasileiro, e anulou um legítimo do santista Camanducaia. O alvinegro do Rio foi o campeão. Em 1999, o mesmo Márcio não marcou pênalti do corintiano Índio diante do Galo. Os paulistas levaram a taça. Em 2005, ele, mais uma vez, não só não deu pênalti do corintiano Fábio Costa em Tinga, como expulsou equivocadamente o volante do Internacional. Em 2008, Carlos Eugênio Simon deixou passar pênalti em Tchô, nas quartas de final da Copa do Brasil, contra o Botafogo, no Maracanã. E em 2011, Sandro Meira Ricci (foto) marcou pênalti de Gil em Ronaldo, o Corinthians ganhou no fim, e o Cruzeiro teve reduzida a chance de ser campeão brasileiro.

Vejam, leitores, quantos erros crassos e quantos títulos mudaram de mãos. Podemos acusar esses árbitros de venais? De jeito nenhum. Sem provas, seríamos injustos ou levianos. Mas, pela cabeça dos torcedores das equipes prejudicadas, passa mil coisas. Cada um tem sua interpretação e sugestão para tantas falhas grosseiras. Pior é que quase todos esses juízes apitaram Copas do Mundo, representando o Brasil. Sandro, por exemplo, foi eleito o melhor do Brasileiro de 2010. Curiosamente, depois de prejudicar o Cruzeiro, viajou com a família para os Estados Unidos, em plena competição. Ora, se era o melhor do país, por que ficou fora de outras rodadas, já que era a reta final? São muitas perguntas sem resposta.

Armando, recentemente falecido, disse, em entrevista, que “tem coisa que o juiz vê e tem coisa que ele não vê”, em alusão a um jogo de cartas marcadas. Foi chamado ao tribunal, e tudo terminou em pizza. A arbitragem no Brasil é vergonhosa, mas só podemos atribuir isso a erros de péssimos profissionais. O único réu confesso, até hoje, é Edílson Pereira de Carvalho, que protagonizou esquema com casas de apostas, manipulando resultados no Brasileiro de 2005. Curiosamente, o Corinthians foi o campeão. Como disse na coluna de ontem, no futebol se fala muito e se prova pouco. A pulga permanece atrás da orelha, mas, até que haja uma gravação, alguma comprovação do delito, todos são inocentes e erraram por ser humanos, ou não viram os lances, ou “não quiseram ver”, como sugeriu Armando.

De todos esses, conheço Márcio. Para mim, um cara íntegro, que cometeu três erros decisivos, mas sem nenhuma atitude venal. Quanto aos demais, não ponho a minha mão no fogo, pois tenho medo de queimá-la. Tampouco os acuso, por não dispor de provas. Mas que determinados erros nos deixam embasbacados, deixam.

E assim vai sendo contada a história do futebol brasileiro e até do mundial. Erros aqui e ali, títulos decididos em falhas absurdas da arbitragem, e vida que segue. Só vejo uma solução para que elas diminuam: a profissionalização da arbitragem. É inadmissível um cidadão trabalhar num banco, por exemplo, pegar um avião na terça-feira à noite, apitar na quarta e no dia seguinte voltar ao outro trabalho. Não há como não errar. E muitas vezes o cara sai do Sul para o Nordeste, numa viagem longa e cansativa. Ainda veremos muitos títulos ser decididos pela arbitragem. Enquanto não houver a profissionalização, os homens de preto, de vermelho ou de amarelo continuarão a ter o trabalho questionado e sob suspeita.

Depois que a Fifa e a Conmebol foram desmoralizadas por escândalos em série, não podemos duvidar de mais nada. Que o diga o árbitro paraguaio Carlos Amarilla, mais do que suspeito de ter prejudicado o Corinthians contra o Boca Juniors na Libertadores de 2013. Para o torcedor, todos os jogos daquela competição passaram a estar sob suspeita. Ele não acredita em mais nada. Ou acredita em tudo.

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