Na manhã desta sexta, a emissora de rádio espanhola Cadena SER publicou um vídeo na rede em que é possível ouvir partes do interrogatório de Josep Maria Bartomeu em fevereiro, em uma das primeiras audiências sobre o ‘caso Neymar’. À época no tribunal, o presidente azul-grená afirmou que a contratação do brasileiro foi um pedido de Tito Vilanova, ex-técnico do Barça e falecido ano passado, que desejou antecipar sua chegada, o que acabou encarecendo a negociação.
De acordo com as gravações da rádio espanhola, Bartomeu tentou se isentar da responsabilidade na sonegação de impostos atribuindo a Tito Vilanova a ação de contratar o jogador antes do prazo determinado, o que, segundo o presidente, acresceu 42 milhões de euros (cerca de R$ 147 mil) ao negócio.
“Falamos com nosso treinador, que à época era o Tito Vilanova, e ele pediu a mim e ao presidente (Sandro Rossell) se não podíamos adiantar em um ano a contratação do Neymar. Ele queria adiantar em 2013, ao invés de trazê-lo no verão de 2014. A intenção da família de Neymar era acertar a negociação depois do Mundial, mas a vontade do nosso treinador era antecipa-la e fizemos questão de atende-la”, falou Bartomeu ao juiz Pablo Ruz em fevereiro.
Creditando ao ex-presidente Sandro Rosell toda a responsabilidade pelas tratativas, já que “ele conhecia melhor o mercado brasileiro”, Bartomeu fez questão de esclarecer, na audiência, que tanto ele quanto Rosell não tinham acesso às contas do clube. “É preciso deixar claro que a diretoria do clube, o presidente e os vices, tem cargos institucionais. Não desempenhamos cargos executivos no clube, portanto, não temos ordens e nem códigos de acesso aos sistemas do clube. São cargos representativos, as contabilidades competem apenas aos cargos executivos”, alegou.
Após saber de vazamento, Bartomeu condena “má interpretação” das declarações
Horas após o vazamento dos áudios da audiência na rede, Bartomeu – que já teve a prisão pedida pelos fiscais do Ministério Público espanhol por conta de fraudes fiscais – fez questão de negar qualquer envolvimento de Tito Vilanova, que morreu em 2014 em decorrência de um câncer.
“É uma má interpretação com muita má intenção, eu diria. Não gosto que se aproveitem da memória nem do nome de Tito Vilanova. Diante do juiz eu disse somente a verdade, Tito não é responsável de nada. Os técnicos do Barcelona pediram Neymar em 2011 e Rosell começou a trabalhar em sua contratação. Em 2013, Vilanova pediu se podíamos adiantar a concentração em um ano e não se equivocou. O rendimento de Neymar tem sido espetacular”, esclareceu.
Com novas eleições presidenciais marcadas para o fim da temporada por decisão do presidente, que no início do ano decidiu antecipar o pleito, Bartomeu garante que convocará uma reunião extraordinária nos próximos dias com sócios e diretores do clube para explicar realmente o ocorrido.