Recuperação em tempo recorde

O zagueiro Misael defendeu o Cruzeiro de 1972 a 1974. Além de ter enfrentado grandes atacantes, o jogador viveu seu momento mais difícil fora dos gramados. Em outubro de 1974, Misael sofreu um acidente de carro que o afastou da atividades até maio do ano seguinte. “Misael volta ao futebol. O dr. Neylor o recuperou” foi a manchete do Estado de Minas do dia 28 daquele mês.

O zagueiro havia treinado por 20 minutos na bicicleta ergométrica, no dia anterior, na Toca da Raposa. Depois fez uma corrida leve, totalizando uma hora de atividade. O prazo inicial de recuperação era de um ano, mas o jogador voltou aos treinos com sete meses. O tratamento começou com Neylor Lasmar, mas o médico transferiu-se para o Atlético, em fevereiro de 1975, e a diretoria do Cruzeiro exigiu que o jogador ficasse sob os cuidados do Departamento Médico da Toca da Raposa. Mesmo assim, Misael não escondeu a gratidão a Neylor Lasmar: “Abaixo de Deus, devo tudo a ele”.

A recuperação de Misael foi considerada tão importante para a medicina esportiva que suas radiografias seriam levadas a um congresso internacional de ortopedia. Misael foi operado em 24 de outubro na Santa Casa de Misericórdia para correção da fratura exposta na rótula direita. Cinco dias depois, passou por nova cirurgia, no fêmur esquerdo. O zagueiro ainda teve afundamento do malar esquerdo, fratura da mão, vários cortes pelo corpo e ficou com fragmentos de vidro no rosto e nas mãos.

O acidente ocorreu na madrugada de 23 de outubro, quando Misael, após a vitória por 3 a 0 sobre o Nacional de Muriaé, no Mineirão, pelo Campeonato Mineiro, na companhia do atacante Silva, bateu seu chevette rosa na Avenida do Contorno com Rua São Paulo, próximo ao Colégio Estadual. Ele perdeu o controle do carro, que subiu no passeio e bateu de frente com um muro. Silva sofreu duas fraturas na costela. Misael completou 27 anos oito dias depois.

Após a recuperação, o zagueiro não voltou a jogar pelo Cruzeiro. Natural de Raposos (nasceu em 31 de outubro de 1949), Misael Torres Neto começou no América e foi para o clube celeste em agosto de 1972. Depois de 63 jogos e apenas um gol com a camisa celeste (no empate por 2 a 2 com o Villa Nova, no Mineirão, pelo Estadual, uma semana antes do acidente), ele atuou ainda, entre outras equipes, por Marília, Esportiva de Guaxupé, Alfenense, Caldense e Rio Negro, de Manaus.