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Operação Lava Jato esquenta bastidores da eleição presidencial do Cruzeiro

Enquanto time arranca bem no Brasileiro, bastidores da eleição pegam fogo por causa das ligações de candidatos e conselheiros com políticos envolvidos no escândalo de corrupção

postado em 27/05/2017 06:00 / atualizado em 27/05/2017 09:25

Montagem sobre fotos de EM/D.A. Press, Agência Senado e Cruzeiro/Divulgação
As eleições no Cruzeiro serão apenas no fim do ano (provavelmente em outubro ou novembro), mas o clima já está quente nos bastidores do clube. Apesar do bom início de campeonato da Raposa, os contatos entre lideranças, conselheiros e associados estão cada vez mais intensos, com muitas negociações. Para apimentar ainda mais as coisas, a crise política que assola o país acabou atingindo o Barro Preto.

Enquanto uma empresa da família de Zezé Perrella foi citada pela Polícia Federal como destinatária de R$ 2 milhões dados como propina pelo dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, ao senador Aécio Neves – que também é conselheiro do clube –, partidários do ex-presidente ligam o atual vice-presidente de futebol e provável candidato da situação, Bruno Vicintin, ao ex-presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba desde outubro de 2016 por ter recebido propina em contratos da Petrobras. Cunha foi condenado a 15 anos de prisão pelo juiz Sérgio Moro. A empresa da qual Vicintin é acionista fez doação de R$ 1 milhão ao deputado na campanha de 2014.

Tão logo teve seu nome citado, Zezé Perrella divulgou nota negando qualquer envolvimento em suposto esquema irregular. “Não conheço Joesley Batista. Nunca tive contato com ele, nem mesmo por telefone, ou com qualquer outra pessoa do Grupo JBS”, disse ele, que colocou à disposição os sigilos bancários da referida empresa e negou ter recebido qualquer valor.

Bruno Vicintin, que só poderá ser candidato se houver mudança no estatuto, garante nunca ter feito doação a qualquer candidato e/ou partido. “Uma das empresas das quais eu sou acionista fez doações para diversos políticos e partidos nas últimas eleições, como faz há pelo menos 15 anos por decisão de seu presidente, Ricardo Vicintin, meu pai. Isso nunca foi segredo para ninguém, já que todas as doações foram feitas de maneira legal, declaradas, com todos os impostos recolhidos”, afirmou.

O estatuto celeste veta candidatura de associados que tenham condenações pela Justiça, o que não é o caso de nenhum dos citados. Porém, a simples mistura do nome do clube com a crise política nacional já causa mal-estar entre lideranças históricas. “Essas acusações são ruins para a imagem do Cruzeiro. Se alguém fez algo, tem de pagar. E o clube tem de estar acima de tudo isso”, declarou o ex-presidente César Masci, que comandou o clube entre 1991 e 1994.

Correligionário do presidente Gilvan de Pinho Tavares, ele se coloca a favor da mudança no estatuto, ampliando o número de associados que podem concorrer à presidência. Atualmente, apenas conselheiros beneméritos ou natos, com no mínimo três mandatos completos e ininterruptos, podem pleitear a cabeça de chapa em uma eleição presidencial no clube.

A mudança beneficiaria diretamente Vicintin, mas Masci nega que apoie a alteração pensando no atual vice-presidente de futebol. “Queremos deixar o clube mais democrático. O Cruzeiro cresceu muito, precisa de mais gente participando de sua vida. Sou a favor, inclusive, de que os sócios-torcedores tenham direito de votar e serem votados”, disse o ex-presidente.

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