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De cabeça para baixo em 90 dias

Cruzeiro busca terceiro treinador no ano, com a saída de Luxemburgo, que ficou só três meses. Foi a segunda demissão dele no Brasileiro, dispensado também do Fla

postado em 01/09/2015 11:00 / atualizado em 01/09/2015 08:12

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Durou três meses a segunda passagem do técnico Vanderlei Luxemburgo pelo Cruzeiro. O treinador campeão da tríplice coroa em 2003 foi demitido pelo presidente Gilvan de Pinho Tavares ontem à tarde, na Toca da Raposa, depois de dirigir a equipe em 19 jogos (com seis vitórias, três empates e 10 derrotas). Enquanto a diretoria busca o substituto, o auxiliar de Luxemburgo, o ex-atacante Deivid, dirige o time na partida de amanhã, contra a Ponte Preta, às 19h30, em Campinas, pelo Campeonato Brasileiro.

Gilvan, que havia chorado em entrevista à TV Minas ao falar da manifestação da torcida no Mineirão (ele foi chamado de ladrão), atribuiu a dispensa do treinador à pressão da imprensa e das redes sociais. “Os resultados não vieram e estava sendo acusado de coisas injustas. Quando chega nesse ponto não há como segurar. Não é o momento de mudar treinador agora, mas não podia deixar dessa forma”, afirmou o dirigente, que usou a palavra “repugnância” para definir o sentimento da imprensa e da torcida em relação ao técnico e ao diretor de futebol Isaías Tinoco, que também foi demitido.

Luxemburgo preferiu não dar entrevista, mas, segundo o presidente, “ele entendeu o momento do Cruzeiro, que tínhamos de tomar essa atitude. E respeitou minha decisão”. Visivelmente abatido e pressionado, o presidente celeste revelou também que colocou o cargo à disposição, mas os conselheiros não permitiram sua saída: “Não aceito (esse cargo) mais nunca. Gente de bem não pode mexer com futebol. Não dá para sofrer e passar pelo que passei. Mas tenho coragem. Sou ofendido, mas vou ao campo”.

PERFIL Para ajudar a cuidar do futebol profissional do clube, Gilvan convidou o superintendente da base, Bruno Vicintin, para assumir o cargo de vice-presidente de futebol. Os dois vão contratar o novo treinador e um diretor de futebol. “O momento para contratação de treinador é muito difícil. Todos estão empregados. Dois de ponta no futebol brasileiro (Muricy Ramalho e Mano Menezes) já negaram convite de diversos clubes este ano. Não sei se conseguiríamos demovê-los dessa ideia”, afirmou o presidente. “Camisa pesa também para treinadores com menos experiência. Temos de pensar com tranquilidade.”

Bruno Vicintin acrescentou qual perfil entende ser o melhor para a equipe no momento: “Um treinador que tenha feito bons trabalhos recentes, que saiba da história do clube e procure jogar como o Cruzeiro gosta de jogar, com toque de bola”.

Em meio à saída de Luxemburgo, foi apresentado ontem o volante Uillian Correia, de 25 anos, cuja contratação foi pedida pelo ex-treinador. Gilvan também anunciou que vai reduzir o preço dos ingressos para a partida de domingo, contra o Figueirense, às 11h, no Mineirão. O ingresso mais barato custará R$ 40 para o torcedor comum e o sócio papa-filas. Associados do plano Cruzeiro Sempre pagam a metade e podem comprar mais três.

Deivid comanda treino hoje pela manhã para definir o time que enfrenta a Ponte Preta amanhã. Ele não terá o atacante Marinho e o lateral-esquerdo Fabrício, suspensos, nem Alisson, Mena e De Arrascaeta, liberados para as seleções olímpica do Brasil, do Chile e do Uruguai, respectivamente.

ANÁLISE DA NOTÍCIA, por Kelen Cristina (Estado de Minas)

Crônica de um fracasso anunciado

Não era muito difícil prever o desfecho da segunda era Luxemburgo na Toca da Raposa. O Vanderlei que chegou em 3 de junho nem de longe era aquele que, há 12 anos, levou o Cruzeiro à tríplice coroa, e os trabalhos recentes dele já mostravam isso. Foram necessários 90 dias e 19 jogos para que a diretoria celeste percebesse quão equivocada havia sido a escolha e acrescentasse ao currículo do treinador mais uma dispensa – a coluna Tiro Livre de sexta-feira mostrou que, nos últimos 10 anos, Luxemburgo foi demitido de sete dos nove clubes em que trabalhou. As exceções foram no Santos: em 2007 (quando anunciou que não renovaria, alegando não ter tido a aprovação da diretoria para a implementação de seu projeto para os dois anos seguintes) e em 2009, por desavença política, já que havia apoiado Marcelo Teixeira na eleição à presidência, e quem saiu vencedor foi Luís Álvaro. Nos demais, mesmo sob muita pressão, Luxa só saiu depois de receber o bilhete azul. Desta vez, não foi diferente. Em três meses, o time do Cruzeiro, que já não estava nenhuma maravilha, acabou de acabar. Não há nenhuma herança tática e técnica de Luxemburgo para ser aproveitada. No nono mês do ano, a Raposa vai ter de começar, de novo, do zero.

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