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COLUNA DO JAECI

Já foi tarde!

Sem dúvida, Guilherme é altamente técnico, diferenciado, com visão de jogo. Entretanto, não adianta a torcida saber disso no papel se na prática nada acontece

postado em 02/07/2015 12:00 / atualizado em 02/07/2015 08:05

REPRODUÇÃO
E Guilherme foi para o futebol mexicano. Como disse a capa do EM de ontem, “Adiós, Guilherme”. Ele não fará falta. Vejo algumas viúvas do jogador dando faniquito como se fosse ele fundamental para o Galo conquistar títulos. Menos, minha gente! O armador custou aos cofres do clube, entre direitos econômicos e salários, perto de R$ 30 milhões em quatro anos e três meses, para menos de 150 partidas disputadas. Não fosse o gol contra o Newell’s Old Boys, que levou o Atlético aos pênaltis na decisão da vaga na final da Libertadores, ele sairia daqui sob vaias.

O torcedor normal, que analisa o custo-benefício, sabe muito bem do prejuízo que Guilherme deu aos cofres alvinegros. Foram 17 contusões em quatro anos, a última pela Libertadores, contra o Inter. Neste ano, fez apenas nove jogos. Ele havia prometido pagar ao torcedor, com juros e correção monetária, o tempo em que ficou parado, mas não conseguiu cumprir. Além de não aceitar renovar contrato por produtividade, ainda ganhou belo aumento. Seu ciclo, porém, chegou ao fim. No fim das contas, foi mais um pesadelo do que um sonho. Tomara que no México dê o retorno esperado. Não deu no Leste Europeu, onde ficou dois anos na reserva, nem no Atlético.

Sem dúvida, ele é altamente técnico, diferenciado, com visão de jogo. Entretanto, não adianta a torcida saber disso no papel, se na prática nada acontece. Melhor do ele, o são-paulino Paulo Henrique Ganso também não consegue jogar devido a três cirurgias no joelho. Pena que dois talentos assim não tenham sequência de jogos. O futebol mexicano, que contrata Guilherme ciente do seu histórico médico, não poderá reclamar se não der certo. E não custa lembrar: ele foi fazer exames médicos. Se for constatada alguma lesão, com certeza será devolvido. Lamentável que um atleta que prometia tanto produza tão pouco por causa das contusões. Que seja feliz no Cruz Azul e consiga atuar pelo menos metade da temporada. O que acho difícil, pelo retrospecto.

Instabilidade
Conversei terça-feira com Vanderlei Luxemburgo. O técnico me disse que o Cruzeiro continuará instável por alguns jogos, mas, tão logo os contundidos se recuperem, vai recuperar o terreno perdido e brigar pelo título brasileiro. Sinceramente, não creio. Fosse ele, eu apostaria na Copa do Brasil, competição eliminatória, que nas fases preliminares tem adversários fracos. Os ponteiros do Nacional já abriram boa vantagem. Só se a equipe mudar da água para o vinho em tão pouco tempo. Como Luxa não é milagreiro, nada feito. Em relação a contratações, não dá como competir com o mercado chinês ou o europeu. O clube de Felipão vai pagar a Robinho cerca de R$ 3,3 milhões mensais, um prêmio da Mega-sena a cada mês. Algum torcedor azul acha que seria possível cometer a loucura de igualar o salário? Lembremos que o Cruzeiro tentou Valdivia, mas o Palmeiras se recusou a liberá-lo. Lucas Lima, o Santos não quis vender. E agora Robinho. É apostar e tentar montar um time competitivo com os que estão na Toca.

‘Obrigado’, Paraguai!
Se jogasse na Seleção de Dunga, eu “agradeceria” aos paraguaios, que a eliminaram nos pênaltis da Copa América e depois levaram 6 a 1 da Argentina. Placar que poderia estar reservado para nós. Os argentinos jogaram muita bola. Nosso time medíocre não suportaria a pressão. Seria bom por um lado, pois Dunga seria demitido, mas o problema do futebol brasileiro vai muito além do técnico. Na lama, ele não consegue mais formar craques como antes. Uma solução seria trazer Pep Guardiola, por exemplo, e lhe pedir que faça uma revolução e nos dê um título em 12 anos. Antes disso, com ou sem o espanhol, esqueçam. O Brasil não vai ganhar nada. A safra é a pior da história e, além disso, os jogadores não têm identidade com a Seleção, porque a maioria saiu cedo do país. A situação é grave, vexatória e humilhante. De excelência no esporte bretão, viramos apenas mais um time, não mais respeitado por ninguém.

Outra solução seria a Liga dos clubes, com a CBF cuidando apenas da Seleção. Já passou da hora de nos inspirarmos na Europa. É preciso um projeto de médio prazo para formarmos uma geração identificada com o país, com a torcida, com nossos costumes. Os caras hoje são eliminados, pegam um avião, na primeira classe, e vão curtir férias em balneários a bordo de iates de amigos também milionários. Já que nos dão “uma banana”, que tal a devolvermos? Por que não existe um técnico capaz de convocar uma equipe genuinamente nacional? Sei que não há nenhum craque no país, mas, para perder com “forasteiros”, é melhor que seja com nova safra, criada e atuando aqui, que sinta na pele a humilhação do 7 a 1 aplicado pela Alemanha na Copa do Mundo, bem no nosso Mineirão.

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