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COLUNA DO JAECI

11 da manhã. Eu vou

"Nem mesmo partidas às 16h têm atraído grandes torcidas. O cidadão perde o domingo longe da família para ver jogos sofríveis"

postado em 28/06/2015 11:00

Edesio Ferreira/EM/D.A Press

Hoje é dia 28. Como sempre faço, vou à Igreja de São Judas Tadeu pedir proteção para a família e os amigos. De lá, seguirei para o Mineirão para assistir a Atlético x Joinville, no melhor horário para o futebol neste país tão violento: 11h. A medida deu tão certo, que a CBF aumentou para dois o número de jogos às 11h aos domingos. Como disse a colega Kelen Cristina, na sua coluna de sexta-feira, “não importa se foi um desejo da TV ou somente da CBF, o que vale mesmo é que a iniciativa agradou em cheio aos torcedores”. Hoje, o Galo, sempre ele, quebrará mais um recorde: será o maior público desses jogos matinais. Fui ao Mineirão ver Cruzeiro x Chapecoense no domingo passado e levei meus dois filhos. Lembram-se de quando eu disse que pai que leva um filho a um estádio nos dias de hoje é louco? Pois é, com esse horário, mudei de ideia. E, como eu, muitos outros. Vi crianças, senhoras, senhores e muita, mas muita gente do bem por lá. Não tenho dúvida de que o estádio ficará preto e branco, com muitos torcedores que não frequentam jogos à noite, por medo da violência.

Os tempos no país mudaram para pior. A capa do EM de sexta-feira mostrou tal retrato: um administrador de empresas, desempregado há 16 meses, busca vaga de servente para sustentar a família. Não é demérito, mas lamentável que um cidadão estude numa faculdade, gaste uma fortuna e, ao se formar, não tenha emprego. Pior é ver tanta gente sendo mandada embora porque patrões não têm como lhes pagar os salários. Pelo menos, poderemos resgatar as famílias no futebol. Ir a um jogo às 11h nos dá segurança, tranquilidade e a certeza de que não teremos arrastões nem sofreremos violência, pois a sociedade de bem é muito maior. E à luz do dia fica mais fácil para policiais e o Olho Vivo identificarem baderneiros, que insistem em achar que estádio é praça de guerra.

Estou empolgado com esse horário. Sugiro à CBF e à Globo que ampliem o número de jogos ou até passem todas as partidas dominicais do Brasileirão para as 11h. É mais seguro, confortável e tranquilo. E o cidadão ainda tem grande tempo para almoçar com a família, passear na Pampulha, ir ao Zoológico ou fazer outro programa. Para as autoridades, não faz diferença. Em seus carros blindados, com seguranças, elas podem ir a qualquer evento, diurno ou noturno. Mas, para os simples mortais, jogos às 22h são terríveis. Além da violência social, eles chegam em casa por volta das 2h, tendo de acordar cedo para trabalhar. Nem mesmo partidas às 16h têm atraído grandes torcidas. O cidadão perde o domingo longe da família para ver jogos sofríveis. Que os jogadores se acostumem ao novo horário e façam dele uma rotina para o torcedor brasileiro.

Falando de time, vamos assistir a um forte candidato ao título, o Galo, enfrentar um adversário, teoricamente, mais fraco, o Joinville. Todo cuidado é pouco, porém. Apenas o Internacional conseguiu vencer em casa pela manhã. Os demais mandantes tropeçaram, como o Cruzeiro na semana passada, diante do fraco Chapecoense. Mas esse Atlético impõe respeito, mostra quem manda em seu terreiro, e acredito que vá faturar mais três pontos e encostar de vez na liderança. Não sei se a trajetória do Sport é fogo de palha, mas já se passaram oito rodadas e ele continua firme. Com o futebol brasileiro nivelado por baixo, tudo é possível. Resta saber se o Leão terá grupo para se manter na dianteira.

Nosso assunto, contudo, é o Galo. E o time de Levir Culpi e Lucas Pratto é forte o suficiente para se manter entre os ponteiros e dar a arrancada final lá por novembro, em busca da taça que persegue há 44 anos. Desde a administração Alexandre Kalil, a equipe se tornou novamente vencedora e o sucessor, Daniel Nepomuceno, não quer perder o embalo. A torcida, em êxtase, não vê a hora de ver o capitão, hoje Leonardo Silva, levantar o caneco. Foi assim na Libertadores, na Recopa Sul-Americana e na Copa do Brasil, e não vejo motivo para ser diferente no Brasileiro. Eu vou hoje ao Mineirão? E você?

Jantar

Em jantar na quinta-feira com amigos ligados ao futebol, o papo, claro, foi o esporte bretão, e um deles se lembrou de uma passagem na Conmebol em que um dirigente disse: “O Andrés Sanches chegou, é o maior ganhador no Corinthians”. Imediatamente, outro cartola brasileiro retrucou: “Ganhou o quê? Uma Copa do Brasil e nada mais. O campeão da Libertadores e do Mundial se chama Mário Gobbi”. Fez-se um silêncio na mesa, todos concordaram. O problema é que Gobbi não fazia lobby, como o antecessor.

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