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COLUNA DO JAECI

É preciso pressa para contratar

postado em 30/11/2015 12:00

Cuca (foto) é a bola da vez no Atlético. Depois que Muricy Ramalho flertou com o Flamengo (deverá assumir o rubro-negro), não há muita opção de qualidade no mercado. Cuca está amparado pelo ex-presidente Alexandre Kalil e seu filho do meio, o advogado João Luiz, amigo particular de Cuca. Eles bateram longo papo com o treinador na sexta-feira, com certeza pedindo a volta dele. Cabe ao presidente atleticano, Daniel Nepomuceno, contratá-lo, mas há uma aresta que precisa ser aparada – ele não gostou da forma como o treinador deixou o clube, quando anunciou, na véspera do Mundial, que iria para a China. O desfecho, o torcedor alvinegro conhece bem: eliminação na semifinal para o Raja Casablanca, num dos maiores vexames da história do clube, e muitos atleticanos, que venderam carro e casa, pagando a viagem até hoje.

Nada impede que Cuca volte, desde que haja uma boa conversa com o mandatário. O treinador também está de saco cheio da China. Ganhou muito yuan, moeda do país, mas aquilo lá não é nada bom. Estive lá por seis vezes, e, durante a Olimpíada de Pequim, passei um mês e meio. Olha que fiquei na capital, imagine no interior... Rodamos algumas cidades e percebi que a ditadura vai continuar por séculos, já que, como disse nosso guia nos Jogos Olímpicos, “para controlar 1,3 bilhão de pessoas só mesmo com mão de ferro”.

Cuca é bom treinador. Ele ficava furioso comigo quando eu dizia que ele não tinha sorte de vencedor. Tirando a Libertadores, não ganhou absolutamente nada no futebol, a não ser dinheiro e experiência. Mas é um cara trabalhador, que sabe montar times, principalmente no trabalho do dia a dia. Na última vez em que ele esteve no meu programa, o Alterosa no ataque, eu disse a ele que o achava um baita técnico, mas que ele não enxergava bem o jogo. Ele pensava o contrário, que substituía muito bem. Conceitos à parte, acho que se Cuca for contratado será ótimo para o Atlético. Resta saber se ele vai trabalhar com Marcos Rocha, que o mandou para aquele lugar ao ser substituído em um jogo do Mundial, lembram-se?

Sabella e o técnico do San Lorenzo também interessam a Daniel Nepomuceno, mas é preciso saber se eles conhecem bem o nosso futebol, se terão tempo para trabalhar e se realmente querem vir. Gostaria muito de ver técnicos hermanos no meu Flamengo. Com raras exceções, não acredito mais nos treinadores do nosso país. Muito enganadores, sem esquema de jogo, sem qualidade, mas todos ricos. Nesse quesito, são os mais inteligentes do mundo. Enganam, ganham muito dinheiro, e vão rodando o país, sem nada conquistar. Eta mamata boa!

Não se iludam quando um técnico diz que não negocia com clube que tem treinador. Mentira. Eles são sondados, ouvem a proposta, fazem contraproposta, e quando o colega é mandado embora, acertam o contrato. Mas, normalmente, tudo já estava apalavrado. E não me venham com essa de ficar com pena do Levir só porque ele chorou na entrevista coletiva. Já vi técnicos largarem os clubes por propostas mirabolantes. No caso de Levir, foi o presidente que não o quis mais, conforme antecipei há um mês.

Admito e admiro que ele tenha uma relação afetiva com o clube, mas eu também choraria se perdesse R$ 500 mil mensais, sem ter nenhum tipo de cobrança. Vejo a imprensa dizer que Levir conquistou muitos títulos. Quais? Uma Copa do Brasil, em 1996, com o Cruzeiro, e outra ano passado, com o Galo. Recopa é piada, pois ele mesmo havia vencido com o Cruzeiro em 1999 e nem se lembrava. Depois de ganhar a Copa do Brasil com o Galo, ele levou o Estadual, em cima da Caldense e de forma desonesta, já que o gol de Jô foi em impedimento e o árbitro deixou de marcar pênalti no atacante da Caldense. Além disso, Levir foi eliminado da Libertadores e da Copa do Brasil – neste último pelo Figueirense, time de segunda linha do nosso futebol. No Brasileiro, começou bem e terminou muito mal, com substituições equivocadas, escalações ruins e muito questionado pela torcida. Parabéns, Levir, pela emoção. Mas o trabalho tem de ser contestado sim. E técnico tem de ter sorte de vencedor, senão de nada adiantam campanhas boas. Título é o que importa para a torcida.

Se quiser trabalhar no Brasil, Levir não ficará desempregado muito tempo. O São Paulo, onde ele trabalhou e fracassou, pode ser uma boa casa. Ou talvez volte para o Japão, onde ficou rico e é muito benquisto. Lá é o lugar ideal para técnicos com poucos títulos, pois boas campanhas são suficientes para manter o emprego. Se Cuca voltar ao Galo, que tenha a sorte dos campeões, que monte um time forte e competitivo e que possa ganhar novamente a Libertadores. Só que desta vez seu time vai precisar jogar bola, pois a sorte que o acompanhou em 2013 dificilmente virá de novo. O “eu acredito” está caindo por terra, pois uma equipe precisa é ter a certeza de que tem condições de disputar os troféus, com competência e qualidade. A sorte só ajuda quem é competente. O Galo deve ter pressa para escolher o novo treinador. É hora de planejar 2016, contratar jogadores e traçar o que deseja. Para falar a verdade, os títulos que importam são Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial. O resto é para inglês ver e fazer crescer o currículo de técnicos que quase não ganham nada.

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