Cruzeiro
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CRUZEIRO

... E o último grito não veio

Torcida celeste fez sua parte e incentivou time mesmo com placar desfavorável

postado em 27/11/2014 10:00 / atualizado em 27/11/2014 09:13

Ivan Drummond /Estado de Minas

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Era pra ter sido uma noite festiva. Foi assim que a torcida do Cruzeiro chegou ao estádio. A confiança era grande, afinal de contas, o time vinha da conquista do tetracampeonato brasileiro e todos acreditavam numa virada. A vantagem de dois gols do Atlético iria desaparecer, com certeza. E por isso, ouvia-se somente a torcida azul no estádio, que cantava os hinos e as músicas de incentivo ao time. Por todos os lados ecoavam os gritos de pentacampeão.

Raiana Lúcia, de 16 anos, e Ariana Miguel, de 30, vieram de Divinópolis para ver o jgo, acompanhadas de Carlos Henrique Carvalho, 32, com a certeza de mais um título. Tinham os rostos pintados em azul e branco. Mas a euforia dura até o início do jogo, quando entra em cena a tensão. Tão logo a bola sai, os rostos se transformam. Um faixa com os dizeres “Canta que sai gol” parece comandar os aficcionados, que não param de cantar um minuto sequer.

Entre os quase 40 mil cruzeirenses está César César Augusto Santos de Oliveira, 20 anos. Perto dele, as irmãs Carla e Sabrina Bianchetti, respectivamente de 23 e 13 anos. Seus rostos, suas reações, de certa forma, irão contar o jogo, o que acontecia em campo.

O Cruzeiro começa em cima, mas aso poucos as coisas vão mudando e o domínio passa a ser do Atlético. Carla e Sabrina, como se tivessem ensaiado gestos em casa, levam as mãos à cabeça. Estão ressabiadas, em silêncio. Parecem prever o pior. Falta para o Galo e Carla se assenta e esconde o rosto. Não quer ver o lance. César, por sua vez, braços erguidos, não para de cantar, de incentivar o time. “É tetra e não pode perder o título”, diz.

Gol do Atlético. Carla e Sabrina se assentam. A segunda, roi as unhas. De repente, se levanta e começa a bater palmas e a gritar Cruzeiro. “É preciso incentivar o time.” Um outro torcedor próximo, Cláudio Xavier, faz as contas quando vem o intervalo. “Agora tem de fazer quatro.” Ainda no intervalo, uma briga entre torcedores do Cruzeiro. Um xinga o time, os jogadores e outros vão em cima dele. Vem o segundo tempo e nada do Cruzeiro reagir. Nos rostos, desânimo. 20 minutos do segundo tempo e muita gente começa a deixar o estádio. Muitos param diante de televisores que estão nos anéis de acesso para ver mais um pedaço do jogo. “Quem sabe o time não faz um gol e eu volto pra ver o resto?”, diz Antônio Valadares, mas perto dele passa Gabriel Santos e diz, “não adianta. Hoje não é dia, não vai dar em nada. O time está mal, muito mal.”

Saudação Fim de jogo e César, Carla e Sabrina, que estão acompanhadas do pai, Sérgio, vão embora. “O ano acabou e eu esperava que o Cruzeiro conquistasse mais um título, aliás, mais três de uma vez. Seriam quatro em quatro dias. Além do Brasileirão, a Copa do Brasil, a Supercopa e mais uma Tríplice Coroa. Mas não deu. Ano que vem tem mais, muito mais, pois tenho certeza da Libertadores”, disse Antônio Leôncio da Silva, quando saia do estádio. Mas também houve motivos para orgulho e comemoração. Quem ficou no estádio aplaudiu o time celeste e foi saudado pelos jogadores, ainda na esteira da conquista do tetra brasileiro. Afinal, campeões em campo, havia dois.