Futebol Nacional
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Quase no ponto

Torcedor que foi ao Mineirão encontrou um estádio mais preparado, embora ainda fossem detectados problemas. O tropeiro reapareceu, porém, sem o velho sabor

postado em 07/02/2013 08:16 / atualizado em 07/02/2013 08:27

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
O segundo dia de vida do Mineirão foi cercado pela curiosidade. Saber se os problemas ocorridos no domingo, dia da reinauguração – quando o Cruzeiro venceu o Atlético por 2 a 1 –, tinham sido resolvidos era até certo ponto mais atração que o próprio jogo entre a equipe celeste e o América-TO.

Quem chegou mais cedo não encontrou dificuldades em acessar o Gigante da Pampulha, situação bem diferente do caos vivido no dia do clássico. O trânsito rumo ao estádio foi tranquilo, tanto pela Avenida Carlos Luz (Catalão) quanto pela Antônio Carlos, até porque o fluxo de veículos foi bem menor. Dúvidas sobre o único estacionamento aberto ao público e falhas na sinalização foram obstáculos para o torcedor que deixou para se dirigir ao estádio de última hora.

Muita gente preferiu parar fora do estacionamento oficial. “O valor de R$ 30 é muito caro. Não existe um lugar em Belo Horizonte em que você paga tanto para estacionar no máximo por três horas”, reclamou Rodrigo Afonso Pires, 32 anos. Três horas antes de o jogo começar, flanelinhas já disputavam espaço na Avenida das Palmeiras. O administrador Junio Xavier, de 24 anos, até encontrou vaga com facilidade na rua, mas teve que lidar com o assédio de um dos guardadores que atuavam livremente, mesmo diante de policiais militares. “Concordei em pagar R$ 20 para ele só depois da partida. Ainda assim tenho medo de deixar o carro na rua. A cara deles é de ameaça”, reclamou.

Na Avenida Cel. Oscar Paschoal, próximo à portaria do Centro Esportivo Universitário (CEU) da UFMG, dois carros com placas de Betim e Vespasiano foram guinchados pela BHTrans depois de estacionar em ângulo de 45 graus – no local, só é permitido estacionar em fila. Cada veículo foi multado em R$ 85,13 (infração média, com perda de quatro pontos na carteira) e para retirá-los do pátio da BHTrans, no Bairro Esplanada (Região Leste de BH), os proprietários terão que desembolsar mais R$ 149 pelo reboque e R$ 29 por diária no pátio.

A segurança foi o argumento de quem preferiu pagar pelo estacionamento privado do Mineirão. “Hoje (quarta-feira) está bem melhor. No domingo, tentei por três horas e acabei parando perto da Usiminas e vindo a pé. Mas hoje consegui chegar”, contou Luiz Sérgio da Silva, de 60 anos.

Mas nem tudo era tranquilidade. No acesso do estacionamento para a esplanada, entre as escadarias, uma plataforma de ferro encharcada se tornou uma armadilha pela falta do antiderrapante. Além disso, uma brecha na lateral pela qual dá para passar uma perna coloca em risco os torcedores.

Nos portões, filas, pois muitos dos ingressos e cartões de sócio-torcedor não eram liberados. Uma das explicações foi a de que os cartões não passavam em qualquer catraca. “Eu vim de Montes Claros para conhecer o novo Mineirão, mas meu cartão não era reconhecido. Tive de tentar em seis catracas”, disse Miguel Milardi, de 58, aposentado, que estava com o filho Ather, de 15.

TROPEIRO Ver bares abertos foi um alívio para o torcedor. O tropeiro foi o mais procurado, embora não passe nem perto do prato típico mineiro, nem do que era vendido no estádio antigo. Feijão, farinha e torresmo. Sem lombo, sem couve e sem ovo. José Carlos Abdon da Silva, de 52 anos, a mulher, Fátima Sueli, 55, a filha, Izabella, 19, os amigos Carlos Castilho, 50, e Andréa Armond, 37, experimentaram. “É prazeroso, mas está bem aquém do que era”, destacou Castilho, que dizia que, apesar de a comida não ser nota 10, estava satisfeito por estar de volta ao Mineirão, aonde foi pela primeira vez em 1969.

Os telões também divertiram muita gente. Casais se beijavam ao serem filmados. Outra atração foi um show pirotécnico, que levou o torcedor ao delírio. No intervalo, um apagão atingiu o entorno do estádio. No campo não faltou luz graças ao uso de geradores de energia, mas setores como a esplanada, o estacionamento, parte das arquibancadas e corredores de circulação, onde ficam os bares, ficaram às escuras. Outro ponto negativo, que ocorreu no clássico e voltou a se repetir ontem: pedaços de concreto se descolaram do teto do Mineirão, atingindo algumas pessoas.

O QUE MUDOU NO SEGUNDO JOGO NO GIGANTE DA PAMPULHA

VENDA DE INGRESSOS
Fila, só para entrar
Dois postos de venda ainda funcionaram ontem, antes do jogo, um em cada lado do estádio. Não houve filas para comprar o bilhete, mas para entrar no estádio sim, pois as catracas não funcionavam a contento.

LUGARES MARCADOS
Ainda sem controle
A numeração não foi totalmente respeitada, no entanto, não houve problema, pois o estádio não estava cheio. Sem controle por funcionários para que fosse seguido o que estava no bilhete, muitos torcedores assentaram-se lado a lado, mesmo sem ter a entrada para o assento determinado.

TRÂNSITO

Retenção só na hora do jogo
O acesso ao estádio fluiu bem, exceto na entrada do estacionamento da Minas Arena (nível G2), onde houve retenção uma hora antes do jogo. Na esquina das avenidas Cel. Oscar Paschoal e C, a ausência de sinalização levou alguns motoristas a entrar na contramão.

FALTA DE ÁGUA
Bebida e comida à venda
Diferentemente do que ocorreu no clássico entre Cruzeiro e Atlético, domingo, não faltou água, nem nos bebedouros, nem nos bares, nem nos banheiros, que também estavam limpos e equipados com papel higiênico.

ESTACIONAMENTO
Vagas ainda insuficientes
A abertura de vagas no entorno facilitou o estacionamento apenas para quem chegou cedo. Depois das 19h30, já não havia lugares disponíveis. Flanelinhas pediam até R$ 20 em ruas próximas. Muita gente confundiu a única entrada do estacionamento da Minas Arena (nível G2).

BARES FECHADOS
Funcionando, mas com ressalvas
Vinte e cinco dos 58 bares funcionaram, a partir das 20h. Eram vendidos snacks (batata e nachos em saquinhos) e tropeiro. Alguns torcedores reclamaram da demora do atendimento. Na pizzaria, em vez da massa, só pão de queijo, pelo menos na primeira meia hora.