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TIRO LIVRE

Felipão no lucro

Se o empate sem gols não era suficiente para lavar a alma do técnico, certamente em seu íntimo ele sentia um certo alívio

postado em 22/08/2014 15:19 / atualizado em 22/08/2014 15:23

Kelen Cristina /Superesportes

Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press


A partida era Cruzeiro x Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro. Mas ficou impossível dissociá-la de Luiz Felipe Scolari e seu retorno ao Mineirão, um mês e meio depois do desastre na semifinal da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira. A goleada imposta pela Alemanha por 7 a 1 ainda vai assombrar Felipão por muito tempo, e ontem lá estava ele, no palco daquele que pode ser considerado o maior pesadelo de sua carreira.

Felipão tentou ser discreto durante o tempo. Vestido com um agasalho azul (depois trocado por um preto), seguiu direto para o banco de reservas - curiosamente o mesmo em que ficou na derradeira partida da Seleção no Mundial. Ao lado do fiel escudeiro Murtosa (foto), procurou manter a discrição durante todo o tempo. Não concedeu entrevista antes do confronto com o Cruzeiro, levantando-se apenas para cumprimentar o colega Marcelo Oliveira.

Assim que a bola rolou, foi o Felipão de sempre, com as caras e bocas usuais. Até os 40min do segundo tempo, o esquema armado por ele cumpria sua missão. O Grêmio segurava o Cruzeiro e conseguia passar incólume pelo Gigante da Pampulha, onde a Raposa costuma atropelar seus adversários. Se o empate sem gols não era suficiente para lavar a alma do técnico, certamente em seu íntimo ele sentia um certo alívio, por todas as circunstâncias, do passado e do presente.

Mas aos 40min do segundo tempo, o zagueiro Dedé surpreendeu ao aparecer bem na frente e cruzar na medida para o cabeceio do atacante Dagoberto, que havia entrado no lugar de Júlio Baptista. O Cruzeiro, ainda que timidamente, novamente foi Cruzeiro. Confirmou a força de seu grupo, sua superioridade em casa e manteve o 100% de aproveitamento no estádio, com seis vitórias. Ainda: recuperou a vantagem de cinco pontos para o segundo colocado, Internacional, em mais um passo para consolidar a grande campanha que faz no Brasileiro.

O placar de 1 a 0 foi até fichinha perto da última lembrança que Felipão tinha de sua ida ao Mineirão. De certa forma, o treinador gaúcho ficou no lucro. Depois da partida, na entrevista coletiva, ele evitou superdimensionar sua volta à Pampulha. Tentou se ater apenas aos detalhes técnicos do confronto, analisar as virtudes e falhas de sua equipe. Questionado sobre a sensação de estar novamente ali, limitou-se a dizer: “É como voltar a qualquer estádio, nada mudou, meu trabalho continua, está tudo igual.”

Felipão manteve o jeito durão, mas tudo igual não deve estar. Existe a cicatriz, para volta e meia relembrá-lo da ferida. Com o Grêmio, ele recomeçou a caminhada, mas não apagou os tropeços que ficaram para trás e farão para sempre parte de sua história.

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