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TIRO LIVRE

Viking na área

"O gaúcho não para quieto. Está longe de ser o tipo de atacante que espera a bola chegar aos seus pés"

postado em 24/02/2017 12:00

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
O visual é de viking – aqueles guerreiros nórdicos barbudos e de cabelos longos, cujo estilo entrou em voga na esteira do sucesso de uma série de TV. A frieza para finalizar também. Nenhum jogador do Cruzeiro tem aproveitado tão bem o início de 2017 como o atacante Rafael Sobis (foto). A cada partida, ele tem mostrado ao técnico Mano Menezes quão acertada foi a decisão de deixá-lo ali, como o dono da área, pertinho do gol.

Não dá nem pra dizer que Sobis é o centroavante do time. Isso se imaginarmos o velho conceito de centroavante: aquele jogador mais pesado, que fica fixado na área, e dela pouco se distancia, como o argentino Ramón Ábila. O gaúcho não é desses. Ele não para quieto. Está longe de ser o tipo de atacante que espera a bola chegar aos seus pés. Pelo contrário: a exemplo dos exploradores escandinavos que inspiram seu visual, Sobis batalha por ela. Ajuda a desarmar os adversários. Dá assistências. E, claro, balança as redes.

Ainda que a temporada esteja apenas no começo, já é possível perceber as consequências dessa mudança no posicionamento dele, de segundo homem do ataque celeste ao principal atacante do time. Em 2016, Sobis marcou quatro gols em 28 partidas e deu três assistências. Neste ano, em sete jogos (contando o amistoso contra o Brasília), já contabiliza nove gols e serviu aos companheiros três vezes.

A última partida, a goleada por 6 a 0 sobre o São Francisco, na quarta-feira, pela Copa do Brasil, foi apenas mais uma amostra. Noves fora a fragilidade do time paraense, e até uma certa inocência no posicionamento defensivo deles, Sobis só faltou fazer chover no Mineirão. Roubou a bola que resultou no primeiro gol cruzeirense. Deixou os zagueiros enlouquecidos com sua movimentação. Apresentou-se para tabelas. E, pela primeira vez na carreira, marcou quatro gols num só tempo de partida. Curiosamente, todos de canhota, segundo o atacante, a “perna ruim” dele.

Com um olhar mais atento a cada um dos lances é possível captar mais do que o óbvio: percebe-se a inteligência da movimentação de Sobis, a serenidade nas conclusões, características típicas dos artilheiros. O mais legal foi ouvir a explicação do camisa 7 para tal eficiência: “É não fazer frescura dentro de campo”.

Frescura parece ser mesmo algo que não faz parte do vocabulário dele. Outro dia, num bate-papo descontraído com torcedores numa rede social, Sobis foi sabatinado. Ouviu toda sorte de pergunta, de fãs mineiros, gaúchos, cariocas e mexicanos, país onde atuou por um ano (2015/2016). Quiseram saber se Sobis era vaidoso, como aparentava ser. Se frequentava barbearias badaladas da capital mineira. Até o tipo de xampu que usa no cabelo questionaram – se era algum produto especial, importado, etc. e tal. A todas essas perguntas, a resposta era uma só: “Não”. Nada de cuidados especiais, nada de vaidade, nada de perfumaria extrema. O atacante assegurou que é bem básico.

Os fãs também perguntaram se ele acompanhava futebol europeu, e qual tipo de campeonato ele via nas horas vagas. Pois nas horas vagas, nada de futebol. “Futebol, gosto só de jogar”, decretou. Outra curiosidade, o gosto musical. Esqueça pagode, sertanejo ou gospel. Na playlist de Sobis só rola rock e pop. E nas folgas, dá-lhe churrasco, como convém a todo bom gaúcho. Morador de um condomínio em Nova Lima, ele costuma presentear seus seguidores com belas fotos do pôr do sol, num cenário bem bucólico.

Quase oito meses se passaram desde que ele desembarcou em Confins. E hoje, artilheiro do Cruzeiro, Sobis parece finalmente ter encontrado seu espaço em Minas Gerais. Dentro e fora das quatro linhas.

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