Anselmo Ramon: de dúvida a herói

Para o atacante Anselmo Ramon, o jogo inaugural do Mineirão não poderia ser melhor. Sua escalação foi confirmada pelo técnico Marcelo Oliveira somente no vestiário. Mas ele acabou sendo decisivo na vitória do Cruzeiro por 2 a 1 sobre o Atlético, ontem, pelo Campeonato Mineiro. No primeiro gol, disputou a bola com Marcos Rocha, que acabou empurrando-a para as próprias redes. No segundo, fez um cruzamento preciso na cabeça de Dagoberto.

Antes de saber que o árbitro Cleisson Veloso Pereira havia mudado de opinião e considerado o gol contra, Anselmo Ramon comemorava ter entrado para a história do estádio como autor do primeiro gol: “É uma felicidade que não dá para explicar. Ter a oportunidade de estar na reinauguração do Mineirão e fazendo o primeiro gol. Sabia que Deus estava guardando algo para mim, depois do momento difícil que vivi”, comentou o atacante, referindo-se ao acidente de carro em que matou uma pessoa, nas férias na Bahia.

Sobre o lance, o atacante garantiu que tocou na bola. “Foi um lance muito rápido. Fechei no primeiro pau e senti algo pegando na minha cabeça. O importante é que estava ali, fui uma das pessoas que estavam provocando a bola para ela entrar”, descreveu.

O técnico Marcelo Oliveira revelou que optou por Anselmo Ramon por ele já estar acostumado a esse tipo de jogo, e o atacante não decepcionou. “É de arrepiar ver a nação cruzeirense gritando, ver no rosto de cada um a felicidade que estava proporcionando”, frisou o atacante celeste.

O técnico Marcelo Oliveira destacou a competitividade de sua equipe e lamentou a expulsão do volante Leandro Guerreiro: “Os verdadeiros heróis foram os jogadores. Foi um time competitivo que marcou muito. Se continuássemos com 11 até o fim, teríamos chances de fazer mais gols e selaríamos a vitória com um pouco menos de sofrimento no final”.

Para o técnico da Raposa, a vitória no clássico foi apenas o início de um trabalho: “Foi um bom começo sim, mas a equipe tende a melhorar, com mais entrosamento. Não podemos nos contentar só com isso”. Marcelo também viu erros na equipe e um deles foi a falha de marcação no gol atleticano.

O treinador garantiu que não sentiu um gostinho especial na vitória pelo seu passado no Atlético e pelo retrospecto no clássico: “A desconfiança inicial (da torcida) não foi pelo meu trabalho, mas sim pela rivalidade. A vitória foi importante por ser início de competição, não tem nada a ver com o passado”.

Outro destaque do clássico foi o atacante Dagoberto, que marcou o gol da vitória três minutos depois de entrar no lugar de Ricardo Goulart. “Ter a felicidade de fazer o gol é único, maravilhoso. Estou muito feliz por este início, que está sendo promissor. Mas ainda é muito cedo para tirarmos conclusões”, frisou o jogador, que também agradeceu o trabalho feito pela comissão técnica na pré-temporada.

Dagoberto destacou a união do elenco celeste: “O grupo é humilde, todos estão com muita vontade de conquistar algo este ano”. O jogador acredita que com três ou quatro jogos não só ele, mas toda a equipe estará nas condições ideais.