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COLUNA DO JAECI

Será que dá, Mano?

O primeiro teste será hoje, diante da Ponte Preta, em Campinas. Se for bem e vencer Figueirense e Vasco em seguida, poderá chegar a 31 pontos e deixar distante a possibilidade do rebaixamento

postado em 02/09/2015 12:00 / atualizado em 02/09/2015 08:11

Paulo Filgueiras/Estado de Minas
Nova York –
A Seleção Brasileira fará dois amistosos na terra do Tio Sam, mas sabemos que ela já não desperta o interesse de quase ninguém. Ainda somos os únicos pentacampeões do mundo, mas técnicos incompetentes e jogadores medíocres banalizaram o escrete, sem contar empresários que escalam, mandam e desmandam. Novos tempos. Mas é preciso acompanhar os bastidores, porque Seleção sempre dá notícia quente. Por falar em treinador, Vanderlei Luxemburgo foi demitido. Um dirigente do Cruzeiro me contou que o presidente Gilvan de Pinho Tavares ficou chateado por mandar embora o campeão da tríplice coroa de 2003, mas, diante dos resultados ruins, não havia alternativa. Luxa não ficou nem três meses no cargo. Pegou o time na penúltima posição, com um grupo que não montou, tirou-o do Z4, mas não avançou muito.

O grupo desqualificado, com alguns jogadores abaixo da crítica, o derrubou. Ele tentou várias formações, mas, com os limões podres que recebeu, não houve mesmo jeito. Lamento a falta de respeito com ele e com o presidente. Como tem gente ruim no mundo, despreparada, agressiva, medíocre mesmo. Alguns se sentem donos do clube, como se representassem os milhões de torcedores azuis mundo afora. O Cruzeiro é dos torcedores anônimos, que torcem para o time, não para eles mesmos. Já passou da hora de a Polícia Federal dar jeito nisso. O Ministério Público precisa agir contra torcedores travestidos de bandidos.

Página virada, Mano Menezes foi anunciado como o novo treinador. Tenho muito carinho por ele, o respeito, mas lembro: há alguns anos, Zezé Perrella, então vice-presidente, o anunciou pela manhã, mas à tarde ele fechou com o Corinthians. Na época, desprezou o clube mineiro, preferindo o projeto do paulista, que havia acabado de cair para a Segunda Divisão. É direito dele. Convivi com Mano na Seleção. Fiz bela entrevista com ele em Paris, às vésperas de derrota para a França por 1 a 0, gol de Benzema, numa noite gelada em Saint-Dennis. Encontrei-o algumas vezes quando dirigiu o Flamengo. Cidadão educado, polido e respeitoso, pensa no que vai falar. Curiosamente, fui o primeiro a anunciar sua demissão, no EM, depois da Olimpíada. Disse que era questão de tempo, porque os dirigentes da CBF não mais o queriam. Eles esperaram até dezembro e o mandaram embora. O técnico saiu de cabeça erguida, mas magoado. Sorte dele, senão teria passado pelo vexame de tomar de 7 a 1 da Alemanha.

Será o terceiro técnico celeste em 2015. Preocupa-me saber que vai herdar o mesmo que o antecessor: Mena, Paulo André, Charles, Leandro Damião e outros menos votados. Jogadores que vivem péssima fase e nem de longe merecem vestir a camisa azul. Mas é o que tem e, assim como Luxemburgo, ele terá de fazer a limonada com limões podres. Digo o mesmo que disse quando Luxa chegou: Mano é técnico de futebol, não milagreiro nem pajé. Sem poder contratar ninguém, terá a missão de tirar o time da situação em que se encontra. Por sorte, vai pegar Ponte Preta, Figueirense e Vasco – sequência boa, com equipes candidatas ao rebaixamento. Talvez conquiste vitórias, pela fragilidade dos adversários, e não pela competência de uma equipe caindo pelas tabelas. Mano vai incorrer no mesmo erro de Luxa: treinar e pôr para jogar um time que não montou. Mas a torcida aposta nele e já não respeitava o passado do antecessor. No Brasil é assim. Nós, brasileiros, não valorizamos passado nem história. Só vale o hoje. Pena, pois a história do futebol é contada ao longo de jogos e jornadas.

O primeiro teste de Mano será hoje, diante da Ponte Preta, em Campinas. Se for bem e vencer Figueirense e Vasco em seguida, poderá chegar a 31 pontos e deixar distante a possibilidade do rebaixamento. O problema é que o time não tem jogado nada. Se for muito bem nesses jogos, ficará claro um boicote a Luxemburgo por parte dos jogadores. Luxa garantiu que eles são profissionais dedicados, mas há quem aponte a existência de grupinhos. A verdade virá à tona, dependendo dos resultados.

Boa sorte a Mano. Como eu disse, é um cara honesto, correto e educado. A exemplo de Levir Culpi, tem no currículo apenas dois títulos da Copa do Brasil – um pelo Corinthians e o outro incompleto, porque largou o Flamengo no meio da campanha. Na Seleção, não teve grande desempenho. Com ele, assume novo vice-presidente de futebol, Bruno Vincintim, jovem, dedicado, torcedor apaixonado e profundo conhecedor de futebol. Perguntem a ele sobre qualquer jogador, que terá a resposta na ponta da língua. Tenho certeza de que Marcus Vinícius, Allano e outros garotos terão sequência de jogos. Essa é a filosofia do novo dirigente e deverá também ser a de Mano.

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