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COLUNA TIRO LIVRE

De rivais a coirmãos

Talvez todo esse cenário acabe sendo o combustível que vai colocar fogo no clássico entre Cruzeiro e América. Os dois times precisam vencer

postado em 27/05/2016 12:00 / atualizado em 27/05/2016 09:24

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
O primeiro clássico mineiro neste Campeonato Brasileiro, amanhã, no Mineirão, não tem lá muito clima de festa. Cruzeiro e América claudicantes, ainda sem vitória na competição, vizinhos na zona de rebaixamento, com atacantes de pontaria descalibrada e defensores sonolentos... De rivais, eles viraram coirmãos no desalento, companheiros de lamentações. Fosse em outro contexto, caberia até uma certa solidariedade entre as partes. Mas em se tratando de futebol, meus caros, toda e qualquer compaixão com a tristeza alheia vai ter de acabar assim que soar o apito inicial. A redenção de um lado significa a derrocada do outro – e de qual lado você, jogador, vai querer estar?

Os caminhos de Raposa e Coelho se cruzam tanto que até os treinadores têm dado explicações semelhantes para os últimos tropeços. Não fosse o sotaque para diferenciar o nordestino Givanildo Oliveira do português Paulo Bento seria difícil distinguir, pois o que um tem dito para sua equipe se encaixa perfeitamente para a outra, repare só. “É o futebol. Quem não faz leva. Tínhamos tudo para ganhar, mas não ganhamos por causa de três falhas”, afirmou um deles. “Com quatro ou cinco oportunidades de gol no primeiro tempo, não fizemos. E acabamos, depois, sendo punidos”, comentou o outro.

E aí, quem disse o quê? Bem, a primeira afirmação foi de Givanildo Oliveira, no fim da noite de quarta-feira em BH, depois do empate do América com o Vitória por 1 a 1. A segunda é de Paulo Bento, que concedeu entrevista quase que simultaneamente, lá do Recife, e explicava a goleada sofrido pelo Cruzeiro para o Santa Cruz por 4 a 1.

Talvez todo esse cenário acabe sendo o combustível que vai colocar fogo no clássico. Os dois times precisam vencer. Mais do que isso: precisam convencer – e não apenas o torcedor. Cruzeiro e América precisam convencer a si mesmos de que podem mostrar mais do que têm apresentado, mesmo diante de suas claras limitações. É a tal competitividade que Paulo Bento constatou que faltou à Raposa diante dos pernambucanos. O poder de definição que Givanildo cobrou do seu time depois do jogo contra os baianos. Se os comandantes conseguirem contagiar seus comandados, aí, sim, será possível botar fé em uma boa partida amanhã.

O triunfo também servirá para mexer nas estatísticas do duelo pelo Brasileiro. E esse não é um confronto que tem ocorrido com tanta frequência – nos últimos 20 anos, será apenas o sexto por um Nacional, sendo o terceiro na era dos pontos corridos, iniciada em 2003. Na edição de 2011, os dois jogos, ambos na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, terminaram empatados: 1 a 1 pelo turno e 0 a 0 pelo returno.

A vitória mais recente é do América, que goleou a Raposa por 3 a 0 pelo Brasileiro de 2001 (ano em que foi rebaixado), no Ipatingão, gols de Tucho, Somália e Ricardo. O Cruzeiro ganhou pela última vez em 3 de outubro de 1998, sob o comando de Levir Culpi: fez 4 a 1 no Mineirão. Gilberto, Müller, Ricardinho e um ascendente Fábio Júnior marcaram os gols celestes. Dimba descontou para o Coelho, que era dirigido por Hélio dos Anjos. Depois disso, eles voltaram a se enfrentar pela Copa João Havelange de 2000, em jogo que ficou 1 a 1, antes daquela partida de 2001. Como se vê, já passou da hora de o duelo voltar a ter um vencedor.

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