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COLUNA DO JAECI

Liga dos Campeões: sonho de consumo

É preciso um movimento da sociedade esportiva em prol da mudança do técnico da Seleção, dos conceitos, e de uma proposta inovadora, que nos aproxime do jogo praticado no Velho Mundo

postado em 26/11/2015 12:00 / atualizado em 26/11/2015 08:22

AFP
Assistir a um jogo da Liga dos Campeões é um colírio para os olhos de quem gosta do bom futebol, como grande parte da minha geração. Infelizmente, a garotada de hoje não sabe o que é futebol na essência, na alma. Os jogos dos times brasileiros são sofríveis, alguns beiram o ridículo, são espelho da maioria dos treinadores. Terça-feira, assisti à goleada e à aula do Barcelona contra a Roma, com a volta de Messi à condição de titular. Fosse um brasileiro que atuasse mal, nós, da imprensa, logo justificaríamos com o tempo em que ficou parado, mas, como é um gênio da bola, atuou como se nada tivesse ocorrido, fazendo gols, um deles de placa, naquela cavadinha que mata o goleiro. Para mim, ainda é o melhor do mundo, embora o também craque português Cristiano Ronaldo tenha sido o eleito pela Fifa nos dois últimos anos.

E o Bayern, de Pep Guardiola? Que timaço! O treinador é o sonho de consumo de 10 em cada 10 brasileiros para dirigir nossa Seleção e modificar sua estrutura arcaica e ultrapassada. Não será com Dunga que faremos isso. Mas com o espanhol certamente poderíamos recuperar o que os técnicos brasileiros nos tomaram: o verdadeiro futebol. Antes que algum desavisado me mande mudar para a Europa, digo que é meu sonho, pois, infelizmente, nasci no país da corrupção, falcatrua, falta de saúde, educação e, nos dias atuais, até do futebol. Quem diria! Fomos respeitados por décadas e viramos motivo de chacota por onde passamos. Saudades de Telê Santana, Carlos Alberto Silva, Ênio Andrade, Dino Sani, Flávio Costa, Zezé Moreira e tantos outros grandes treinadores, que gostavam do futebol-arte, formavam craques, que davam espetáculo. Hoje, quando temos um jogo razoável, vibramos.

Pena que o futebol brasileiro tenha chegado ao seu nível mais baixo. Nem mesmo o Corinthians, campeão nacional, é referência. Exceto para a crônica paulista, que vê no Timão o Barcelona daqui. Menos, gente! É campeão por merecimento, mas com estilo pragmático, de contra-ataques e só. Gostaria de estar escrevendo que o Brasil tem o melhor futebol do mundo, os melhores jogadores e treinadores, porém, já somos enganados em tantas coisas neste país, que não acho justo mentir para meus leitores e leitoras. A verdade é que estamos no fundo do poço, buscando uma saída para reerguer nosso esporte predileto. Não é fácil e não acredito em solução a curto prazo. Se mudarmos nossa mentalidade desde já, poderemos pensar em ganhar uma Copa em 2030. Até lá, é ter humildade, reconhecer que há seleções vários degraus na frente e que precisamos copiar o que há de melhor na Europa, em clubes e seleções. Se não, vamos continuar sacos de pancada de Alemanha, Holanda, que nem sequer se classificou para a Eurocopa, e outras menos votadas.

É preciso um movimento da sociedade esportiva em prol da mudança do técnico da Seleção, dos conceitos, e de uma proposta inovadora, que nos aproxime do jogo praticado no velho mundo. Sei que o “futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes da vida”, mas ainda é o esporte que nos movimenta, nos envolve, nos tira de casa. Não sei por quanto tempo, pois, com as gangues organizadas, a violência no país e tanta falcatrua, o encanto está acabando. Resgatar nossa história, que passou por Pelé, Garrincha, Nílton Santos, Carlos Alberto, Piazza, Gérson, Rivellino, Bebeto, Romário e Ronaldo será difícil, mas é preciso ser feito algo para salvá-la. Ainda há tempo, que está se esgotando com a velocidade com que Messi entra na área adversária para fazer seus belos gols.

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