Cruzeiro
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DA ARQUIBANCADA ESPECIAL

Amor que supera até as leis da física

Já ficou mais do que provado que o Cruzeiro, sem sua torcida em campo, é praticamente 'nada'

postado em 31/05/2016 12:00 / atualizado em 31/05/2016 08:32

EM DA PRESS
Um dos maiores trabalhos desenvolvidos por Newton foi a lei da gravitação universal. Nela, o físico conseguiu explicar o fenômeno de interação das massas tendo como base a queda de uma maçã à superfície da Terra. A lei é aplicada em um conceito simples (como o da maçã) até em exemplos mais complexos, como as forças trocadas entre corpos celestes. Pena que não possa ser usada quando os itens observados são o Cruzeiro e o seu torcedor.

Hoje completo três meses de mudança para Goiânia e, por grata coincidência, tenho a honra de escrever neste espaço. Mas você deve estar pensando: o que a Lei de Newton tem a ver com um torcedor do Cruzeiro? Bem, vamos à explicação. Quando estava na iminência de sair de BH, confesso que me sentia bem desacreditado e decepcionado com as medidas tomadas pela diretoria azul neste início de ano. Saí de vários grupos no WhatsApp, deixei de escrever no meu blog na ESPN FC, parei de assistir aos programas esportivos na TV e evitava ao máximo falar sobre futebol. Mas, assim que saí da capital mundial do pão de queijo, comecei a sentir falta daquele amor bandido. Amor verdadeiro. Pior que esse vazio por dentro foi sentir um desânimo geral da torcida com a administração celeste e, para a minha surpresa, também com o time. Como disse meu amigo Alisson Guimarães, já ficou mais do que provado que o Cruzeiro, sem sua torcida em campo, é praticamente “nada”.

Contrariando essa mesma lei da física, que é aplicada em quase todos os exemplos e fala que quanto mais distantes os corpos, menores a força e a interação entre eles, senti ressurgir em mim toda aquela chama azul de um amor marcado na pele. Apesar da distância, voltei a escrever e procurar saber do Cruzeiro como nunca. E identifiquei também de onde vinha esse desânimo. Sei que errar é humano. Repetir o erro é burrice. E permanecer nele parece ser uma sina da administração do presidente Gilvan de Pinho Tavares.

A torcida do Cruzeiro pensou que depois da sequência de erros cometidos na temporada de 2015, muitos semelhantes aos ocorridos em 2012, a cúpula celeste iria tomar decisões diferentes e arrumar a casa. Ledo engano. O que se está vendo é que 2013 e 2014 foram exceções e mais consequência de fatores aleatórios do que algo realmente pensado e planejado pela diretoria. Os problemas do Cruzeiro são diversos e as incoerências dentro e fora de campo estão culminando para, mais uma vez, termos um primeiro semestre perdido e poucas, ou quase nenhuma, pretensões ou perspectivas para a sequência de 2016.

Compreendo a aposta no Deivid como treinador. E apostas, assim como as moedas, têm duas faces. Infelizmente, perdemos. E neste momento, o grande problema foi a demora na contratação do sucessor. Ficamos 22 dias sem técnico, esperando os “gloriosos” Jorginho ou Ricardo Gomes, para depois contratar um que esteve disponível todo esse tempo. Apoio e estou fechado com Paulo Bento à frente da Raposa. O português mudou radicalmente a postura do time. Posse de bola, passes com qualidade e diversificação na criação de jogadas. Precisamos de três a quatro jogadores que cheguem para pegar a camisa de titular e entrar em campo. Além de recuperar a turma que está no DM.

Para selar essa renovação dos votos com o Cruzeiro, vou amanhã a Brasília acompanhar a partida contra o Botafogo. Sinto-me a caminho de uma batalha letal. Meu corpo reage como se um predador estivesse à espreita, louco para percorrer esses mais de 200 quilômetros em pleno cerrado. Sinto palpitações, suadouros, meu pensamento não consegue sair da órbita do jogo. Como é bom ter de volta essa paixão celestial.

* Frank Martins, nascido em 1984, é jornalista, editor do site O popular online, escreve sobre o Cruzeiro no ESPN FC, baixa gastronomia no blog Comida ogra e prefere Fifa ao PES. É amante do esporte bretão e torcedor que leva as cinco estrelas no peito. Este é mais um espaço para o torcedor mineiro, já representado nas colunas fixas do cruzeirense Henrique Portugal (quartas-feiras), do americano Paulo Vilara (sextas) e do atleticano Fred Melo Paiva (sábados).