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SÉRIE A

Técnicos Paulo Bento e Givanildo Oliveira são expulsos por discussão sobre fair play no clássico

Cruzeiro e América ficaram no empate por 1 a 1, resultado ruim para ambos na tabela

postado em 28/05/2016 19:01 / atualizado em 28/05/2016 21:37

Leandro Couri/EM/D. A Press

O clássico mineiro entre Cruzeiro e América terminou com empate por 1 a 1, resultado ruim para os arquirrivais, e muita confusão nos minutos finais. Tudo por conta do pedido feito pelo técnico cruzeirense Paulo Bento para que seus jogadores dessem sequência à partida depois que um adversário mandou a bola à lateral para que Rafael Bastos, supostamente contundido, recebesse atendimento médico. O português entendeu que o atleta americano só queria ganhar tempo. Por isso, pediu ao volante cruzeirense Bruno Ramires não devolvesse a bola ao rival.

Jogadores americanos se revoltaram com a atitude, pois esperavam fair play do Cruzeiro.

Em seguida, Paulo Bento se queixou com o quarto árbitro Igor Benevenuto do acréscimo de quatro minutos determinado pelo paraense Dewson Fernando Freitas da Silva. O técnico americano Givanildo Oliveira não gostou nada da tentativa do colega de ‘querer interferir na arbitragem’ e foi em direção ao português perguntar se ele apitaria a partida. Depois de muito bate-boca à beira do gramado, o árbitro expulsou os dois técnicos.

Revoltado, o meia Xavier, do América, também discutiu com o técnico do Cruzeiro e mostrou irritação com o episódio. “Ele usou uma expressão não de boa índole. Até me surpreendeu pelo que eu tinha visto dele nas entrevistas, pela educação que ele tinha. Ter mandado o Cruzeiro não devolver a bola, além de ter usado palavras desnecessárias, tanto que causou a confusão fora de campo. Acho que o maior espetáculo é dentro de campo. A gente faz o espetáculo. Não tinha nada a ver uma coisa aqui fora. A gente caiu, machucou e deveriam devolver a bola, fazer o 'fair play'. Isso não aconteceu. Estamos de consciência limpa, quem errou foi o Cruzeiro e eles sabem disso. Eu fico mais indignado de ter vindo de um treinador, de ter falado isso para os seus atletas”.

O meia Robinho, do Cruzeiro, minimizou: “A confusão faz parte do jogo. Clássico tem que ter esse tipo de confusão. Os dois times querendo vencer, ninguém quer abrir mão de nada".

Técnicos se posicionam

Em sua entrevista coletiva, o técnico Givanildo Oliveira admitiu que a decisão de adotar ou não o fair play cabe a cada clube. Mas o que o irritou, de fato, foi a pressão exercida por Paulo Bento na arbitragem. “É o direito de cada um (o fair play). Ele achou que não devia jogar a bola fora, então deu ordem aos seus comandados e eles tinham que cumprir. Até aí tudo bem. Eu me chateei quando ele foi no Igor (quarto árbitro), pegou no braço dele e falou que 4 minutos só era muito pouco. Aí não deu para aguentar. Foi quando eu falei: ' tu quer apitar o jogo?'. Daí desencadeou tudo o que vocês viram”, explicou Givanildo.

Paulo Bento esclareceu que jamais orientou um jogador seu, em 11 anos de carreira, a atrasar o jogo para prejudicar o adversário. Segundo ele, sua filosofia é valorizar o tempo da partida de forma positiva e não com simulações. Justamente por isso, sua recomendação aos jogadores foi para dar sequência à partida. O português ainda quis tornar pública a sua decisão de jamais devolver a bola aos adversários em jogos no comando do Cruzeiro.

”A confusão não foi com ninguém em especial, não quero confusões com ninguém. Apenas que acho que o futebol deve ser valorizado pelo positivo, ou seja, que meus jogadores joguem de uma forma positiva, joguem de uma forma leal, e que tentem aproveitar da melhor maneira possível todo o tempo que existe no jogo. Ou seja, fazer um jogo com maior tempo útil possível. Isso é o que tratamos, e não estou dizendo que o treinador do adversário o fez (orientação de antijogo). Não digo nunca, ao longo de uma carreira que é curta ainda, que um jogador meu para queimar tempo. Não digo. A única coisa que quero deixar bem claro é que, a partir de agora, por questão de filosofia, e isso iremos comunicar também aos nossos jogadores, e para que todos os nossos adversários o possam saber, a partir desse momento, o time do Cruzeiro não colocará a bola fora. Se colocar, não pretendemos que depois nos devolvam a bola. E também, quando o adversário a colocar, nós não colocaremos fora. Há o árbitro para isso. É o árbitro que tem que apitar, é o árbitro que tem que parar o jogo. Nós queremos jogar futebol, jogar de forma positiva e disso trataremos que os jogadores possam fazer da melhor maneira possível. Não foi o caso só do jogo de hoje. No jogo anterior isso também já havia acontecido”, explanou Bento.

Diretoria do Cruzeiro apoiou decisão

O vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Bruno Vicintin, pediu a palavra após a entrevista coletiva de Paulo Bento e deu todo apoio ao treinador pela decisão de não adotar mais a 'devolução de bola'. Segundo ele, a tentativa de um adversário ganhar tempo jamais pode ser 'premiada' com o cumprimento de uma recomendação de jogo limpo.

”Quero dar todo o apoio ao Paulo Bento, à decisão dele. Questão de fair play, que, segundo me falaram, o dirigente do América disse que ele deveria saber como as coisas funcionam no Brasil. No Brasil, fair play foi confundido com qualquer paralisação para atrasar o jogo. A gente apoia o Paulo nisso. Vocês, que são repórteres, poderiam contar quantos jogadores do América que caíram no segundo tempo. Damos apoio à filosofia dele. O grito que veio da arquibancada mostrou que o próprio torcedor sabe a diferença entre fair play e ser “otário”. Se existisse contusão, o jogador do América seria atendido do lado de fora. Não houve isso”, disse o dirigente cruzeirense.



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