Cruzeiro
None

CRUZEIRO

Entrevista exclusiva: Itair Machado fala sobre retorno ao futebol, polêmicas, erros do passado e metas como gestor do Cruzeiro

Executivo de futebol da gestão do presidente eleito Wagner Pires de Sá concedeu entrevista ao Superesportes e passou planejamento a limpo

Leandro Couri/EM D.A Press

A última impressão deixada no Ipatinga Futebol Clube teve peso na rejeição inicial dos torcedores do Cruzeiro à nomeação do empresário de crédito consignado Itair Machado de Souza, de 45 anos, para ser o homem forte do futebol da gestão do presidente eleito Wagner Pires de Sá. O dirigente, por sua vez, está disposto a mostrar serviço para quebrar qualquer desconfiança. Suas primeiras missões foram prorrogar os contratos do goleiro Fábio e o técnico Mano Menezes. Teve sucesso em ambas. Agora, o executivo remunerado trabalha em várias frentes: manutenção de jogadores como Diogo Barbosa e Hudson, busca por reforços visando à Copa Libertadores de 2018, montagem do organograma da nova diretoria e contatos com empresários do futebol.

"Vou contribuir mais pelo relacionamento que eu tenho. E modéstia à parte, tenho um relacionamento muito bom no mercado nacional e internacional. E nesse período que fiquei afastado do Ipatinga, fiquei me atualizando no futebol mais como torcedor – quem está jogando bem, quem não está, etc. Acho importante você reconhecer isso aí. Vou contribuir para o Cruzeiro usando como lição o erro que tive no Ipatinga para que eu possa orientar o Wagner, dentro da presidência, a não cometer os mesmos erros", garantiu Itair Machado, em entrevista exclusiva ao Superesportes/Estado de Minas. Em bate-papo de mais de uma hora, ele explicou os motivos que o fizeram entrar em cena novamente no futebol, traçou projeto ambicioso para a Libertadores e, claro, respondeu sobre polêmicas.

RETORNO AO FUTEBOL, PROTESTOS NAS REDES SOCIAIS E POLÊMICAS


Em entrevista ao Superesportes em 2015, você dizia que não queria trabalhar mais com futebol. O que te fez mudar esse pensamento?

O que me motiva é achar que posso dar muito ao Cruzeiro. Comecei a ir a muitos jogos no Mineirão e vi que a torcida do Cruzeiro é apaixonante. Ela teve esses títulos, mas podem vir muito mais. E para o Cruzeiro ter sequência de títulos, é importante ter boa gestão de futebol. Quando falei isso aí (que não trabalharia mais no futebol), nem imaginei que me envolveria em campanha de futebol. Como sou muito amigo do Wagner – fizemos amizade no futebol quando tinha os jogos em Ipatinga, ele ia – e de vários conselheiros, fui convidado para coordenar a campanha. Aí você coordenando a campanha, a veia do futebol volta. Naquela vez eu estava quieto, trabalhando, nem estava assistindo aos jogos. Mas como me envolvi na campanha e nos jogos no Mineirão, me deu a vontade de fazer algo pelo Cruzeiro. Não farei como diretor de futebol, serei um gestor do futebol. No caso, eu contrato um diretor de futebol e monto uma estrutura para tocar o futebol do Cruzeiro. E eu acredito que, para a gente que é do futebol, é como andar de bicicleta: você fica anos sem andar de bicicleta, mas volta, pega a bicicleta e anda novamente. E hoje, para você ser bom no futebol, você precisa fazer o bê-a-bá [ou beabá]. Muitas das vezes a vaidade não deixa as pessoas do futebol fazer o beabá. Por incrível que pareça, o beabá até o torcedor do dia a dia fala o que é o beabá. Não que você tenha que ser torcedor, mas o segredo do futebol é você executar o beabá. Se você perguntar hoje qual função o Cruzeiro precisa, vai dar a maioria a mesma posição que o treinador precisa. Então, é fazer o beabá. O Mano concordou comigo que é difícil quem está no futebol fazer o beabá. Há a vaidade, as dificuldades do futebol. Então eu vim para o Cruzeiro para fazer o simples e o certo, que é o beabá. E fazer algo mais também no mercado. O Cruzeiro precisa agora pensar maior para ganhar uma Libertadores. Primeiro tem que disputar, tem que entrar na Libertadores, sentir a competição. Você descobre se será ou não campeão dentro da competição. As experiências que eu tive dentro do futebol – boas e ruins – vão me ajudar. Acredito que as experiências ruins vão me ajudar ainda mais no Cruzeiro.

Pelo tempo que está afastado do futebol, como pode contribuir para o crescimento do Cruzeiro?

Vou contribuir mais pelo relacionamento que eu tenho. E modéstia à parte, tenho um relacionamento muito bom no mercado nacional e internacional. E nesse período que fiquei afastado do Ipatinga, fiquei me atualizando no futebol mais como torcedor – quem está jogando bem, quem não está, etc. Acho importante você reconhecer isso aí. Vou contribuir para o Cruzeiro usando como lição o erro que tive no Ipatinga para que eu possa orientar o Wagner, dentro da presidência, a não cometer os mesmos erros. Queira ou não, administrar um clube com nove milhões de torcedores não é fácil. Há as pressões. Eu mesmo senti muita pressão depois que o Wagner seria eleito e falou que eu seria o gestor do futebol. Todo mundo falou que eu não ia conseguir renovar o contrato do Mano, o contrato foi renovado. Todo mundo achou que o Fábio ia para o São Paulo, ia sair, mas não foi. Nós renovamos. A gente acredita que todos os problemas que o Cruzeiro tem, com sabedoria e humildade, e reconhecendo os valores de cada um, vamos conseguir fazer o trabalho.

Leandro Couri/EM D.A Press

Quais foram os erros no Ipatinga?
 
Por questão de idade, não consegui fazer com que o Ipatinga fosse mais bem administrado internamente. Como sou um homem do futebol, eu joguei futebol, só queria ganhar título, não pensava em outra coisa. Quando comecei e falei que ia subir para a Série A (Módulo I do Mineiro) em um ano, todo mundo me chamou de doido, mas eu consegui. Quando subi para a Série A (Módulo I do Mineiro), falei que ia ganhar o campeonato. Em poucos anos ganhei (2005). Nós ganhamos o campeonato, pois tinha uma grande equipe por trás de mim. Fui ainda duas vezes vice-campeão mineiro (2006 e 2010) – não considero o de 2002, pois Cruzeiro, Atlético e América não estavam.

Como você lidou com a rejeição inicial dos torcedores nas redes sociais à sua contratação? Houve divulgação de dossiês com processos envolvendo seu nome e muita crítica. 

Até posso ter me expressado mal ao falar que tinha alguém de dentro do Cruzeiro criando uma milícia para me atacar. Mas se você pegar na internet 50 pessoas colocando que você é feio, mesmo se você for bonito, muita gente vai opinar que você é feio. Por que a rejeição diminuiu em 90%? Porque era mentira. A mentira vai embora. Todo mundo viu que era mentira. Você renovar contrato com Mano disputando com Palmeiras e Crefisa é muito difícil. E eu e o Wagner soubemos – tem o Hermínio também, que é o vice-presidente, que ajudou muito – fazer uma equipe de trabalho. A gente soube renovar. Com o Fábio, acho que foi fácil renovar porque falei a verdade. Não tive tanto mérito na renovação, pois ele queria ficar. Tive mais na do Mano, pois ele recebeu proposta grande. O Fábio teve proposta até de fora, mas queria ficar no Cruzeiro. Só não renovaria se fosse incompetente. A gente tem que falar a verdade. O Fábio é um jogador que tem que ser valorizado no Cruzeiro pela história que tem. Acredito que se não fosse ele há algum tempo, o Cruzeiro teria um gosto amargo de Série B de Brasileiro. Vamos trabalhar para isso jamais acontecer. Esse negócio de rede social, do mesmo jeito que quando é verdade, quando você é bandido, você é bandido. Se você cometer um ato bom, ninguém vai deixar de falar que você é bandido. Mas quando se planta mentira... igual aos casos dos meus processos. A gente reuniu com o presidente para criar a campanha, eu perguntei para ele: vamos dar uma de Duda Mendonça. O que eles vão falar de você e de mim para bater na gente? Ele respondeu: ‘Uai, Itair, tenho processo trabalhista da minha empresa. É a única coisa que tenho’. Eu respondi: ‘Eu também tenho. Mas não é meu, é do Ipatinga’. Se você entrar em todos os processos, tem lá que estou como espólio. Sou corresponsável. O Ipatinga não tem dinheiro, as pessoas tentaram receber e vieram até a mim. Eu ganhei 80% dos processos. Se essa moda pega, ninguém vai querer ser presidente do país. É importante divulgar, com todo respeito que tenho ao Alexandre Kalil, ao Daniel Nepomuceno, aos dirigentes do América, se bater os nomes deles lá, todos têm vários processos. Por que batem o meu nome, sendo que nem serei o presidente? Então você vê que foi uma coisa plantada. Não tenho nenhuma condenação nos meus processos. Todos que não ganhei estão em Brasília ainda, no Tribunal do TRT. E os outros eu estou ganhando no Tribunal de Minas Gerais, que é do lado do Estado de Minas. Então isso aí foi ruim. Eu tenho família, os parentes e as pessoas ficam lendo isso aí. Mas as pessoas que me conhecem sabem que eu não sou aquilo. As pessoas dentro do Cruzeiro têm que aprender uma coisa: eu tenho o apoio do Wagner e do conselheiro. O conselheiro sabe que vamos fazer o Cruzeiro maior que já é. O conselheiro sabe a pessoa que eu sou. Uma das coisas que não sou é mentiroso. Tudo que foi me perguntado da campanha, mesmo que era ruim, eu falei. O Cruzeiro deve? Deve. Está devendo na Fifa? Deve. Em momento algum a gente escondeu algo do conselheiro para ganhar voto. A relação nossa vai ser assim com a torcida, com a imprensa, uma relação de verdade em que a gente vai procurar fazer um bom trabalho. É pesado falar que vai disputar Mundial? Vamos trabalhar para isso. Será em 2018? Em 2019? Não sei. Mas vamos fazer um trabalho para o Cruzeiro continuar brigando por título. E uma das coisas importantíssimas que vamos fazer, que é meta do Wagner Pires, é colocar os melhores no lugar certo. Isso de modo geral dentro do Cruzeiro. É importante para o funcionamento do clube.


O blog do Paulinho publicou que o empresário Ângelo Pimentel vai comandar o Cruzeiro e já teria feito contatos em seu nome, inclusive com o empresário do Hudson. Existe alguma relação sua ou do Cruzeiro com esse empresário?

Como falei, eu não minto. Nunca vou mentir. O Ângelo Pimentel é um cara do meu convívio como todos os outros empresários. Sou uma pessoa de bom relacionamento. Uma das pessoas que é um dos meus melhores amigos é o Eduardo Uram. Por que eles não falam do Eduardo Uram? Eles pegaram o Ângelo Pimentel porque o Gilberto Silva (à época no América, em 1998) não veio para o Cruzeiro e alguns torcedores ainda se lembram disso e não gostam dele. Quem plantou as coisas da internet plantou as coisas do Ângelo Pimentel. Seja Ângelo Pimentel, seja qualquer empresário do Brasil e do mundo: se tiver o produto, se tiver o jogador para trazer que o treinador queira e se tiver proposta para tirar jogador do Cruzeiro, vai fazer negócio do Cruzeiro. Esse blog do Paulinho não é contra mim não. É contra o Kalil, é contra o América, é contra o Corinthians. O cara parece revoltado com a vida. E ele falou que eu estive envolvido em corrupção no futebol. Na época se falou que eu liguei para o Glaysson, goleiro do Villa Nova. O doutor Gilvan foi meu advogado. Eu quebrei meu sigilo telefônico para o Tribunal da Federação Mineira. Nunca liguei para esse cara. O que acontece muito no futebol é que quando você tem um jogo decisivo envolvendo time pequeno – no nível de Cruzeiro e clubes da Série A não acontece –, é um tal de um intermediário querer vender A, B ou C. Isso acontece. Tentaram fazer essa história do Glaysson goleiro. Na época, a diretoria do Villa tinha rivalidade com o Ipatinga, pois o Ipatinga estava bem à frente do Villa. O certo era o Villa ficar à frente do Ipatinga. Eu, por exemplo, se fosse presidente do Villa, teria firmado o clube na Série A, pois o time tem apoio em Belo Horizonte. O Ipatinga teve essa dificuldade da logística. O Villa, além de ser um clube protegido, tem uma grande torcida e é muito querido. Mas nunca houve isso. Jogador não se vende. Foi um folclore que criou, e se você bater na internet, não há nada contra mim nesse sentido. Isso não vai me afetar. Confio na minha competência e tenho respaldo do Wagner e dos vice-presidentes. Acredito que, juntos, vamos fazer uma grande administração no Cruzeiro.

Em outra pergunta, durante a entrevista, Itair voltou a mencionar Ângelo Pimentel.

A gente conversa diariamente com empresário. Não tem esse negócio de empresário A ou B. O Ângelo Pimentel não é bandido. Aqui em Minas Gerais todo mundo conhece o cara, sabe que é um cara íntegro. Não precisamos ter vergonha de falar que estamos negociando com A ou com B.

RELAÇÃO COM WAGNER PIRES, CHEGADA DE MARCELO DJIAN E ORGANOGRAMA DA DIRETORIA

 Cruzeiro/Divulgacao

 
Como foi sua participação na campanha do presidente eleito Wagner Pires de Sá? Há informação de que você chegou a investir dinheiro do seu bolso. 
 
Fui o coordenador da campanha. Tenho muitos amigos cruzeirenses e convidei vários a participarem captando votos e na parte financeira. Há muitos cruzeirenses que não são conselheiros e nem eram sócios, mas que envolveram no Cruzeiro, que hoje são sócios. Então a gente trouxe mais empresários para dentro do Cruzeiro. As pessoas ajudaram com dinheiro da campanha, a convencer e a apresentar o projeto. A maior vantagem que a gente teve na campanha do Wagner foi que a gente apresentou um projeto piloto e ouviu o conselheiro. Vocês da imprensa e os torcedores pensam no futebol. Mas o conselheiro é mais que o futebol. O conselheiro pensa no Cruzeiro, que não é só o futebol. É a vida social nos clubes, que tem o clube da campestre e do Barro Preto. A gente abriu essas propostas para que eles se apresentassem. A proposta da campanha foi a proposta do conselheiro, que queria mudança no Cruzeiro. A gente respeita muito o doutor Gilvan, um presidente que sai com dois títulos brasileiros, um da Copa do Brasil e um Campeonato Mineiro, mas o torcedor quer, e é o que vamos fazer agora também, é criar novos conselheiros do Cruzeiro para o futuro. Eu passei por isso no Ipatinga. É difícil fazer sucessor. Não adianta chegar e falar: ‘vou pegar você aqui e você vai administrar o Cruzeiro’. Para você administrar o Cruzeiro, o conselho tem que autorizar. Não adianta achar que A ou B é melhor.

Você se vê como presidente do Cruzeiro algum dia?

Não tenho essa intenção. Até porque, se tem uma coisa que aprendi no conselho do Cruzeiro e outras pessoas que ler ver essa matéria e tem que aprender, é que existe fila. É proibido furar fila. Brasileiro gosta de furar fila e lá no Conselho eles não aceitam. Vários conselheiros estão pedindo para mudar o Estatuto, eu sou sócio, para virar conselheiro para vir a ser presidente. Eu não tenho essa intenção. Eu quero sempre conviver no Conselho, lugar que fiz grandes amigos de verdade. Eu tenho vendido para eles a imagem de vir para o Cruzeiro, fiscalizar, ter o poder de fiscalização. Uma coisa que as duas chapas gostaram no discurso do Wagner foi esse discurso, queremos o cruzeirense, o conselheiro, fiscalizando o Cruzeiro. Queremos criar o Portal da Transparência, em que todos os negócios feitos na gestão Wagner Pires poderão ser acessados. É um trabalho bacana do Flamengo, que fez isso. O Cruzeiro, principalmente na era digital, o Wagner teve essa excelente ideia. Apresentei ao Wagner o Marco Antônio Lage, sugeri a contratação dele. O Wagner, como um cara sábio, ele não é vivido no futebol, é um torcedor como nós, mas tem um lado gestor, é economista, então acredito que essa dobradinha minha com ele, com o Marcelo Djian, que vai ser o diretor de futebol – o Wagner vai comunicar isso ao Klauss, porque vazou isso na imprensa e como a gente não tem que esconder as coisas, é um direito do presidente trocar a peça que ele acha que tem que trocar – acho que o Cruzeiro vai ter uma soma muito grande na era digital.

Como foram as negociações com o Marcelo Djian e porque a escolha por ele?
 
Instagram
Vocês acompanharam minha trajetória no Ipatinga, e eu sempre fui de apostar. Sempre fiz treinadores. Muita gente reclama das ações trabalhistas, mas precisamos lembrar o lado bom do Ipatinga. Colocamos muita gente rica, muito treinador rico, jogador e funcionário. É muita gente mesmo que ficou rica nas custas do Ipatinga. As pessoas precisam reconhecer isso. Esses clubes têm que ser valorizados. Quanto ao Djian, para ser um grande dirigente tem de ser um grande homem. E ele, quando defendia o Cruzeiro, teve atitude muito nobre. Em uma dividida com o Marlon, armador do Ipatinga, o adversário acabou quebrando a perna. Ele deu toda a assistência para o garoto, mostrou muita preocupação. Ali, vi que era um grande cara e fiz amizade com ele. Além disso, foi representante do Lyon-FRA. Então, esse negócio que o blog do Paulinho colocou que o Djian é do ex-presidente do Corinthians (Andrés Sánchez), que Marcelo Djian é empresário, não tem nada disso. O Marcelo é um cara rico, honesto e que sabe trabalhar com futebol. Foi representante do Lyon da França por muitos anos, uma espécie de manager do futebol. É um grande caráter. Tanto que os jogadores receberam o nome dele com grande alegria, sabe que é um parceiro. Todos nós estaremos ali para servir ao jogador, que, em troca, poderá dar alegria à torcida.

Qual vai ser o cargo do jornalista Marco Antônio Lage?

Vamos fazer a junção dos departamentos de comunicação, marketing e comercial e ele vai ser o responsável. E também junto com a tecnologia da informação. Ele é um cara altamente conhecido no mercado, já está atrás de grandes parceiro para o Cruzeiro. Esperamos respirar novos ares financeiros para aumentar nossa receita. Vamos ter orçamento profissional para o ano que vem. Temos tudo para termos sucesso. E para isso é importante que a torcida continue apoiando. Foi assim que a equipe foi campeã da Copa do Brasil. A torcida do Cruzeiro é muito forte e tem uma vantagem: ela vai a campo, mas não vaia antes, espera o resultado. Espero que ela continue sendo a força do clube.

Marcone Barbosa e Robson Pires vão continuar?

Sim. Robson vai continuar no comercial e será braço direito do Marco Antônio. E Marcone provavelmente será o assessor de imprensa do Cruzeiro.


SAÚDE FINANCEIRA DO CRUZEIRO E PARCEIROS DO CLUBE (INVESTIDORES)


O que o Cruzeiro tem para investir no futebol? Qual o dinheiro disponível para comprar jogador?

Não tem. O Cruzeiro vai terminar o ano, doutor Gilvan está trabalhando muito para poder terminar o ano em dia, futebol está difícil. Mas temos maneiras. No Ipatinga eu arrecadava R$600 mil por mês. É muito dinheiro para um clube do interior. Começou com R$20 mil. Tinha uma época que eu mesmo pagava tudo, pegava um cheque e pagava. Foi crescendo, crescendo e teve uma hora que não deu mais. E eu sempre soube que a hora do Ipatinga ia chegar, porque a cidade não comporta um time na Série A. Time é dinheiro. Você vê que o Atlético juntou um tanto de parceiro ajudando. O doutor Gilvan conseguiu fazer bons contratos, a Globo aumentou o valor. Time é dinheiro. Se você tem dinheiro, você tem time. A grande contratação do Marco Antônio Lage vai ajudar nisso aí também. Vamos precisar captar o dinheiro. O problema maior do Cruzeiro no ano que vem é que vamos fazer o orçamento. Vamos começar segunda-feira, agora, a fazer o orçamento. O Cruzeiro tem uma das principais receitas dos últimos anos, vai ser R$220 milhões aproximadamente, a previsão de receita do Cruzeiro. O problema do Cruzeiro não está no que entra, mas no que sai. O Wagner, como um economista, vai saber controlar essa torneira. Vamos fazer contratações. Estou aguardando o Mano, porque sou um dirigente que respeita o treinador. Vocês não vão me ver fazer alguma contratação sem consultar o Mano. E o Mano é um cara espetacular. Tenho certeza, pelas conversas que tivemos. Como vai funcionar? O Mano vai me passar os nomes que ele quer e eu vou dar os nomes que me foram oferecidos. E ele vai escolher o melhor para o Cruzeiro como o cara competente que é. Nunca quer dizer, também, que vai ser o nome dele. Vai ser o que tiver de melhor. Quem decide quem é o melhor é o treinador, por isso que ele recebe bem. O Mano é um treinador que, acredito, principalmente o perfil de jogo dele. O perfil de treinador do Mano, um e outros chamam ele de retranqueiro, mas o futebol você tem que trabalhar com a peça que você tem. O Mano jogou vários jogos sem atacante. O Alisson machucou nesses últimos jogos, não estava 100%, então o treinador sabe montar o time. O Mano é um treinador de verdade, podem ter certeza. Ele tem o domínio do que faz. Sempre dá certo? Não dá. Porque, se desse, a gente ia ganhar tudo. Mas ele sabe o que está fazendo.

Tem uma informação de que o Banco BMG vai ser o principal parceiro do Cruzeiro a partir de janeiro. Isso é verdade, essa proximidade existe?

Na verdade, sou muito amigo do pessoal do BMG. Trabalho com crédito consignado. Tenho uma confiança muito boa com eles. O torcedor precisa entender que todas as vezes que o Cruzeiro precisou do BMG, foi atendido. Nosso lateral-esquerdo é do BMG. Ele poderia sair agora, mas não vai sair. Ele vai ficar e o BMG tem interesse em jogadores que tem um mercado para frente para vender, o Mano indicar, e o BMG comprar junto com o Cruzeiro. Mas o BMG jorrar dinheiro no Cruzeiro é boato. A gente vai ter uma relação comercial que será bom para os dois. Quem dera se fizesse como é feito lá no Atlético (risos), pois ele (Ricardo Guimarães, dono do BMG e ex-presidente do Atlético) coloca dinheiro no clube assim como o Rubens Menin (proprietário da MRV). Mas eu sou testemunha de que o BMG sempre respeitou o Cruzeiro. Várias vezes que precisou de dinheiro, o Cruzeiro foi atendido.

Vocês poderiam ceder direitos econômicos de jogadores que estão hoje no Cruzeiro para contratar outro?

Não só com o BMG. Mas é uma das opções que temos para levantar recursos é vender percentual de algum jogador para, primeiro, manter nossos jogadores em dia. Esse é o segredo para ganhar campeonato: manter o salário dos jogadores em dia. Essa é a receita principal. Tenho muito orgulho de ter pagado em dia em 80% do meu tempo no Ipatinga. Os outros 20% o Ipatinga não conseguiu pagar em dia, gerou várias ações trabalhistas. Isso sim acaba com um clube e impede o treinador de ganhar competições. Eu acredito que vamos fazer boas contratações. O Cruzeiro vai ter um time forte no ano que vem.

Temos a informação que o BMG já está de olho em percentuais do Alisson e do Murilo. Procede? 

Se eles estiverem, bom demais (risos). Tenho uma reunião com ele para tratar do nosso lateral-esquerdo (Diogo Barbosa) para adquirir mais 25% e estender o prazo de empréstimo dele. Ele é do Coimbra, o clube do BMG, emprestado ao Cruzeiro. O Cruzeiro é dono de 25%.

O Cruzeiro tem no empresário Pedro Lourenço, dono da rede de supermercados BH, um grande parceiro. Você pretende manter isso?

É um relacionamento do presidente. Eu, como homem do futebol, não entrarei no mérito de patrocínios. O que posso dizer é que o Pedro é um grande cruzeirense. Ele patrocina o Atlético, o que está certo, pois vende os produtos dele para cruzeirenses, atleticanos, americanos. Acho que vai ser, em um futuro próximo, um grande presidente do Cruzeiro. Tem potencial para isso, foi convidado, mas não aceitou agora. Os conselheiros gostam dele. Não sou amigo dele, mas lá dentro do Cruzeiro é muito respeitado. Provavelmente ele deve ser presidente do Cruzeiro num futuro próximo.

PLANEJAMENTO DO FUTEBOL E SONHO DA LIBERTADORES


Passado um mês da eleição, o que já foi feito até o momento de planejamento para 2018?

Na verdade o que a gente detectou foi através da conversa com o Mano. Tive uma conversa com o Mano quando renovamos o contrato. Primeiramente, para renovar o contrato dos atletas, o treinador tem que autorizar, tem que dar o ok. O Mano deu o ok nos nomes, e a gente está priorizando primeiramente esses nomes no plantel. A prioridade que o Cruzeiro tem é valorizar e renovar os atletas do elenco. Aí o Mano vai me apresentar uma lista de reforços. Com certeza virá proposta para os jogadores do Cruzeiro. Aí vamos fazer uma avaliação de qual posição o Mano quer para reforço. Aí sim vamos ao mercado.

Vai ser necessário vender algum jogador?
 
Precisamos abaixar a folha salarial do Cruzeiro. Ela ainda está alta. Eu não tenho o valor certo, mas ela estava em R$13 milhões. Mas dizem que abaixou. Eu não tive tempo ainda de fazer essa soma. Mas alguns jogadores estão recebendo proposta e a gente só vai vender aquele jogador que o treinador entenda que não vai prejudicar muito tecnicamente o Cruzeiro. Cruzeiro precisa vender, mas você vai tirar A e tirar B. Só casado, que vai poder suprir aquela saída e trazer um retorno para o Cruzeiro. Nesse momento, é importante o Cruzeiro girar um dinheiro.

O Cruzeiro já acertou a permanência do volante Hudson?

Já conversei com o procurador do Hudson, que virá a Belo Horizonte na semana que vem. A gente vai fazer uma reunião com o presidente do São Paulo para viabilizar a permanência do Hudson. O torcedor quer, o Mano quer, a gente quer. Custa 1,5 milhão de euros, e o Hudson vai fazer 30 anos no ano que vem. É um jogador que depois, para vender, não tem um mercado de venda mais. Mas acredito que ele pode dar retorno técnico para a equipe. Temos que fazer o impossível para ele ficar.

O Cruzeiro tem um bom relacionamento com o São Paulo. Nosso advogado, o Fabiano, é muito amigo do presidente do São Paulo. O próprio doutor Gilvan tem relacionamento muito bom com o presidente do São Paulo. Não vejo muitas dificuldades de sentar com o São Paulo e resolver. Mas não adianta resolver com o São Paulo. Primeiro tem que resolver com o atleta, isso será feito na semana que vem com o procurador dele, com o qual já iniciamos as conversas.

Com a renovação de contrato por mais dois anos do goleiro Fábio, que é titular absoluto, a diretoria pensa em conversar com o Rafael – reserva há quase 10 anos – a respeito de um plano de carreira para que ele seja o herdeiro da posição no Cruzeiro?

Você não renova o contrato para ninguém ser titular. Nós renovamos o contrato, mas o Rafael está lá. O Fábio terminou o ano bem, para mim foi injustiça não ter sido eleito o melhor goleiro da Copa do Brasil, mas isso aí não é com a gente. E o Rafael pode jogar também. Com certeza o Mano que vai chamar. A gente tem essa alegria de ter dois grandes goleiros. Você pode fechar o olho e colocar um dos dois para jogar, não faz diferença. Eu chamo isso aí de problema bom para o treinador. Eu quero dar a ele (Mano Menezes) 22 problemas bons, que é um bom jogador por cada posição. Vamos conseguir agora? Não. Mas com o tempo, nosso planejamento é fazer o treinador ter dificuldade de escalar o time com esse problema bom. Ênio Andrade já dizia: ‘não fique com jogador ruim no grupo porque ele vai acabar jogando’. Eu sempre, dentro da minha modéstia, procuro propor para o treinador dois jogadores de nível por cada posição. Porque aí você consegue ter jogadores que o torcedor não terá preocupação em ver jogando.

Juarez Rodrigues/EM D.A Press

Haverá muitos empréstimos de jogadores em 2018?

Não me cabe vir a público e falar quem é o bom ou o ruim. Isso é uma função do treinador. Lógico que, dentro da questão de empréstimo, fiz uma proposta ao presidente e ele concordou. Aí vai até ao encontro com o que o Cruzeiro fez no passado, com retorno de venda de jogadores. O Cruzeiro não pode se dar ao luxo de pagar o jogador para outro clube. Nós temos que chamar o jogador e fazer uma negociação. Temos que chamar os jogadores que não vão jogar no Cruzeiro e deixa-lo seguir a vida. Agora, aquele que dará o retorno financeiro em outro clube, nós vamos estudar. Mas será o mínimo possível. O Cruzeiro, hoje, gasta entre 600 e 800 mil por mês pagando jogadores para outros clubes. Então precisamos contratar melhor. Vamos errar na contratação? Vamos. Mas tem que errar o menos possível. Tem que ser uma margem de erro pequena. Se você erra muito, começa a emprestar para não ter o elenco inchado e os clubes pedem para você pagar. Aí gera para o Cruzeiro mais de 10 milhões por ano em despesas de pagamento de atletas.

O Cruzeiro fará alguma parceria para ceder atletas que não serão aproveitados?

Conversei isso com o presidente. Não queremos ter parceria até pela questão financeira. O Cruzeiro não pode se dar esse luxo, pois estamos trabalhando com as coisas em dia, mas no limite. O Cruzeiro não pode ter custos. Primeiramente vamos ajeitar a casa. Amanhã ou depois, se um jogador novo que a gente entende que precisa dar uma rodada para depois voltar, aí sim pode usar esse artifício. O Cruzeiro teve 500 parcerias, só a do Ipatinga funcionou. O clube vendeu quase todos os jogadores do Ipatinga praticamente.

Como a Libertadores é prioridade, vocês pensam em montar um time B para disputar o Mineiro, como foi feito em 1997?

Isso quem decide é o Mano Menezes. Mas meu recado para ele é que queremos ser campeões do Mineiro. Vamos trabalhar para ser. O planejamento será do treinador, não adianta a gente querer entrar nessa área. O treinador está ali para ganhar também. Claro que em um jogo ou outro vamos usar os reservas, isso é óbvio, como já foi feito em outras vezes. Mas acredito muito que vai dar tudo certo, vamos fazer um grande Campeonato Mineiro, pois o Cruzeiro tem um bom plantel, tem jogadores que podem ser usados e nós vamos trabalhar essa transição melhor para que o jogador possa render mais.

O que falta para um clube brasileiro voltar a conquistar uma Copa Libertadores?

Falta o Cruzeiro disputar. Como estaremos no ano que vem, tem chance de um brasileiro voltar a ganhar. A camisa já provou que ganha título. Mas primeiro temos de entrar na competição. Não adianta ser favorito antes. Nosso trabalho será fazer um time bom e construir as condições de ser campeão dentro da competição.

RELAÇÃO COM A FEDERAÇÃO MINEIRA DE FUTEBOL


Como vai ser a relação com a presidência da FMF, que tem sido turbulenta?

Acho que houve mais um erro de comunicação entre o dr. Gilvan e a FMF. Conheço o Castellar (Guimarães Neto, atual presidente), que é atleticano – ninguém é perfeito –, mas é competentíssimo. É indiscutível o trabalho que vem sendo feito na Federação. A reeleição por aclamação foi mais que justa. Agora, não vai ter tratamento ruim com o Cruzeiro mais. O Cruzeiro vai respeitar a Federação e a Federação vai respeitar o Cruzeiro, independentemente do time que torce. Além do mais, Adriano Aro é americano, não torce pelo Atlético. Então, o torcedor pode ficar tranquilo. O Cruzeiro não vai ter problema aqui nem na CBF. E uma coisa você podem ter certeza, o clube vai voltar a ter voz nos bastidores, pode ter certeza. O Cruzeiro tem de voltar a ser respeitado fora de campo, isso não estava sendo feito. E acredito que temos de fazer o melhor para o futebol mineiro, em juntar Cruzeiro, Atlético e América, que está subindo para a Série A, para buscar o melhor para Minas. Agora, dentro de campo, temos de matar um ao outro na bola. Mas fora de campo, os paulistas e cariocas conseguem mais dinheiro, têm mais influência, melhores patrocínios. Temos de estar juntos para diminuir essa diferença. É justo Corinthians e Flamengo receberem mais? É. Mas não esse tanto que recebem.

ESTRUTURA FÍSICA DO CLUBE E CATEGORIAS DE BASE


Qual o projeto para a Toca da Raposa I e para as categorias de base?
 
Precisamos ter foco em revelar jogadores. A gente pretende fazer um trabalho na Toca da Raposa I, na base, o Mano aprovou a ideia. A gente vai revitalizar a Toca da Raposa II. Sempre tive esse sonho, primeiro de ter um grande clube com a base junto. Neste momento, não dá, porque teríamos que ter os dois CTs juntos. Aí a gente conversou sobre readaptações na Toca, dá para gente juntar os juniores para funcionar com o profissional. Joguei futebol. Não fui um craque, mas sei que o que mais atrapalha a revelar craque, que é o grande segredo do Santos, é a transição. Se você levar essa categoria para conviver diariamente com o profissional, com certeza, na hora da transição, o jogador não vai sentir, não vai pipocar. Tem que prepará-lo, ele precisa saber que vai ser usado.

Quais vão ser essas obras na prática?

Dar uma estruturada melhor no departamento médico, que é uma grande reclamação. Temos grandes profissionais, mas o Cruzeiro está ultrapassados em termos de equipamentos. Já fizemos orçamentos e vamos ter os melhores aparelhos, montar uma equipe médica muito boa, melhorar o que tem através da capacitação humana para ter o melhor departamento médico do Brasil. Não será amanhã, mas já vai iniciar em janeiro.

Vai haver mudança física? Há espaço para obras na Toca II?

Tem espaço. Pretendemos construir, dentro da Toca, outro hotel. O atual ficaria para a equipe júnior. Mas isso seria para o fim do ano que vem. Inicialmente, seria a melhoria das instalações da comissão técnica, a construção de um laboratório de 300 metros quadrados. Esse laboratório trabalha em prevenção de lesões.

Durante a campanha foi cogitada a possibilidade de construção de estádio de pequeno porte. Isso está nos planos?

O que tem é, no Barro Preto, fazer um shopping e o clube ser na parte superior. Mas teria de mudar a legislação de Belo Horizonte, para adequar altura de construção, então não sei se é viável. Mas ter um estádio na Toca da Raposa I, para 15 mil pessoas, acho viável. Mas seria coisa para o futuro. O Cruzeiro tem problemas mais urgentes para resolver.


Existe definição sobre quem subirá da base em 2018?

Vamos fazer uma reunião para começar a fazer as articulações de transição do jogador da base para o profissional. Com certeza, pelo fato de o Mineiro e a Libertadores estarem casadas, teremos de subir os jogadores que o Mano pedir. Será até bom, pois o jogador terá um espaço maior num campeonato tão importante quanto o Mineiro. O Campeonato Mineiro é um campeonato que eu respeito, pois já ganhei. O torcedor gosta de assistir ao Campeonato Mineiro.

RESUMO SOBRE ITAIR MACHADO NO FUTEBOL

Paranaense de Palmitópolis (distrito de Nova Aurora, a 567 quilômetros de Curitiba), Itair Machado chegou à cidade mineira de Ipatinga ainda criança, aos sete anos de idade. Na adolescência mudou-se para Belo Horizonte, onde tentou a sorte nas categorias de base de Cruzeiro e Atlético, no fim dos anos 80. Contudo, uma lesão no tornozelo com recomendação cirúrgica impediu que o então zagueiro continuasse em busca do sonho de se tornar profissional.

Mas o esporte continuou na veia. Em 1998, Itair fundou o Ipatinga Futebol Clube, do qual foi presidente durante quase 15 anos. E a ascensão foi meteórica: em 2005, o Tigre bateu o Cruzeiro em pleno Mineirão por 2 a 1 e conquistou seu único Campeonato Mineiro. Os bons resultados tiveram sequência com o terceiro lugar na Copa do Brasil de 2006 e o vice-campeonato da Série B de 2007.

Em seguida, porém, veio o pesadelo: o rebaixamento ao Módulo II do Estadual no mesmo ano em que a equipe seria lanterna da Série A do Brasileiro. O Ipatinga ainda viria a amargar subidas e descidas de divisões, mudanças de nome e sede (chegou a se chamar Betim) e exclusão da Série C por parte da CBF.

Quatro anos depois, o empresário estabelecido em Belo Horizonte reaparece no futebol, agora para conduzir em parceria com Wagner Pires de Sá as decisões de um clube com milhões de torcedores e receita estimada em mais de R$ 200 milhões em 2018. E a torcida do Cruzeiro, extasiada pela conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil em 2017, certamente cobrará gestão vencedora nos próximos anos.

Tags: Copa do Brasil Copa Libertadores entrevista exclusiva Itair Machado raposa cruzeiro seriea futnacional seriea interiormg