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Apesar de rivalidade no Cruzeiro, Gilvan diz torcer para Perrella seguir com 'ficha limpa'

Presidente lamenta que conselheiros do Cruzeiro estejam sendo investigados na Lava Jato, mas espera que todos provem sua inocência na Justiça

postado em 18/05/2017 19:07 / atualizado em 18/05/2017 19:20

Yuri Edmundo/Light Press/Cruzeiro

Apesar das divergências políticas dentro do Cruzeiro, o presidente Gilvan de Pinho Tavares declarou nesta quinta-feira, durante a apresentação do atacante Rafael Marques, na Toca da Raposa II, que torce pela comprovação da inocência de Zezé Perrella no processo que investiga o pagamento de propina ao senador Aécio Neves pela empresa JBS.

”O estatuto do Cruzeiro, quando eu fui presidente do conselho, eu trabalhei nesse negócio pela aprovação da lei de ficha limpa no país, nós fizemos constar isso no estatuto do Cruzeiro, um artigo exige que o dirigente do Cruzeiro seja ficha limpa. Mas torço para que nosso ex-presidente continue com ficha limpa e continue sendo um companheiro lá dentro do clube”, disse Gilvan.

O Cruzeiro promoverá eleições presidenciais no fim do ano e Zezé Perrella, da oposição, é considerado o nome mais forte para substituir Gilvan de Pinho Tavares. O atual presidente trabalha com a ala da situação para alterar o estatuto do clube e permitir a candidatura do seu vice de futebol, Bruno Vicintin, que, pelos critérios atuais, não pode concorrer.

Ex-presidente do Cruzeiro e atual senador da República, Perrella é acusado de ter recebido dinheiro de propina repassado pelo grupo JBS ao também senador Aécio Neves. O presidente da JBS, Joesley Batista, entregou ao Ministério Público gravação na qual o ex-governador de Minas Gerais é flagrado pedindo R$ 2 milhões para custear sua defesa na operação Lava Jato. A revelação foi feita pelo jornal “O Globo”.

O dinheiro foi entregue a um primo de Aécio, segundo a Polícia Federal. E, ao rastrear o caminho dos recursos, descobriu-se que o montante foi depositado em uma empresa de Perrella, que negou ter recebido “um real sequer” da JBS. Gustavo Perrella, filho de Zezé e secretário nacional de futebol e defesa dos direitos do torcedor, que por pouco tempo já foi o homem forte do futebol do Cruzeiro, também está envolvido, já que a empresa que recebeu os recursos, Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, está em nome dele.

Ao todo, seis conselheiros do Cruzeiro estão sendo investigados: Zezé Perrella, Aécio Neves, Gustavo Perrella, Euller Nogueira Mendes, Mendherson Souza Lima (assessor de Perrella) e Frederico Pacheco (primo de Aécio). Os dois últimos foram presos preventivamente pela Polícia Federal.

”Estarrecido”, como ele mesmo definiu, Gilvan de Pinho Tavares disse que acompanhou o vazamento do escândalo político pela TV na noite de quarta-feira e destacou que, dos seis integrantes do conselho investigados, nenhum tem cargo na atual gestão.

Especialmente sobre Perrella, Gilvan diz estar na torcida para que as investigações o inocentem. Embora ambos sejam hoje rivais políticos no clube, por muitos anos eles fizeram parte do mesmo grupo na gestão cruzeirense.

”Ontem à noite, acompanhando esses casos com a minha esposa, ela me perguntou: ‘Você está amolado, esta chocado’. ‘Sim, estou, estou amolado’. Não consigo guardar raiva. Minha religião não me permite ter ódio das pessoas, guardar rancor de pessoas. Principalmente, fazer juízo antecipado daquilo que não conheço. Não me fique mexendo com esse assunto. Quero acompanhar tudo de perto, e estou torcendo para ele (Perrella) se saia bem, que os conselheiros do Cruzeiro envolvidos se saiam bem. Porque gosto de preservar muito o nome do Cruzeiro. Não gostaria que o nome do Cruzeiro fosse citado, porque o Cruzeiro não foi citado. São pessoas que não estão no exercício de cargos no Cruzeiro e gostaria que eles pudessem limpar o nome deles, e continuassem a vida normal. Não posso falar se estão envolvidos, porque não conheço o devido processo legal. Você não pode falar mal da pessoa se não tem comprovação daquilo que se passou. Torço para que ele (Perrella) se dê bem, porque gostaria que, depois, no final disso tudo, até de abraçá-lo se não tiver ocorrido nada”, disse Gilvan sobre Perrella.

Veja alguns trechos do depoimento de Gilvan sobre o escândalo:

Todos sabem da seriedade que trato as coisas. Eu, ontem, como todos os senhores, fui tomado de surpresa com as noticias que vazaram na televisão brasileira. Confesso aos senhores que fiquei mais uma vez chocado. Sempre estive ao lado de movimentos cívicos de sair para rua com meus filhos, minha esposa, já aderi a esses movimentos para pedir mais seriedade para o nosso pais. Temos visto muita coisa errada. Isso tem levado estados da federação, o país, quase à bancarrota. Isso tem deixado a gente estarrecido. Todo cidadão do país tem que se unir nesse trabalho de tentar consertar o nosso país, trabalhar em função do país, senão não sei onde isso vai parar.

Hoje tive informação do envolvimento de pessoas que, de alguma forma, são ligadas ao Cruzeiro, mesmo não estando no exercício de funções no Cruzeiro. Eu não gostaria de falar do envolvimento dessas pessoas, porque não conheço efetivamente o processo. Embora haja pessoas, como um ex-presidente do Cruzeiro com o nome sendo falado nesse episódio.

Ontem à noite, acompanhando esses casos com a minha esposa, ela me perguntou: ‘Você está amolado, esta chocado. Sim, estou, estou amolado. Não consigo guardar raiva. Minha religião não me permite ter ódio das pessoas, guardar rancor de pessoas. Principalmente, fazer juízo antecipado daquilo que não conheço. Não me fique mexendo com esse assunto. Quero acompanhar tudo de perto, e estou torcendo para ele se saia bem, que os conselheiros do Cruzeiro envolvidos se saiam bem. Porque gosto de preservar muito o nome do Cruzeiro. Não gostaria que o nome do Cruzeiro fosse citado, porque o Cruzeiro não foi citado. São pessoas que não estão no exercício de cargos no Cruzeiro e gostaria que eles pudessem limpar o nome deles, e continuassem a vida normal. Não posso falar se estão envolvidos, porque não conheço o devido processo legal e só poderia fazer avaliação se tivesse em mãos o processo legal. Sei que existe um movimento muito grande até de cassação de mandato, de senador, de presidente da República, pedindo a renúncia, vão tentar o impeachment do presidente, isso é muito ruim para o país e para a alma da gente. Por isso eu não gostaria de me manifestar sobre isso. Você não pode falar mal da pessoa se não tem comprovação daquilo que se passou. Torço para que ele se dê bem, porque gostaria que, depois, no final disso tudo, gostaria até de abraçá-lo se não tiver ocorrido nada.

Eu não gostaria de discutir política interna do Cruzeiro. Não sou o único dono da verdade e da política do Cruzeiro. Somos muito companheiros, pessoas valorosas, que deram vida pelo Cruzeiro, que lutaram pelo clube e que estão envolvidos nesse processo junto comigo. Qualquer decisão que for tomada, vai ser decisão de um colegiado, de muitas pessoas. Ontem não consegui nem dormir, tive que lá pelas duas horas da madrugada, desligar os aparelhos telefônicos porque não parava de chegar notícias, conselheiros querendo conversar comigo, torcedores, e tive que tentar conciliar o sono para levantar cedo e cuidar das minhas atividades de hoje. Existe movimento sim pela alteração, vamos que a gente vai abafar. Antes de nada concretizado, que as pessoas se precipitem e tomem decisões que não serão aquelas que eu gostaria que fossem tomadas pelo meu jeito de ser. O estatuto do Cruzeiro, quando eu fui presidente do conselho, e trabalhei nesse negócio pela aprovação da lei de ficha limpa no país, nós fizemos constar isso no estatuto do Cruzeiro, um artigo que exige que o dirigente do Cruzeiro seja ficha limpa. Mas torço para que nosso ex-presidente continue com ficha limpa e continue sendo um companheiro lá dentro do clube. Tem todo direito de candidatar, de se postular, voltar. Eu, pessoalmente, sou contra isso. Jamais voltaria a me candidatar a presidente do Cruzeiro. Me coloco à disposição de todo aquele que vier arregaçar a manga, para vir defender os interesses do Cruzeiro. Para ajudar, estar ao lado dele, porque estou lá para servir ao Cruzeiro, estou há mais de 60 anos servindo ao Cruzeiro, e espero ter muitos anos de vida para continuar servindo ao clube. Acho que ninguém que já foi presidente por dois mandatos deveria voltar porque é um negócio extremamente desgastante. Você perde no mínimo seis anos de proveito da sua vida particular para dedicar ao exclusivamente ao clube. Vocês sabem e acompanham a vida do Cruzeiro, não é só nesses seis anos que vou completar em dezembro, desde bem antes disso não consigo tirar férias, não consigo descansar. Uma pessoas que não consegue ter 15 dias de descanso por ano, ela se cansa muito, deixa de ter a mente leve. Os clubes cresceram demais e as estruturas dos clubes não acompanharam o suficiente para acompanhar o tamanho dos clubes.

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