Futebol Nacional
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Chapéu à chilena

Empresário enche o Poços de Caldas de promessas, contrata jogadores conhecidos como Amaral e Finazzi, mas some do mapa. Atletas se dizem enganados e abandonam o barco

postado em 21/02/2013 08:57

Rodrigo Fonseca/Divulgação
A promessa, quase irresistível, era de um salário muito bom, benefícios de clube de Primeira Divisão, hotel cinco estrelas e um projeto interessante no Módulo II do Campeonato Mineiro’2013. Contudo, antes mesmo de o Poços de Caldas estrear na competição, contra o Social (perdeu por 4 a 1), na última segunda-feira, um dos principais reforços – o veterano volante Amaral – abandonou o time. No mesmo dia, ele foi anunciado como reforço do Itumbiara, de Goiás. Na terça-feira o técnico Cléber, ex-zagueiro da Seleção, pediu demissão. Ontem, foi a vez de o atacante Finazzi deixar o hotel em que estava hospedado.

A crise gerada pelas falsas promessas do empresário chileno Celestino del Carmen Villa Zapata levou o Poços de Caldas a perder as duas maiores estrelas no Estadual, obrigou o clube a arcar com uma dívida que pode superar os R$ 100 mil e, embora a diretoria não admita, resultou na saída do treinador. O pretenso investidor interessado em adquirir o clube assinou um pré-contrato com os dois jogadores, prometeu assumir despesas do clube, mas simplesmente sumiu do mapa.

Sem time até o ano passado, Amaral disse ter sido convencido pelo chileno a ir jogar na estância hidromineral, de cerca de 160 mil habitantes, no Sul de Minas. Três cheques de R$ 600 mil emitidos pelo empresário e que seriam usados para cobrir as despesas iniciais do Poços de Caldas voltaram. “Fomos enganados. Eu, a imprensa, a comissão técnica, os jogadores e a diretoria. Enganaram o bobo na casca do ovo. Ele (Zapata) me procurou, fui conversar com ele em um escritório chique em São Paulo e assinei um pré-contrato. Mas a figura sumiu, deixando todos na mão, inclusive a diretoria”, denunciou o volante, de 39 anos, ex-jogador de Palmeiras, Corinthians, Seleção Brasileira e Atlético, a uma rádio da cidade.

Para piorar o panorama, foi Cléber quem indicou a parceria com o chileno a Amaral. “Só aceitei ir para o Poços pois o Cléber, que foi meu companheiro de Palmeiras, me garantiu que o Celestino era uma pessoa séria. Eu queria um dinheiro na mão, não me deram nada e eu somente acertei em razão de o Cléber ter me garantido que era um negócio firme”, acrescentou Amaral.

Toda essa situação, por outro lado, poderia ter sido facilmente evitada se os dirigentes do Vulcão tivessem um mínimo de cuidado: uma simples pesquisa revela que Zapata acumula diversas ações judiciais, que vão da falta de pagamento de aluguéis a bloqueio de bens. O medo de que o time deixe de disputar o Módulo II fez até com que torcedores se mobilizassem em uma campanha de arrecadação de dinheiro por meio de uma emissora de rádio da de Poços de Caldas.

NADA DE PROCESSO
Apesar das dívidas pendentes – entre elas diárias em dois dos hotéis mais luxuosos da estância hidromineral –, a diretoria do clube garante que não abandonará o campeonato, nem irá atrás do pretenso investidor. “Estamos viabilizando o campeonato e assumindo toda a responsabilidade para continuar firme. E os jogadores que tinham contrato com o Zapata (Amaral e Finazzi) foram embora porque tinham salário muito alto, proposto pelo próprio empresário. Não vamos atrás dele, nem entraremos com ação na Justiça”, afirmou o vice-presidente, Mário Hortifrut. Segundo o cartola, a derrota na primeira rodada da competição foi o verdadeiro motivo que levou à saída de Cléber do time. “O Clebão saiu porque perdeu o jogo, a verdade é essa.”

Procurado pela reportagem, Zapata não atendeu os telefonemas. O próximo adversário do Vulcão será o Tricordiano, às 10h30 de domingo, em Guaxupé.