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COLUNA DO JAECI

Bento terá apoio e tempo?

Essa história de trocar treinador duas ou três vezes na temporada nunca dá certo

postado em 25/05/2016 12:00

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
O Cruzeiro é o maior ganhador de títulos em Minas Gerais. Cito sempre os que considero mais expressivos: quatro Brasileiros, quatro Copas do Brasil e duas Libertadores. Acostumou seu torcedor a comemorar taças e provocar os rivais. Em 1996, ganhou a Copa do Brasil. Em 1997, a Libertadores. Em 2000, novamente a primeira. Em 2003, a mesma e o Brasileiro. Em 2013 e 2014, outra vez o Nacional. Ou seja, em duas décadas, um título a cada dois anos e meio, média excepcional e poucas vezes igualada. Mas em 2015 o time azul passou em branco e chegou a correr risco de rebaixamento. Neste ano, ainda corre atrás da formação de equipe competitiva e capaz de voltar a conquistar troféus.

Não é fácil montar time durante a competição. O português Paulo Bento (foto) já identificou que terá trabalho árduo pela frente. O material humano é fraco, o dinheiro para contratações é escasso, a torcida anda impaciente. E está no papel dela quando vaia e pede jogador. Só não pode agredir e xingar o único presidente bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro, honrado e decente. Ninguém fica no auge por muito tempo, ainda mais no futebol do país, que, mesmo na lama, ainda é grande exportador de jogadores.

Gosto de citar o Corinthians como exemplo quando a fase é ruim. Com Tite, ele foi eliminado pelo tolima na Pré-Libertadores de 2011. Nem por isso o presidente Andrés Sanches demitiu o treinador. A torcida exigia, mas o cartola bancou o técnico, que no mesmo ano foi campeão brasileiro e no seguinte ganhou Libertadores e Mundial de Clubes. Imagino se o Cruzeiro terá a mesma paciência com Bento. Quando Bruno Vicintin cruzou o Atlântico para buscar o português, sabia que lhe entregaria um grupo fraco, e ninguém tira água de pedra.

No jogo desta quarta-feira, por exemplo, uma derrota é bem provável, pela excepcional fase do Santa Cruz, líder, que joga em casa. A torcida vai ficar furiosa e cobrar dos mesmos dirigentes que declararam, na época de Deivid, que somente resultados mantêm técnico. Aí pergunto: se as vitórias não vierem, vão demitir Bento? Essa história de trocar treinador duas ou três vezes na temporada nunca dá certo. Será preciso muita paciência com jogadores e com o técnico para a coisa não desandar.

Já disse que este Brasileiro está fraquíssimo. Pode ser a sorte do Cruzeiro, num perde e ganha constante. Não se pode é deixar a turma da frente escapar. É necessário pontuar em casa e fora para atingir algum objetivo: Libertadores, por exemplo. Não creio em título, quem sabe terceiro ou quarto lugar? Mas, sem reforços de peso – artigo atualmente em falta – será difícil. A diretoria se movimenta. Rafael Sóbis, vencedor, seria um grande nome. Pena que Mayke, depois de surgir como excelente lateral, tenha se perdido. Ninguém pode recuperá-lo? Dedé, um dos melhores zagueiros do país, teve volta precipitada e acabou sofrendo nova contusão. Ficou mais de um ano parado e agora outro longo período. Era o termômetro da defesa. Não há na base algum segundo volante? Lucas Romero parece bom, mas o condenável pisão nas costas do jogador do Coritiba deve lhe custar caro.

Tenho ouvido comentários sobre treinos de Bento após os jogos. Penso que está indo por um caminho errado. Não adianta querer mudar a cultura do jogador brasileiro do dia para a noite. Quando tentou implantar treinos de manhã e à tarde no Real Madrid, Vanderlei Luxemburgo se deu mal. Os galáticos eram acostumados a treinar das 11 às 13h. Bento precisa ganhar o grupo para conseguir o algo mais. Se não obtiver resultados nem apoio, estará fadado a cair bem antes do que imagina, a não ser que o presidente mande embora 12 ou 13 atletas e o mantenha. Com 46 anos de futebol, jamais vi isso ocorrer.

GALO

O Atlético tem um dos times e grupos mais fortes do país. Não vejo necessidade de reforços para suprir a ausência de Cazares e Erazo, que foram para a Copa América, assim como Douglas Santos. Há nomes em condições de dar conta do recado. Pelo que conheço de Marcelo Oliveira, que foi um craque e se ainda jogasse seria titular em qualquer clube do país, Patric não terá vez como atacante ou armador. Pode disputar a lateral direita com Marcos Rocha, mas acho improvável que supere o melhor do país. Portanto, se o técnico for coerente com sua filosofia, Patric será banco. Como Marcelo começou na base do clube, certamente buscará nela os reforços necessários.

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