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Diretoria do Cruzeiro coleciona erros e incoerências em 'semestre perdido' de 2015

Clube colhe frutos negativos de gestão desorganizada desde o início do ano

postado em 28/05/2015 19:45 / atualizado em 28/05/2015 20:40

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Vários são os responsáveis pela eliminação vexatória do Cruzeiro para o River Plate da Libertadores. Os problemas não estão só em campo. Desde o início do ano, diversos são os erros e as incoerências do clube, que culminaram em um semestre perdido, com duas eliminações precoces e pouca perspectiva para a sequência de 2015.

Falta de planejamento e de um diretor de futebol competente, reforços questionáveis contratados a conta-gotas e muitas contradições. A diretoria celeste abusou do direito de errar nos últimos meses e acabou transformando uma equipe bicampeã brasileira em um time irreconhecível e desorganizado. Nesse contexto turbulento, Marcelo Oliveira não conseguiu dar forma ao ‘novo Cruzeiro’.

O Superesportes levantou falhas e gafes da cúpula cruzeirense desde janeiro, que contribuíram para a irregularidade da equipe em 2015.

1º de janeiro - O início da 'nova diretoria'

Com a saída de Alexandre Mattos, Gilvan chegou a dizer que pensava em contratar um diretor de futebol, mas, posteriormente, recuou e falou que ele mesmo seria o diretor. Na prática, o presidente dividiu a tarefa com Benecy Queiroz e Valdir Barbosa. Logo na virada do ano, veio a primeira gafe. O Cruzeiro anunciou empréstimo de volante Uelliton a um clube catarinense, mas a diretoria não sabia informar o destino. A contratação acabou sendo confirmada posteriormente pelo Avaí.
Rodrigo Clemente/EM/D.APress

7 de janeiro - A saída de Egídio
Depois de o supervisor Benecy Queiroz anunciar a transferência de Egídio e o presidente Gilvan de Pinho Tavares desmentir, alegando que negócio não estava concluído, o lateral confirmou aos jornalistas, na Toca da Raposa II, que estava de saída para o Dnipro, da Ucrânia. O clube chegou a anunciar oficialmente, de forma equivocada, que destino era o Dínamo de Kiev.

16 de janeiro - A controversa contratação de Riascos
Após seguidos desmentidos da diretoria, clube acabou fechando acordo de três temporadas com o atacante colombiano Riascos, de 28 anos. Jogador não marcava um gol desde agosto de 2014 e tinha sido afastado e dispensado dos últimos dois clubes por onde passou: o Pachuca e o Monarcas Morelia. O ‘reforço’ chegou a contragosto de muitos cruzeirenses, uma vez que ficou estigmatizado pelo pênalti desperdiçado no Horto, defendido por Victor, do Atlético, nos acréscimos, nas quartas de final da Libertadores de 2013.
Juarez Rodrigues/EM/D.APress

23 de janeiro - "Paulo André não se encaixa no perfil"
Presidente disse, em entrevista coletiva, que zagueiro Paulo André não se encaixava no perfil procurado pelo Cruzeiro. “Já foi aventada a possibilidade, mas não está no perfil de atleta que o Cruzeiro tem interesse. Preferimos trazer um atleta jovem. O zagueiro que vamos trazer para o Cruzeiro tem que ter este perfil de ser um atleta útil para o Cruzeiro e no futuro se destacar e virar fonte de receita para o clube. O Paulo André foi oferecido, mas não pensamos nele. No momento, estamos atrás de um zagueiro mais novo”. Duas semanas depois, o Cruzeiro contratou Paulo André, depois de negociações frustradas por Leandro Almeida, Henrique e Dória. Em 5 de fevereiro, o empresário de Dória, Jolden Vergette, disse que o Cruzeiro “chegou um pouco tarde” para contratar o defensor.

27 de janeiro - O afastamento de Dagoberto
Clube conduziu mal afastamento de Dagoberto do grupo principal. No início da pré-temporada, ele foi liberado para acertar com outro time, o que acabou não acontecendo. Depois disso, o bicampeão brasileiro foi afastado do elenco. No dia 27 de janeiro, o presidente disse que o problema do atacante não era com a diretoria, sugerindo que houve algum atrito com Marcelo Oliveira. “O Dagoberto sabe que a diretoria teve todo carinho com ele, o problema não foi com a diretoria e ele sabe disso”. Três dias depois, o técnico se irritou ao falar do assunto e disse que a exclusão de Dagoberto fazia parte do planejamento traçado com a direção para dar chances a novos atletas, como Alisson, Judivan e De Arrascaeta. “O presidente vai cuidar do clube, como tem cuidado muito bem, das negociações. E eu vou cuidar do time aqui taticamente para definir a equipe do Cruzeiro”.

27 de janeiro -
"Temos dinheiro para contratar os melhores atletas"
Depois das vendas milionárias de jogadores como Everton Ribeiro, Ricardo Goulart e Lucas Silva, o presidente Gilvan de Pinho Tavares prometeu, em entrevista, reforços de peso na zaga, no meio-campo de marcação e ainda um armador para atuar ao lado de De Arrascaeta, que havia sido contratado na semana anterior. “Serão negociações bem feitas sem desperdiçar o dinheiro que apuramos, temos dinheiro para ir ao mercado e contratar os melhores atletas para este ano de 2015. O presidente sabe negociar, não vai jogar dinheiro fora”, disse Gilvan. O presidente estava otimista na contratação de Arouca para o lugar de Lucas Silva. Tanto que, no mesmo dia, Marcelo Oliveira falou que esse era o nome dos sonhos. Mesmo com dinheiro em caixa, o Cruzeiro acabou perdendo Arouca para o Palmeiras, que anunciou o reforço dois dias depois. O Cruzeiro acabou não investindo alto em nenhuma contratação depois disso.
Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

8 de fevereiro - Marcelo questiona critério da diretoria
Ao saber da contratação de Henrique Dourado, logo depois do empate por 1 a 1 com a Caldense, pelo Campeonato Mineiro, Marcelo Oliveira mostrou-se incomodado por ter muitos atacantes no elenco e nenhum meia de armação. “O Henrique é ótimo jogador, até estava na lista de jogadores que faz parte do trabalho do técnico. Só que ele vem numa posição que já temos outros três contratados (Leandro Damião, Joel e Riascos). Assim como estamos com quatro laterais-esquerdos e precisamos de um meia. Precisávamos de um zagueiro, veio o Paulo André, e fiquei muito feliz. O técnico tem de cuidar da gestão de grupo. Faz parte do nosso trabalho gerenciar pessoas. Vamos ter que administrar isso”.

9 de fevereiro - Gilvan rebate questionamento de Marcelo
Gilvan mostrou irritação com o técnico Marcelo Oliveira, que pediu meia após empate com a Caldense e se queixou do excesso de atacantes no elenco. “Eu prefiro acreditar que ele não pensa daquela forma. Porque, na realidade, ele só ganhou junto com o Cruzeiro dois Brasileiros porque tínhamos um plantel montado pela diretoria do Cruzeiro. Alguns jogadores foram por sugestão dele e a maioria não foi por indicação dele. E esse plantel deu certo, encaixou e só ganhamos porque tínhamos um plantel elevado. Então estamos fazendo questão de novo de ter um plantel assim”, rebateu o presidente cruzeirense.

11 de fevereiro - Gilvan promete meia para Libertadores
Gilvan prometeu contratar um armador para inscrevê-lo na Copa Libertadores da América, e admitiu conversas com Wagner, do Fluminense. ”Houve sondagem a respeito do Wagner, como está havendo sondagem a respeito de outro meia, mas pode estar certo que nesta semana a gente decide este meia que virá para o Cruzeiro para ser inscrito para a Libertadores”.

17 de fevereiro - O surpreendente retorno de Charles
Um dia depois de o presidente Gilvan de Pinho Tavares anunciar desejo de reduzir elenco de 38 para 32 nomes, o volante Charles apareceu em treino com o grupo principal na Toca da Raposa II. Diretoria informou que o atleta estava reincorporado. Ele não atuava havia mais de um ano. Naquele momento, Marcelo tinha à disposição para o setor Willian Farias, Seymour, Willians, Henrique, Tinga, Eurico e Bruno Edgar.

1º de abril - Gafe
Mesmo com Júlio Baptista em fase de tratamento na Toca da Raposa II, supervisor Benecy Queiroz adiantou que o contrato dele, a vencer em julho, não seria renovado pelo clube. Jogador foi operado em fevereiro no joelho direito para corrigir uma lesão na cartilagem.

7 de abril - Cinco laterais-esquerdos no elenco
Alexandre Guzanshe/EM/D.APress
Cruzeiro anunciou contratação do lateral-esquerdo Fabrício e ficou com cinco laterais-esquerdos no elenco. Uma semana e meia antes, clube havia descartado a possibilidade de repatriar Egídio, pois já tinha muitos atletas para o setor. Depois da chegada de Fabrício, diretoria acabou emprestando Gilson para a Ponte Preta e Breno Lopes para o Fluminense. Técnico Marcelo Oliveira revelou que ficou surpreso com a contratação de Fabrício, pois não foi consultado, mas não julgou a diretoria, pois foi um negócio de ocasião de um jogador que já havia sido sondado anteriormente.

13 de abril - Joel barrado na Argentina
Joel embarcou para a Argentina com a delegação do Cruzeiro para enfrentar o Huracán, mas foi barrado no aeroporto e voltou ao Brasil, por um simples motivo: falta de visto para entrar no país vizinho.

17 de abril - Driblado pela Federação
Diretoria demonstrou ingenuidade ao confiar na palavra da FMF de que o segundo jogo da semifinal do Campeonato Mineiro, contra o Atlético, seria no sábado, sem ter nenhuma confirmação documentada. O clube chegou a vender ingressos para o jogo no sábado, mas acabou perdendo a batalha política para a entidade e a TV.

19 de abril - Marcelo se irrita com vazamento de informação

Depois da eliminação para o Atlético na semifinal do Campeonato Mineiro, Marcelo Oliveira reclamou do vazamento da escalação do Cruzeiro para a imprensa antes do jogo. “Na preleção que fiz, falei que não sabia como o Atlético ia jogar. O treino lá foi fechado e não vazou. Eu não sabia que o Guilherme, jogador que precisa ser marcado de perto e não pode ter espaço, poderia jogar. No Cruzeiro, contudo, a informação vaza. O Guilherme entrou e nós tivemos dificuldades, pois ele se movimenta muito. E como estávamos com um a menos, os volantes não poderiam sair tanto para marcá-lo. Fico aborrecido quando vaza a escalação do Cruzeiro. Treino fechado não ganha jogo, mas te dá condição de fazer um tipo de jogada e surpreender. O Atlético treinou fechado. Ninguém sabia se o Guilherme começaria jogando, se o Patric ou o outro lateral (Carlos César). Agora a culpa vai recair sobre o treinador, mas estou preparado para qualquer situação”, lamentou.

24 de abril - Promessa de meia para oitavas da Libertadores
Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Valdir Barbosa prometeu, em entrevista coletiva, que Cruzeiro contrataria armador para as oitavas de final da Libertadores. Outro reforço também seria contratado para a disputa do Brasileirão. Nenhum dos dois chegou. “Estamos trabalhando, mantendo contatos para que um ou dois jogadores venham para a próxima etapa da Copa Libertadores. Se não houver tempo de inscrever os dois, acredito que pelo menos um a gente inscreva, e que venha para o Campeonato Brasileiro. O torcedor pode ter certeza que alguém virá”, cravou Barbosa.

3 de maio - Tentativas fracassadas por meias

Cruzeiro tentou vários armadores, mas fracassou em todas as negociações. Nomes como Crístian Rodríguez, Cleiton Xavier, Alex (do Internacional), Wagner, Gedoz, Valdivia, Lucas Lima, Robinho e Ronaldinho estiveram em pauta, mas nenhum deles foi contratado.

4 de maio
- "Operação de guerra" por Lucas Lima
Cruzeiro montou “operação de guerra” para contratar Lucas Lima a tempo de inscrevê-lo nas oitavas de final da Libertadores. Gerente de futebol Valdir Barbosa viajou a Santos no dia da final do Campeonato Paulista, e voltou no dia seguinte, depois que o presidente santista, Modesto Roma, disse a Gilvan, por telefone, que não venderia Lucas ao Cruzeiro.

5 de maio - Ronaldinho: mais uma tentativa frustrada
Diretoria disse que não estava negociando com Ronaldinho, e dias depois, assumiu que houve contato com “um intermediário”. Vários empresários foram consultados pelo gerente de futebol Valdir Barbosa sobre interesse de contratar o craque, dentre eles Pedro Lourenço, dos Supermercados BH. Clube não conseguiu arrecadar fundos para bancar contrato próximo de R$ 1,3 milhão por mês e fracassou em mais um negócio.

5 de maio - Revelação de proposta milionária por Mayke
Numa possível tentativa de dar uma resposta positiva à torcida, Valdir Barbosa revelou à Fox Sports que o Cruzeiro recusou proposta milionária por Mayke, quando ninguém sabia do caso, e no pior momento técnico do lateral-direito desde que subiu ao profissional. Segundo o gerente, o clube celeste teria recusado uma proposta de 7 milhões de euros.

9 de maio - Fabrício seria titular, mas estava suspenso
Lateral Fabrício treinou durante a semana entre os titulares e foi confirmado por Marcelo Oliveira entre os 11 principais na estreia do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro, contra o Corinthians. Na véspera do jogo, porém, diretoria descobriu que o jogador estava suspenso por uma expulsão da época de Internacional. Por isso, ele acabou cortado da lista.

10 de maio - Jogo em Cuiabá, por dinheiro
CHICO FERREIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADAO

Cruzeiro preteriu fatores técnicos e escolheu mandar sua primeira partida no Brasileirão em Cuiabá, local distante com maioria esmagadora da torcida adversária, gerando desgaste em alguns jogadores antes da partida decisiva contra o São Paulo. Além disso, o jogo ocorreu às 15h, horário local, em um clima mais quente. Técnico Marcelo Oliveira lamentou a decisão da diretoria. “Eu até lembrava (mandar partida tão longe de BH e com mais corintianos no estádio). Mas, falaria se a gente tivesse ganhado o jogo. É prejuízo porque pegamos um clima diferente, um campo que não conhecemos e temos um jogo importante na quarta-feira. Foi um prejuízo, mas não queria comentar espontaneamente para não soar como desculpa. Não tivemos capacidade de fazer o gol na hora certa”, disse Marcelo.

11 de maio - Judivan fora da Libertadores, são-paulinos dentro

Judivan foi excluído da lista da Libertadores, mesmo podendo jogar o primeiro jogo contra o São Paulo (posteriormente, teria que se apresentar à Seleção Brasileira sub-20). O São Paulo pediu liberação dos seus jogadores Lucão e Boschilia e foi atendido. Desta forma, o Cruzeiro ficou sem seu atacante nos dois jogos, enquanto o rival pôde contar com seus atletas para os dois embates. Clube celeste acabou vencendo a decisão nos pênaltis.

20 de maio - De novo, Joel impedido de ir à Argentina
Beto Novaes/EM/D.A Press

Diretoria chegou a confirmar que atacante Joel já poderia entrar em território argentino para enfrentar o River Plate, nas quartas de final da Libertadores. O jogador tirou uma carteira de identidade para estrangeiros no Brasil e, com ela, o clube pensou que o problema estaria resolvido. Pouco antes do embarque da delegação, porém, o consulado argentino entrou em contato com o Cruzeiro e avisou que a identidade não seria aceita. O clube teve mais de um mês para conseguir o visto do jogador, mas não obteve sucesso na tentativa.

25 de maio - Riascos emprestado no dia seguinte ao 4º jogo pelo clube
Diretoria disse, a princípio, que Riascos seria emprestado para o Botafogo e Seymour para o Avaí, mesmo tendo sido mantidos na lista da Libertadores, diferentemente de Judivan. Os negócios não evoluíram. Riascos chegou a jogar contra a Ponte Preta, no domingo, no Mineirão, e no dia seguinte acabou emprestado ao Vasco. O colombiano, contratado por três temporadas, só disputou quatro partidas pelo Cruzeiro.