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Raio-X: o rendimento e os números dos 17 anos da dinastia Perrella no Cruzeiro

Novo presidente celeste, Gilvan de Pinho Tavares, toma posse nesta sexta-feira

postado em 15/12/2011 20:03 / atualizado em 21/08/2017 18:15

Marcos Michelin/Estado de Minas - 27/12/2002

O presidente eleito do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, toma posse nesta sexta-feira, na sede campestre do clube, na Pampulha. É o fim da ‘dinastia Perrella’, depois de 17 anos à frente da Raposa. O Superesportes fez um levantamento de todas as temporadas comandadas pelos irmãos Zezé e Alvimar, durante esse tempo. Foram 1.212 jogos disputados, 633 vitórias, 274 empates e 305 derrotas, com 2.189 gols marcados e 1.364 sofridos, cravando um aproveitamento de 59,76%.

Os irmãos Perrella disputaram 80 torneios e conquistaram 23 títulos, além de 12 vices.

Soraia Piva


1995 – Bom início da dinastia
A goleada sofrida para o Remo por 5 a 1, no Mineirão, em novembro de 1994, provocou a renúncia do então presidente César Masci. O conselho se reuniu em 18/11 e proclamou Zezé Perrella como novo presidente. Começava ali a ‘dinastia Perrella’ no Cruzeiro. O clube conquistou dois torneios sul-americanos: a Copa Máster, contra o Olímpia-PAR e a Copa Ouro, contra o São Paulo. No Brasileirão, o clube foi eliminado na semifinal, pelo Botafogo, e terminou a competição em terceiro lugar.



1996 – O primeiro time de chegada
O segundo ano de Zezé Perrella no Cruzeiro foi um dos mais expressivos, pois o time brigou por títulos em todos os torneios que disputou. O Cruzeiro foi campeão mineiro, ganhou a Copa do Brasil em cima do ‘imbatível’ Palmeiras e terminou a fase de classificação do Brasileirão em 1º lugar. Nas quartas de final, uma eliminação precoce para a Portuguesa acabou com o sonho da torcida. O time ainda foi vice-campeão da Supercopa dos Campeões da Libertadores, perdendo a final para o Vélez Sarsfield. Se o Brasileirão daquele ano tivesse sido por pontos corridos, a Raposa teria sido campeã.



1997 – A maior glória
Em números, o ano de 1997 foi o pior da dinastia Perrella à frente do Cruzeiro. Foram 29 vitórias e 28 derrotas. Na prática, porém, foi a temporada que trouxe a maior glória da história do time: o bicampeonato da Copa Libertadores da América. Além disso, o clube foi bicampeão mineiro. No segundo semestre, a equipe lutou contra o rebaixamento do Brasileirão e perdeu o Mundial Interclubes para o Borussia Dortmund-ALE, depois de contestadas contratações de verão realizadas por Zezé Perrella: os atacantes Bebeto e Donizete, além do zagueiro Gonçalves.



1998 – O time do ano, mas repleto de vices
O ano de 1998 terminou para a torcida cruzeirense com um gostinho amargo. Isso porque o clube chegou à final da Copa do Brasil, do Campeonato Brasileiro e da Copa Mercosul e acabou perdendo as três decisões. Como consolo, ficou o tricampeonato mineiro, conquistado sobre o Atlético. No fim do ano, parte da imprensa nacional considerou o Cruzeiro o melhor time da temporada, apesar da sina dos vices.



1999 – Clássicos marcam a temporada
O tetracampeonato mineiro não veio em 1999, mas o Cruzeiro conquistou a Copa dos Campeões de MG em cima do rival com uma sonora goleada de 5 a 1, no Mineirão. No Brasileiro, o clube celeste disputou a ponta da tabela durante todo o torneio, classificou-se em segundo lugar, mas foi eliminado pelo Galo nas quartas de final, com duas derrotas.



2000 – Tri da Copa do Brasil
Em 2000, o Cruzeiro foi tricampeão da Copa do Brasil de forma marcante, virando a partida contra o São Paulo, aos 44 minutos do segundo tempo, no Mineirão. No Brasileiro, o time terminou a fase de classificação na liderança, mas acabou sendo eliminado na semifinal para o Vasco. De novo, o Cruzeiro foi o time de melhor aproveitamento na competição, ou seja, se o Brasileiro fosse por pontos corridos, o clube teria sido campeão.



2001 – Edmundo, Rincón e fracassos
Em 2001, o Cruzeiro montou um time repleto de estrelas, com Edmundo e Rincón, além de Felipão no banco de reservas. Eliminado da Libertadores para o Palmeiras, o clube só conquistou o título da Sul-Minas. No fim do ano, ficou um gostinho na torcida de que a temporada poderia ter sido melhor. De favorito em todos os campeonatos e com o melhor treinador do Brasil, o Cruzeiro terminou o Brasileiro na 21ª colocação.



2002 – Despedida do ídolo
A temporada 2002 também foi longe do que a torcida cruzeirense sonhava. Tanto que o momento mais marcante do ano ocorreu na despedida do ídolo Sorín, negociado com o futebol europeu. O lateral argentino marcou o gol do título da Sul-Minas sobre o Atlético-PR, no Mineirão lotado.



2003 – A temporada perfeita
A temporada 2003, foi de longe, a mais bem-sucedida da dinastia Perrella. Foi o primeiro ano de Alvimar na presidência e o time disputou 73 jogos, com 52 vitórias, 13 empates e 8 derrotas, cravando impressionante aproveitamento de 77,17% durante toda a temporada. O ótimo desempenho culminou nos títulos do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Campeonato Mineiro. O clube celeste ainda cravou o recorde de pontos de um time em uma única edição do Brasileirão: 100.



2004 – A ressaca e o início do declínio
O ano de 2004 prometia. O Cruzeiro campeão de tudo em 2003 mantivera a base e contratara um craque de Seleção Brasileira: Rivaldo. O resultado desse time dos sonhos do cruzeirense não foi bem o esperado pela torcida. Durante a temporada, o Cruzeiro teve cinco treinadores diferentes: Vanderlei Luxemburgo, Paulo César Gusmão, Emerson Leão, Marco Aurélio e Ney Franco. Foi campeão mineiro, mas foi mal na Libertadores, no Brasileiro e na Sul-Americana.



2005 – O primeiro ano sem título
A temporada 2005 foi um retrato do declínio da dinastia Perrella no Cruzeiro, em termos de desempenho do time. Foi o primeiro ano do clube sem um título oficial, depois de 15 anos levantando pelo menos um troféu por temporada. Na final do Campeonato Mineiro, o time perdeu para o parceiro Ipatinga. Na Copa do Brasil, foi eliminado para o Paulista de Jundiaí. No Brasileiro, terminou em oitavo lugar. A maior alegria da torcida foi rebaixamento do rival Atlético à Série B.



2006 – Só o Mineiro salvou
Em 2006, só a conquista do Campeonato Mineiro, sobre o Ipatinga, algoz do ano anterior, salvou a temporada celeste. A torcida estrelada viu o time terminar o Brasileirão no meio da tabela – 10º lugar – pelo terceiro ano seguido e cumprir tabela em boa parte do segundo turno.



2007 – Vexame e início da hegemonia regional
Em 2007, a era Perrella viveu seu maior vexame: a goleada sofrida para o Galo, por 4 a 0, na final do Campeonato Mineiro. O resultado parece ter despertado a fúria nos cruzeirenses, que a partir de então dominaram o clássico regional, com 13 vitórias e dois empates, além de duas goleadas por 5 a 0. O único revés veio com o time reserva, em 2009. No Brasileiro, o Cruzeiro fez boa campanha e classificou-se para a Copa Libertadores de 2008.



2008 – Volta por cima no cenário nacional
Em 2008, o Cruzeiro definitivamente voltou a figurar entre os melhores clubes no cenário nacional. Depois do 5º lugar no Brasileirão do ano anterior, o clube celeste terminou a competição em 3º, brigando pela ponta até as últimas rodadas. Na Libertadores, foi eliminado pelo Boca Juniors, nas oitavas de final. No Campeonato Mineiro, o time sobrou e foi campeão goleando o Atlético por 5 a 0.



2009 – A maior decepção da história
Nem os 5 a 0 sobre o Atlético na final do Campeonato Mineiro amenizaram o drama da torcida cruzeirense pela perda da Libertadores de 2009. O time chegou à decisão contra o Estudiantes extremamente confiante no tricampeonato, empolgando a torcida, que deixou o Mineirão aos prantos com a derrota de virada, por 2 a 1. No segundo semestre, o Cruzeiro demonstrou poder de reação e conseguiu uma vaga para a Libertadores do ano seguinte.



2010 – Na trave de novo
Outra vez jogando futebol de alto nível, o Cruzeiro bateu na trave pelo título brasileiro, acabando com o vice-campeonato. Na Libertadores, o time caiu para o São Paulo, nas quartas de final, prejudicado pela arbitragem do uruguaio Jorge Larrionda, que expulsou Kleber com um minuto de jogo, na partida de volta, no Morumbi. No Mineiro, jogando com os reservas, o time caiu na semifinal para o Ipatinga.



2011 – De Barcelona das Américas à pior crise da história
O Cruzeiro começou 2011 atropelando todos os adversários, alcançando a série de 17 partidas de invencibilidade, com goleadas históricas na Libertadores. Em uma noite trágica, foi eliminado surpreendentemente, dentro de casa, pelo Once Caldas. Teve forças para derrotar o Atlético e ser campeão mineiro, mas brigou até a última rodada contra o rebaixamento. Nesse tempo, o clube viveu a pior série sem vitórias de sua história: onze consecutivas. A salvação veio contra o Galo, em uma histórica goleada por 6 a 1.