Com Gilmar Laignier
Enviado especial a Buenos Aires
Estar na charmosa Buenos Aires para acompanhar River Plate e Cruzeiro é um passeio de luxo para quem ama o futebol. Centenas de cruzeirenses embarcaram nesse sonho e foram nesta quinta-feira ver o duelo das quartas de final da Copa Libertadores no Monumental de Núñez. O trajeto ao estádio começou por volta de 18h e o Superesportes/Estado de Minas seguiu todos os passos de dentro de um dos ônibus nas duas horas de deslocamento até a chegada no palco da decisão.
A saída dos hotéis ocorreu de forma tranquila, com cerca de 10 ônibus lotados de celestes. O primeiro ato da “viagem ao Monumental” foi a retirada dos ingressos com os guias da Cruzeiro Esporte Tour. A agência fechou pacotes para levar os torcedores à Argentina. Outra grande parte optou pela ida por conta própria, mas a compra de bilhetes num clube de Buenos Aires passou por rigorosa inspeção.
O clima de insegurança deixado depois dos incidentes entre Boca Juniors e River Plate fez a polícia argentina adotar tática especial para a sequência da Copa Libertadores no país. O policiamente foi digno do último Superclássico, com 1.650 policiais à disposição. Para se ter ideia, o primeiro jogo entre xeneizes e millonarios, no próprio Monumental, teve 450 homens a menos na contenção. Os ônibus que levaram os torcedores do Cruzeiro passaram por vistoria e os torcedores precisaram usar pulseiras de identificação para descer do veículo enquanto durou a inspeção. Com isso, centenas deles ficaram parados na Avenida 9 de Julio, a principal da cidade, e aproveitaram para entoar cantos de apoio à Raposa e degustar, mesmo que temporariamente, da noite de Buenos Aires.
O quarteto formado por André Alvarenga, 40 anos, empresário, Marco Aurélio Pereira, 52 administrador, Wellington Dumont, 53, empresário, e Nei Caroba, 46, fez da viagem à Argentina o nascimento de uma amizade. Nei contou que está sempre com o time celeste, seja no Brasil ou exterior. “Sigo o Cruzeiro e fiz todas as excursões internacionais desde o ano passado”, disse à reportagem.
Passada a triagem policial, a turma de azul voltou ao ônibus para o complemento da viagem. Idosos, mulheres e crianças compartilharam o ambiente de confiança com os demais e o clima foi de festa. Na verdade, desde às 12h, quando começou a venda de ingressos, os torcedores do Cruzeiro demonstraram euforia pelas ruas da cidade. A festa também foi viabilizada pelo clima de segurança, com a escolta policial presente em todos os momentos do trajeto.
O acesso final dos torcedores azuis foi por uma avenida isolada e, por alguns instantes, os presentes no ônibus puderam se sentir como os jogadores no trajeto dos grandes jogos. Na descida, tapumes, cordão de isolamento e a presença da Polícia Federal. A verificação dos passaportes e documentos de identidade ocorreu novamente, tudo para evitar que infiltrados estragassem a festa do duelo da Copa Libertadores.
A reportagem teve dificuldade em passar pela segurança para acessar o lado de fora da barreira. A prática adotada pela polícia foi para evitar uma possível vingança de torcedores xeneizes, que poderiam estar inconformados com a eliminação aplicada ao Boca pela Conmebol, por causa do episódio do gás de pimenta na Bombonera, ainda pelas oitavas de final, na semana passada
A festa azul na Argentina ficou completa com a vitória por 1 a 0 sobre o River. Marquinhos marcou o gol do triunfo e o time fez valer o investimento alto dos milhares de torcedores que estiveram em Buenos Aires.