Cruzeiro
None

TIRO LIVRE

Hora de recomeçar

Por mais que a Libertadores deste ano esteja mais equilibrada que a de edições anteriores, parece não haver um time imbatível, um bicho-papão de meter muito medo

postado em 24/04/2015 08:37

LEANDRO COURI / EM DA PRESS
O futebol, como a vida, muitas vezes nos proporciona segundas chances. São oportunidades que temos para analisar nossas ações, aprender com os erros e corrigir o rumo de nossa caminhada. Muitas vezes – talvez na maioria delas –, esse aprendizado vem depois de um pouco de sofrimento, um pequeno trauma que desperta a faísca da necessidade de mudança. São essas chacoalhadas, que de início assustam, que nos impulsionam. Pois esse alerta já acendeu para Atlético e Cruzeiro. A classificação um tanto quanto dramática às oitavas de final da Copa Libertadores acionou o alarme. Passado o impacto, veio o alívio e, a reboque, a esperança.

A expectativa do torcedor é que, até 6 de maio, quando alvinegros e celestes iniciarão a fase de mata-mata, uma nova história seja escrita. Bem ao estilo do “quando tá valendo, tá valendo”, frase cunhada por Ronaldinho Gaúcho durante a Libertadores de 2013. Os erros, agora, podem ser fatais, diante do caráter eliminatório dos confrontos.

Brincar com a sorte, ou depender extremamente dela, é cartada arriscada demais para quem sonha em alçar voos maiores. Para Galo e Raposa, a correção de rota pode significar até mais um clássico histórico para o currículo – como estão em lados separados do chaveamento, existe a possibilidade de os arquirrivais se encontrarem na decisão, desde que haja um terceiro brasileiro nas semifinais. Para quem vibrou com o duelo mineiro na final da Copa do Brasil, uma decisão de título da Libertadores soa surreal. Até lá, no entanto, há um longo caminho a seguir.

Mesmo em seus melhores momentos na fase de classificação, Atlético e Cruzeiro não conseguiram agradar plenamente. A instabilidade marcou a campanha de ambos e deixou na torcida uma pitada de desconfiança. Quando atleticanos e cruzeirenses acreditavam que o time embalaria, logo se deparavam com um decepcionante revés. Mas quer saber? Por mais que a Libertadores deste ano esteja mais equilibrada que a de edições anteriores, parece não haver um time imbatível, um bicho-papão de meter muito medo. Até mesmo o Boca Juniors, primeiro colocado geral, mostrou deficiências. O Corinthians, descrito por muitos críticos como o melhor time do Brasil na atualidade, também teve suas derrapadas. O Internacional, sob o comando de Diego Aguirre, só começou a empolgar seu torcedor nas últimas partidas. E justamente aí reside a esperança da torcida mineira.

Dos 16 times que estão nas oitavas de final, nada menos que 10 já sentiram o sabor de erguer a taça, e Atlético (com uma conquista) e Cruzeiro (com duas) estão entre eles. No momento da decisão, esse passado vitorioso conta. Mas além de controlar os nervos, um campeão é feito de talento. Por mais que tenham enfrentado dificuldades, Galo e Raposa contam com jogadores que podem decidir partidas. De Arrascaeta (foto) pelo lado celeste e Guilherme, pelo alvinegro, já apresentaram seu repertório. Falta, no entanto, um acerto técnico e tático para que mostrem um jogo mais consistente, uma evolução coletiva. Foi a ausência dessa harmonia que resultou nos tropeços.

Nada mais adequado, neste momento, do que dizer: bola pra frente. Atlético e Cruzeiro sobreviveram ao inferno e estão em uma espécie de purgatório, à espera de uma chance de alcançar os céus. A partir de agora, cada passo vai definir o rumo a seguir. Que eles façam as escolhas certas.

Tags: cruzeiroec atelticomg