Futebol Nacional
None

INTERDIÇÃO

Prefeitura revela que teto deslocado fez Engenhão ser interditado

postado em 28/03/2013 08:00

A prefeitura do Rio de Janeiro e o consórcio responsável pela construção do Engenhão, formado pelas empresas Odebrecht e OAS, afirmaram nesta quarta-feira que a interdição do estádio olímpico João Havelange foi motivada pelo deslocamento da cobertura. Ao anunciar na última terça a decisão de interditar o estádio, o prefeito Eduardo Paes havia afirmado que os "problemas na cobertura" ofereciam risco aos torcedores. Segundo informou o consórcio, o deslocamento vem desde a inauguração do Engenhão para os Jogos Pan-Americanos de 2007, ao custo de R$ 380 milhões.

Somente agora, seis anos depois, prefeitura e consórcio têm pleno conhecimento do risco. Nesta quarta foi apresentado ao prefeito um relatório da empresa alemã SBP, "referência mundial em engenharia estrutural", como referiu o consórcio, que aponta o risco de "ruína" da cobertura (total ou parcial) em caso de ventos a 63 km/h, sob determinadas circunstâncias como altura e direção.

Nesta quarta, o engenheiro do consórcio Engenhão, Marcos Vidigal, afirmou que, desde 2007, não houve nenhum novo deslocamento na cobertura. Segundo ele, na época da construção, depois que fossem retiradas as escoras da cobertura, havia um deslocamento previsto. Mas este foi 50% maior que o esperado. O problema atinge a cobertura dos setores leste e oeste (lados do campo); norte e sul estão normais. Por causa do deslocamento, o estádio estava sendo monitorado desde a inauguração.

Logo após a conclusão da obra, o engenheiro responsável pelo projeto básico da cobertura, Flávio D'Alambert, emitiu parecer técnico garantindo a segurança da estrutura. "Porém, era preciso verificar o motivo do deslocamento e se o mesmo poderia comprometer a estrutura", informou o consórcio.

As construtoras, então, decidiram contratar em 2009 a empresa portuguesa Tal Projecto para uma segunda opinião. Os portugueses, que haviam acompanhado a montagem da cobertura, fizeram uma avaliação e recomendaram a interdição do estádio em dias de ventos a 115 km/h.

A prefeitura do Rio de Janeiro pediu esclarecimentos a D'Alambert, que respondeu: "A recomendação é completamente desnecessária", conforme consta em ofício enviado por ele à prefeitura em 2010. O engenheiro "lembrou", ainda, que de 2007 a 2010 a cidade já havia enfrentado diversas ocorrências de fortes ventos com rajadas acima de 130 km/h, "não se tendo qualquer registro de mau comportamento da estrutura da cobertura".

Para ter uma terceira opinião, o consórcio contratou, em 2010, a alemã SBP, que construiu uma maquete do estádio já com o deslocamento constatado após a conclusão da obra e a submeteu a um túnel de vento. "A SBP concluiu de forma definitiva que a estrutura do Engenhão deverá passar por intervenções preventivas", informou o consórcio à prefeitura nesta quarta, aconselhando a interdição. Logo depois, o prefeito se reuniu com os presidentes dos clubes e anunciou a medida. Nesta quarta, a reportagem ligou durante toda a tarde para D'Alambert, que não retornou.

SOLUÇÕES - Por ora, não há nenhuma. "Acabamos de receber o relatório indicando um problema sério, sem soluções. No máximo em 30 dias, queremos ter uma solução para o problema e vamos anunciar", prometeu o presidente da Empresa Municipal de Urbanização (RioUrbe), Armando Queiroga, que representou o prefeito Eduardo Paes na entrevista coletiva desta quarta. "Junto com o consórcio, vamos estudar a melhor medida para que o estádio fique o mínimo possível interditado", disse.

Ao contrário de Eduardo Paes, que no dia anterior contou ter sido informado pelo consórcio que se tratava de um problema "de projeto", Queiroga não quis "tirar conclusões precipitadas". Segundo ele, uma investigação será feita para saber a origem do problema. Se tiver sido no projeto, a prefeitura pode ter de arcar com a solução; na execução, caberá às construtoras, que assumiram de forma emergencial em 2005 depois que a Delta, que havia começado a obra, abandonou a construção do estádio.

Tags: futnacional