Futebol Nacional
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Simpático forasteiro

Clube que deixou Nova Serrana é bem recebido na terra do milho e promete assustar as duas equipes tradicionais da cidade, URT e Mamoré, entrando no meio da rivalidade

postado em 24/03/2013 08:47

Ramon Lisboa/EM/D.A Press
O futebol em Patos de Minas, considerada a Capital do Milho – a 415 quilômetros de Belo Horizonte –, sempre foi conhecido pela histórica rivalidade entre Mamoré e a União Recreativa dos Trabalhadores, a URT. Desde janeiro, porém, esta história tem mudado, depois da chegada de um inusitado forasteiro que, de quebra, trouxe o município de belas alamedas e economia pujante de volta ao Módulo I do Campeonato Mineiro. Mandante do jogo contra o Atlético, às 18h30 de hoje, no Estádio Bernardo Rubinger de Queiroz, pela sétima rodada do Campeonato Mineiro, o clube que antes se proclamava como Nacional de Nova Serrana ainda não conquistou o coração da torcida de sua nova casa – nem sequer tem torcida organizada –, embora com a ajuda e a promessa de apoio financeiro da prefeitura local garanta estar trabalhando em ritmo de jogo para poder chegar logo a um novo título: o de Nacional de Patos de Minas.

Esforços para que o clube, fundado em 2008, ainda em Coronel Fabriciano, se estabeleça na cidade não faltam. É o que sustenta o prefeito Pedro Lucas (PSD). O mandatário do município de cerca de 140 mil habitantes diz estar engajado numa forma de apoiar o clube financeiramente. Para isso, Lucas pretende repassar ao Nacional parte do valor arrecadado com o IPVA em Patos de Minas, distribuindo-o de forma igualitária também entre o Mamoré e a URT. Os dois grandes patrocinadores do Nacional, um banco e uma rede de supermercados, são sediados em Belo Horizonte. "O Nacional primeiro veio como uma surpresa, logo em seguida entendemos que ele deverá ficar entre as quatro maiores equipes de Minas Gerais. Para Patos de Minas isso é uma grande vitória, um benefício para o turismo, o lazer e o desenvolvimento econômico do município", enaltece o político.

Na avaliação do prefeito, o Búfalo, mascote da equipe, é visto com bons olhos, apesar de, segundo ele, "assustar" Mamoré e URT. "Mas isso é importante, porque dentro dessa realidade surge uma terceira via, mostrando que os outros dois clubes têm de correr atrás da bola. Espero que o Nacional permaneça na cidade, agora como Nacional de Patos de Minas."
A chance de que o time passe a ser conhecido dessa forma é um dos sonhos do presidente do Nacional, Amarildo Ribeiro. Segundo ele, a cidade não abraçou o clube de imediato, embora a adaptação e a estrutura como local de treinamento o tenham atendido bem. “A reação da torcida foi bem lenta por causa dos resultados ruins que tivemos no início da competição, mas, quando ela veio, a torcida passou a ir ao campo. No último jogo, contra o Tupi, por exemplo, tivemos um público de 630 pessoas. Não é um público grande, mas, para um time que joga ao lado de outros dois tradicionais, é satisfatório", aponta.
O volante Mancuso espera que a partir de hoje, já no jogo contra o Atlético, a torcida esteja mais presente nos jogos. "Estamos bem ambientados e gostando daqui. E, a partir disso, tomara que tenhamos bons resultados."

BOA RECEPÇÃO Na contramão do discurso do prefeito, a presença de um terceiro clube não incomoda. É o que garantem os dirigentes de Mamoré e URT. No caso do primeiro, a vinda do Nacional veio a somar: proporcionou a locação do Estádio Bernardo Rubinger de Queiroz. "Pela amizade que tínhamos já sabíamos da dificuldade do Nacional em conseguir um estádio. Vejo a presença deles aqui com bons olhos. O estádio foi locado a eles até 30 de maio para fazer dois treinamentos por semana, além das partidas do Mineiro. Manter um estádio é oneroso e o Módulo II tem uma receita pequena. A gente tem de fazer uma correria louca atrás do patrocínio de placas, embora sejamos o clube do interior de Minas com o maior número de sócios-torcedores, quase 2 mil", afirma o presidente do Mamoré, Adalberto Ribeiro, o Beto.

Se tudo sair conforme o planejado para as tradicionais equipes de Patos de Minas, ambas na disputa do Módulo II em 2013, todos poderão alcançar o Módulo I no próximo ano. A expectativa é do presidente do conselho deliberativo da URT, Sérgio Vita. “Achei a vinda do Nacional muito boa. Estamos no meio da competição e a pontuação está toda embolada. Diferentemente do nosso arquirival, não mudados de nome, nem de endereço. É muito gostosa essa rivalidade", ironiza. Enquanto o Mamoré ocupa a segunda posição da chave A do Módulo II, com 12 pontos, a URT aparece em terceiro, com a mesma pontuação. À frente de ambos está a Patrocinense, de Patrocínio, município distante apenas 66 quilômetros de Patos, também com 12. Um sinal de que, se tudo der certo e a bola rolar da forma esperada, a Capital do Milho também possa, quem sabe, se tornar a capital da bola do interior mineiro em breve.